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DATA DA PUBLICAÇÃO 23/07/2015 | Tecnologia
Partido na Argentina quer ''hackear a política'' com voto de cidadãos na web
Promessa é que políticos votem segundo opinião da população em fórum.

Software ligado ao partido permitiu criação de aplicativo para São Paulo.


Um novo partido na Argentina pretende usar a internet e as tecnologias colaborativas para aumentar a participação social nas questões das cidades. Fundado há três anos por um grupo de jovens programadores, o Partido de la Red tem uma única promessa: seus candidatos se comprometem a legislar de acordo com o que os cidadãos definirem em uma plataforma online, desenvolvida pelos próprios fundadores do partido.

A ideia é que, em vez de apenas eleger representantes a cada dois anos, os portenhos possam opinar sobre as propostas que tramitam na câmara de Buenos Aires e que a decisão deles seja levada à casa legislativa. Os projetos de lei são postados na plataforma, chamada DemocracyOS, onde os usuários discutem o que está em pauta e dão o seu voto.

“Como programadores, consideramos que cada sistema é hackeável em algum ponto. E a política não é uma exceção. A proposta do partido é hackear o sistema político”, diz ao G1 Santiago Siri, um dos fundadores do partido e o responsável pela programação do software livre. Santiago está em São Paulo para participar de um debate sobre a relação entre internet e democracia que será realizado nesta quinta-feira (23) no Centro Cultural São Paulo.

O Partido de la Red recebeu doações de ativistas locais e empreendedores da internet, e estreou nas eleições de 2013, quando teve 1,2% dos votos. Apesar de não ter eleito nenhum candidato, hoje o partido está presente em outras cidades argentinas e a plataforma chegou a outros países, como Chile, Índia e Brasil.

Sua campanha teve como símbolo um cavalo de troia – símbolo da Guerra de Troia, quando um grande cavalo de madeira levou guerreiros gregos ao território inimigo, e também de um programa que invade computadores.

“O deputado troiano não é um deputado qualquer, mas sim aquele pelo qual as vozes de todos são melhor representados, pelo fato de usar a tecnologia moderna”, diz Santiago, que é portenho, mas atualmente mora em São Francisco, perto do Vale do Silício, onde trabalha para aprimorar o software. “Nossa proposta não vai contra o sistema, mas permite construir um novo nível de representação, mais ágil e mais dinâmico”.

Para os criadores da plataforma, os eleitores estão preparados para participar na política da cidade desta maneira. No entanto, ainda é prematuro ampliar a influência da discussão online para níveis federais.

“No congresso federal, onde se debate questões que afetam a minoria, ainda temos que entender os prós e contras do sistema para poder proteger as minorias e fazer um debate mais maduro pela sociedade. Sabemos que há muita responsabilidade dessa forma de fazer política. Por isso começamos pelas cidades”, diz Santiago, que também defende o acesso à tecnologia como um direito universal.

Santiago e os ativistas do Partido de la Red trabalham com militantes que têm como bandeira a democracia direta e transparência pública, como os integrantes do Partido Pirata, criado em 2006 na Suécia. “Estamos abertos ao diálogo, sempre trocamos notas. Todos que entendemos a política dessa maneira estamos conectados em rede, colaborando e respondendo a tratar de inovar onde ninguém vai inovar: na política”, diz Santiago.

América Latina
As tecnologias de colaboração cidadã impactam primeiro e mais rapidamente as regiões onde há grande desigualdade e maior urgência por alternativas à maneira de se fazer política, como a América Latina, diz Santiago. Dois exemplos: a inflação na Argentina permitiu a rápida adesão ao bitcoin, moeda digital independente de um governo ou banco, e a falta de liberdade de expressão na Venezuela fez com que o país seja um dos que mais têm usuários no Twitter.

“Com a internet temos uma forma de nos vincular econômica e politicamente sem intermediação de nenhuma elite política, banqueira ou de nenhum tipo. Com esse poder nas mãos, literalmente porque é com um computador nas mãos que nos conectamos dessa maneira, não vejo razão para que não vejamos no século XXI a consolidação de uma superestrutura, como a rede, que rompe com todas as estruturas que temos. Na medida em que ela começa a transformar as instituições é inevitável que comecemos a exercer nossos hábitos democráticos cada vez mais no plano digital”, diz Santiago.

“Acho que as novas gerações, as gerações online, sem dúvida têm uma responsabilidade à medida que vai crescendo vai gerando uma mudança que não seja replicar ou repetir as mesmas formas das gerações que hoje estão no poder”, diz Santiago.

Eu Voto
A plataforma desenvolvida por Santiago começa a aparecer em outras cidades. Grupos em cerca de 20 países manifestaram a vontade de incorporar o software, que é livre e gratuito. No Brasil, a ferramenta foi base para a a criação do aplicativo Eu Voto, lançado em abril para a participação dos eleitores de São Paulo. Até agora o aplicativo conta com 715 usuários cadastrados e 11 projetos de lei que passaram pela curadoria dos organizadores e foram colocados em discussão.

Aqui ainda não há quem diga que seguirá a decisão da discussão online, mas vereadores da Câmara Municipal de São Paulo têm mostrado interesse. “É uma forma de alimentar o debate dentro da casa. A gente conversa com os vereadores [sobre as discussões do aplicativo] e inclusive muitos nos procuram para colocar os projetos lá. Isso fala um pouco do interesse deles”, diz o coordenador do Eu Voto, Ariel Kogan.

Para ele, a plataforma também ajuda a dar mais transparência aos eleitores sobre os projetos que são apresentados na Câmara e que nem sempre têm divulgação. “Fazemos uma curadoria dos projetos que poderiam ter grande impacto, sempre com o viés da sustentabilidade e da qualidade de vida na cidade”. Estão em discussão no Eu Voto, por exemplo, a criação do Parque Minhocão e a proibição de aplicativos como o Uber, que oferece transporte em carros particulares.

Por Marina Franco - G1, em São Paulo
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