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DATA DA PUBLICAÇÃO 28/09/2012 | Saúde e Ciência
Para médicos, faltam opções de drogas contra obesidade
Para médicos, faltam opções de drogas contra obesidade
Entre as novas exigências para receitar o remédio estão interromper o tratamento se o paciente não perder 2 kg em quatro semanas e relatar efeitos colaterais

Quase um ano após a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proibiu os inibidores de apetite do grupo das anfetaminas e restringiu a venda da sibutramina, médicos endocrinologistas se ressentem da falta de mais opções de tratamento para a obesidade.

"Tenho pacientes que voltaram a engordar e sentem muita falta dos remédios proibidos pela Anvisa [do grupo das anfetaminas] porque se davam muito bem com eles", diz o endocrinologista Alfredo Halpern.

Márcio Mancini, chefe do grupo de obesidade do Hospital das Clínicas da USP, afirma ter visto muitos pacientes no hospital que tinham uma boa resposta aos anorexígenos, sem efeitos colaterais. Com a proibição, porém, alguns ganharam muito peso e agora aguardam para fazer a cirurgia bariátrica no HC.

"Não há um remédio ideal para obesidade que sirva para todos. Uns respondem melhor a uma droga e uns se dão melhor com outra. A Anvisa prejudicou muito uma parcela de pacientes", afirma.

Alguns foram aos Estados Unidos para se consultar com médicos de lá e comprar os anfetamínicos, segundo Halpern. Diferentemente do Brasil, os EUA proibiram a sibutramina, mas vendem as drogas derivadas de anfetamina.

O uso de remédios "off label" (fora das indicações da bula) é outra opção encontrada pelos médicos.

Os endocrinologistas têm indicado drogas aprovadas para outras doenças mas que também provocam perda de peso, como o Victoza (para diabetes) e o topiramato (para enxaqueca).
Nesse caso, a prescrição fica por conta e risco do médico.

Outras medidas incluem prescrever o remédio orlistate (Xenical), que reduz a absorção de gordura e pode provocar diarreia, e recomendar mudança de hábitos.

Vendas

De acordo com o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, o número de receitas de sibutramina caiu 4% nos primeiros sete meses de restrições à droga. A quantidade total vendida caiu 34,5%. "A quantidade por receita diminuiu. Isso significa que há uma preocupação dos profissionais de cumprir os limites da resolução."

Entre as novas exigências para receitar o remédio estão interromper o tratamento se o paciente não perder 2 kg em quatro semanas e relatar efeitos colaterais. Desde a publicação da norma, em outubro do ano passado, a Anvisa recebeu 12 relatos de efeitos colaterais, seis deles graves.

Cerca de 2.000 relatórios encaminhados por farmácias ainda estão sendo analisados. Barbano diz que a decisão sobre manter ou não a sibutramina no mercado e sobre uma mudança na regra só sairá após essa análise.

Outra exigência da nova regra é que médico e paciente assinem um termo de responsabilidade. Ricardo Meirelles, ex-presidente da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), diz ter deixado de prescrever a sibutramina por não concordar com o documento.

"O termo é completamente impróprio, falseia informação. Diz que, em um estudo, houve 16% de aumento de risco de infarto entre quem usou o remédio, mas o risco absoluto é de 1,2%."
Barbano, da Anvisa, critica o que chama de "medicalização do problema da obesidade". "Precisamos mudar esse comportamento."

Para Marcos Tambascia, professor de endocrinologia da Unicamp, a decisão da Anvisa foi correta. "Os remédios criavam falsa expectativa de perda de peso sem esforços. Se o médico não vender a ideia de milagre, o paciente pode entender a importância de mudar o estilo de vida."

Por Mariana Versolato e Johanna Nublat - Folha de São Paulo
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