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No 5º aniversário do pontificado, papa diz que igreja pecou e está ferida
DATA DA PUBLICAÇÃO 19/04/2010 | Internacional
Papado de Bento 16 completa cinco anos em meio a escândalos
O papa Bento 16 completa nesta segunda-feira (19) cinco anos à frente da Igreja Católica, em meio a uma crise de imagem da instituição devido a escândalos de pedofilia e sem conseguir chegar nem perto do carisma de seu antecessor, João Paulo 2º.

A questão da pedofilia ganhou força no fim do ano passado, quando uma investigação apontou que, durante pelo menos 30 anos, a Igreja Católica da Irlanda encobriu abusos feitos por padres. A denúncia foi seguida de uma série de outras, que envolveram países tão diferentes quanto Chile, Austrália, Estados Unidos, Áustria e França.

A situação se agravou nos últimos meses quando suspeitas de encobrimento de casos de pedofilia envolveram o próprio papa. Ele foi acusado de ter aceitado a transferência, quando era bispo na Alemanha, de um padre acusado de pedofilia, que depois abusou de outras crianças. Outra acusação se refere à época em que ele estava à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, uma espécie de ministério e tribunal do Vaticano. O jornal americano The New York Times divulgou que o cardeal Joseph Ratzinger – futuro Bento 16 – deixou de punir nos anos 90 um religioso acusado de abusar de crianças surdas.

Segundo o Vaticano, o papa não sabia pessoalmente dos abusos cometidos pelo padre enviado à sua diocese na Alemanha e o processo contra o padre americano não seguiu em frente porque o acusado estava com uma doença terminal. Ele morreu meses depois do fim da ação.

O papa acabou publicando uma carta com desculpas a vítimas de abusos na Irlanda, e depois sua igreja lançou uma cartilha orientando que os casos fossem denunciados à Justiça comum. Além disso, os católicos mudaram a estratégia de responder às denúncias, que antes se baseava principalmente no silêncio.

As autoridades do Vaticano se esforçam para demonstrar que há má vontade e até discriminação na cobertura da imprensa e defendem que, mesmo antes de ser papa, Bento 16 era um dos líderes do combate à pedofilia na instituição que lidera, tendo chamado para seu tribunal, a partir de 2001, a responsabilidade de julgar abusos, o que cabia a outro setor do Vaticano.

Neste domingo (18), em visita a Malta, ao sul da Itália, Bento 16 disse que sua igreja foi ferida pelos pecados de seus membros. Ele se encontrou de forma privada com vítimas de abusos, tendo expressado, segundo um comunicado, vergonha e tristeza pelo sofrimento das vítimas. Uma das pessoas recebidas disse que Bento 16 chorou durante o encontro.

Tradição

Em cinco anos como líder da Igreja Católica, Bento 16, que completou 83 anos na última sexta-feira (16), também imprimiu outras marcas de sua atuação. Uma delas é a reaproximação com os membros mais tradicionalistas da Igreja Anglicana, separada da autoridade dos papas há mais de 450 anos.

Esse movimento ocorre em um momento de insatisfação dos tradicionalistas dessa corrente com medidas como a ordenação de mulheres e homossexuais como bispos anglicanos. Bento 16 aprovou uma norma que prevê a aceitação como padres católicos de padres anglicanos já casados, embora sua igreja não cogite abolir o celibato dos demais padres.

Com o mesmo objetivo de reunião dos cristãos, Bento 16 também permitiu a volta, opcional, da missa em latim, o que foi louvado por tradicionalistas católicos, mas causou mal-estar e divisão em alguns setores mais liberais de sua igreja, que acusam seu líder de ter esvaziado de conteúdo o Concílio Vaticano 2º, que introduziu nos anos 60 várias medidas de modernização.

A posição conservadora já era uma de suas características ao longo dos anos como auxiliar de João Paulo 2º, período em que manteve uma produção intelectual voltada a defender a mensagem da Igreja.

Bento 16 também teve sucesso em criar novos laços com as igrejas ortodoxas, o que se manifestou em reuniões com o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu 1º. Porém, apesar de ter melhorado a relação com a Igreja Ortodoxa Russa, ainda é difícil uma visita do papa a Moscou, o que seria um acontecimento histórico. Os ortodoxos russos seguem olhando com receio para Roma e acusam o Vaticano de se expandir para territórios que tradicionalmente estiveram sob seu controle.

Enquanto seus textos continuaram, de forma geral, sendo louvados pela clareza e elegância –especialmente a primeira encíclica, Deus Caritas Est (Deus é Amor)– muitas declarações de Bento 16 causaram reações negativas de grupos de judeus, muçulmanos, indígenas, além de um conjunto de minorias nos países cristãos.

Esses episódios foram seguidos de tentativas do Vaticano de esclarecer as palavras do papa, em um sinal do que é percebido por analistas como um problema de comunicação, além da dificuldade inerente à própria mensagem de Bento 16, que busca o diálogo ao mesmo tempo em que não abandona o princípio de que as doutrinas da Igreja são absolutamente verdadeiras, à luz da fé e da razão.

Sem o apelo diante das câmeras de seu carismático antecessor, Bento 16, enfrenta, além dos escândalos que abalam a igreja, o desafio de defender uma mensagem que se choca em inúmeros pontos com as atitudes modernas e de expressar melhor essa mensagem em textos longos, em uma época de imagens e comunicação instantânea.

Por R7, com agências internacionais
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