NOTÍCIA ANTERIOR
Pedágios vão aumentar na semana que vem
PRÓXIMA NOTÍCIA
Após protestos, SP volta a pagar R$ 3 no transporte público nesta segunda
DATA DA PUBLICAÇÃO 24/06/2013 | Geral
País pode estar diante de conflito de desigualdade, analisa Singer
País pode estar diante de conflito de desigualdade, analisa Singer Para analista, Brasil presencia movimento de massas mais importante desde o impeachment de Collor. Foto: Rodrigo Pinto
Para analista, Brasil presencia movimento de massas mais importante desde o impeachment de Collor. Foto: Rodrigo Pinto
“Houve avanços, mas ainda estamos no final da lista. O reflexo disso está nas ruas”, afirma professor da Universidade de S. Paulo

Para o professor André Singer, do Departamento de Ciências Políticas da USP (Universidade de São Paulo), o País pode estar à beira de um novo ciclo de conflito relacionado à distribuição de renda. De acordo com ele, quem tem ido para as ruas é de fato a classe média, mas as manifestações contam também com uma nova classe trabalhadora, incorporada recentemente ao mercado, ainda em empregos precários, de baixa remuneração, e sujeitos à rotatividade.

São pessoas que querem mais investimentos sociais, observa, enquanto o Estado, sob impacto da crise internacional, recebe pressões para cortar gastos. “Éramos até pouco tempo atrás o País mais desigual do mundo. Houve avanços, mas ainda estamos no final da lista. O reflexo disso está nas ruas”, disse Singer, que participou nesta semana de plenária da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

O analista acredita que o Brasil presencia o movimento de massas mais importante desde o impeachment de Fernando Collor, em 1992, e que caminha para se tornar o mais significativo desde a campanha das Diretas Já, em 1984. O que acontece agora também pode ser interpretado como uma reação ao que ele chama de processo de burocratização das organizações. Nesse sentido, o professor dirigiu-se aos metalúrgicos para alertar sobre os riscos de uma possível excessiva institucionalização que poderia atingir o movimento sindical. “A base precisar estar sempre atenta.”

ALIANÇA DE CLASSES

Singer avalia que a aliança de governo formada em 2003 foi não apenas política, mas de classes. Ele entende, porém, que o período de “milagre do lulismo” acabou em 2008, mas isso não foi percebido imediatamente. “O que não se viu é que a crise ia se estender no tempo, sem horizonte claro para terminar. Ao não terminar, está batendo na economia brasileira e nas condições que propiciaram o milagre. Esses movimentos são de fato heterogêneos, mas acho que há uma direção: querem mais gasto público, mais gasto social.”

Milagre do lulismo promoveu transferência de renda

E o que foi esse milagre do lulismo? De acordo com o professor André Singer, consistiu em realizar mudanças no País sem ruptura nem confronto com o capital, mantendo uma política econômica “neoliberal” e ao mesmo tempo promovendo aumentos expressivos do salário mínimo e uma transferência de renda a níveis nunca vistos, além de aumentar o crédito, melhorando de forma expressiva as condições da “camada de baixo” da pirâmide social. “O problema brasileiro é que até pouco tempo atrás metade da população não estava incluída nas condições mínimas, com carteira assinada, por exemplo. Estava fora da luta de classes.”

O Brasil também foi favorecido por uma conjuntura econômica mundial que mudou, para melhor, exatamente em 2003, incluindo valorização das commodities, o que fez dobrar o valor das exportações brasileiras. “Um elemento de sorte, complementado pelo que Maquiavel chamou de virtú”, observou Singer. “O presidente Lula soube muito bem aproveitar as circunstâncias.”

O professor acredita que a presidente Dilma Rousseff tomou medidas corajosas, como estimular uma política de redução de juros, comprar uma briga com os bancos pela diminuição do spread e alterar as regras de remuneração da poupança, no que ele chama de “ensaio de desenvolvimento”. Mas a falta de investimento atual pode indicar, de acordo com o professor, “os limites do pacto de classes” promovido no início do governo Lula.

Agora, ouve-se o “apito da panela de pressão”, expressão usada há tempos nos protestos estudantis. “É possível que a gente esteja na beirada de um novo ciclo de conflito distributivo.”

André Singer não vê risco de golpe, como um metalúrgico chegou a perguntar, mas observou que as pessoas têm de se manter atentas para defender a democracia. “Foi uma conquista muito árdua e intensa, sobretudo para a classe trabalhadora.”

Por Vitor Nuzzi,da Rede Brasil Atual - ABCD Maior
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Gerais - Clique Aqui
As últimas | Geral
25/09/2018 | Golpe do ''motoboy'' é o crime da moda
25/09/2018 | Há quatro meses faltam medicamentos no SUS
25/09/2018 | Redução de pressão de água é eficaz, mas exige medidas, diz professor
As mais lidas de Geral
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7712 dias no ar.