DATA DA PUBLICAÇÃO 07/07/2014 | Esportes
Padrão Fifa gera reclamação; excesso de feriados também
Foto: Claudinei Plaza/DGABC
Funcionários da Arena Fonte Nova e comerciantes das proximidades do estádio não cansaram de elogiar a Copa do Mundo em Salvador, mas essas opiniões não ecoam em toda a capital baiana. Moradores e alguns outros tipos de vendedores, como os ambulantes, reclamaram da realização do Mundial por toda burocracia e rigor impostos pela Fifa.
A fim de privilegiar os patrocinadores oficiais do evento, a entidade gestora do futebol mundial acabou tomando certas atitudes que irritaram os comerciantes citados, que garantem: os turistas também se sentiram incomodados com tantas regras.
“Nos sentimos encurralados, porque não nos deixaram trabalhar no nosso lugar. Inclusive, tivemos de vender produtos que eles escolheram a preços muito caros. É o padrão Fifa. Não podíamos nem circular”, reclamou a ambulante Maria Estela Castro, 41. “Foi ruim para nós, porque nosso público está acostumado a beber cervejas, refrigerantes e águas de outras marcas, a preços mais acessíveis”, emendou.
Sobre os turistas, a vendedora repassou uma reclamação. “Eles queriam se sentir mais à vontade. Os alemães, por exemplo, gostavam de beber sentados. Mas não deixavam a gente instalar cadeiras ou mesas, sob ameaça de recolherem nossa mercadoria caso a gente colocasse. Não podíamos sequer vender petiscos, espetinhos, acarajés”, reclamou.
Dona de um salão de cabelereiros próximo à arena, Taise Fiaes, 29, passeava ontem com o filho Heitor, de apenas 1 ano, aliviada com o fim da Copa. “O impacto financeiro para a gente foi horroroso, mudou toda nossa rotina”, explicou, citando os diversos feriados decretados por conta dos jogos.
Morador vê decepção de 1950 se repetir
O Estádio Octávio Mangabeira, mais tarde conhecido mundialmente como Fonte Nova, foi planejado para sediar a Copa do Mundo de 1950. No entanto, como não ficou pronto a tempo, acabou não recebendo jogos daquele torneio, sendo inaugurado apenas no ano seguinte e frustrando muita gente. Apesar de ter apenas dois anos na época, o aposentado Valter Moreira, 67 anos, que mora bem em frente da agora toda modernizada arena, reproduz o que ouviu sobre aquela ausência da capital baiana.
“Todos ficaram muito decepcionados, porque a Copa atrai muitas oportunidades”, explicou. No entanto, 64 anos depois, quis o destino que a casa do Bahia recebesse o Mundial. Mas o que deveria ser motivo de alegria para o torcedor, que tem linda visão da praça esportiva, não lhe trouxe sorrisos.
“Ainda bem que acabou”, bradou. Questionado sobre o legado, não relutou. “O que vai deixar? Muitas dívidas!”, continuou. “Ficamos privados de uma série de coisas, como sair de casa, porque interditaram todas as vias em volta e não tinha transporte. Deixaram um panfleto dizendo que não poderíamos pintar a casa com nenhum tipo de marca, sujeitos à multa. Mais um pouco tiravam até meus passarinhos”, brincou, em tom de deboche. “É a Fifa quem está mandando no País".
Por outro lado, Moreira não fez apenas críticas. Apesar de chateado por não ter conseguido ou ganhado nenhum ingresso – “não se lembraram dos moradores” – ele elogiou a organização do evento. “Quando tem Ba-Vi aqui (clássico entre Bahia x Vitória) é um sufoco, uma muvuca. Então essa parte eu admirei”, elogiou. “E só tivemos jogões. A melhor capital, nesse sentido, foi aqui”, encerrou.
A fim de privilegiar os patrocinadores oficiais do evento, a entidade gestora do futebol mundial acabou tomando certas atitudes que irritaram os comerciantes citados, que garantem: os turistas também se sentiram incomodados com tantas regras.
“Nos sentimos encurralados, porque não nos deixaram trabalhar no nosso lugar. Inclusive, tivemos de vender produtos que eles escolheram a preços muito caros. É o padrão Fifa. Não podíamos nem circular”, reclamou a ambulante Maria Estela Castro, 41. “Foi ruim para nós, porque nosso público está acostumado a beber cervejas, refrigerantes e águas de outras marcas, a preços mais acessíveis”, emendou.
Sobre os turistas, a vendedora repassou uma reclamação. “Eles queriam se sentir mais à vontade. Os alemães, por exemplo, gostavam de beber sentados. Mas não deixavam a gente instalar cadeiras ou mesas, sob ameaça de recolherem nossa mercadoria caso a gente colocasse. Não podíamos sequer vender petiscos, espetinhos, acarajés”, reclamou.
Dona de um salão de cabelereiros próximo à arena, Taise Fiaes, 29, passeava ontem com o filho Heitor, de apenas 1 ano, aliviada com o fim da Copa. “O impacto financeiro para a gente foi horroroso, mudou toda nossa rotina”, explicou, citando os diversos feriados decretados por conta dos jogos.
Morador vê decepção de 1950 se repetir
O Estádio Octávio Mangabeira, mais tarde conhecido mundialmente como Fonte Nova, foi planejado para sediar a Copa do Mundo de 1950. No entanto, como não ficou pronto a tempo, acabou não recebendo jogos daquele torneio, sendo inaugurado apenas no ano seguinte e frustrando muita gente. Apesar de ter apenas dois anos na época, o aposentado Valter Moreira, 67 anos, que mora bem em frente da agora toda modernizada arena, reproduz o que ouviu sobre aquela ausência da capital baiana.
“Todos ficaram muito decepcionados, porque a Copa atrai muitas oportunidades”, explicou. No entanto, 64 anos depois, quis o destino que a casa do Bahia recebesse o Mundial. Mas o que deveria ser motivo de alegria para o torcedor, que tem linda visão da praça esportiva, não lhe trouxe sorrisos.
“Ainda bem que acabou”, bradou. Questionado sobre o legado, não relutou. “O que vai deixar? Muitas dívidas!”, continuou. “Ficamos privados de uma série de coisas, como sair de casa, porque interditaram todas as vias em volta e não tinha transporte. Deixaram um panfleto dizendo que não poderíamos pintar a casa com nenhum tipo de marca, sujeitos à multa. Mais um pouco tiravam até meus passarinhos”, brincou, em tom de deboche. “É a Fifa quem está mandando no País".
Por outro lado, Moreira não fez apenas críticas. Apesar de chateado por não ter conseguido ou ganhado nenhum ingresso – “não se lembraram dos moradores” – ele elogiou a organização do evento. “Quando tem Ba-Vi aqui (clássico entre Bahia x Vitória) é um sufoco, uma muvuca. Então essa parte eu admirei”, elogiou. “E só tivemos jogões. A melhor capital, nesse sentido, foi aqui”, encerrou.
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