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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/04/2012 | Saúde e Ciência
Pacientes em reabilitação pulmonar superam limites no Guarujá
Pacientes em reabilitação pulmonar superam limites no Guarujá Teste de caminhada de 6 minutos
Teste de caminhada de 6 minutos
Com aulas de surf e banhos de mar, atividade terapêutica mostrou que doenças como asma e enfisema não devem excluir pacientes do convívio social

O Setor de Reabilitação Pulmonar da Faculdade de Medicina do ABC organizou em 13 de abril último viagem ao Guarujá, no litoral paulista, para 35 pacientes em tratamento. A atividade teve tanto cunho terapêutico quanto de socialização. “Boa parte dos pacientes não vai à praia há muitos anos. A falta de ar e a dificuldade em realizar tarefas simples fazem com que se isolem em casa, com medo de passar mal e dar trabalho”, explica a fisioterapeuta responsável pela Reabilitação Pulmonar da FMABC, Selma Denis Squassoni, que acrescenta: “A experiência mostrou aos pacientes que podem sair e conviver normalmente em sociedade. Também buscamos estimular para que não abandonem o tratamento e tenham cada vez mais autonomia e qualidade de vida”.

É o caso de Clóvis Conselheiro, de 75 anos, que fumou por quase meio século e desenvolveu enfisema pulmonar: “Estou em tratamento de reabilitação pulmonar há um ano, pois sentia muita falta de ar para realizar qualquer atividade, inclusive coisas muito simples do dia a dia. Há pelo menos 5 anos não ia à praia e essa ideia foi muito bem vinda. Com o tratamento, hoje me sinto melhor e mais confiante. Ainda tenho alguma dificuldade em subidas, mas, devagarzinho, hoje sei que posso chegar longe”, conta o paciente.

O ônibus saiu da FMABC, em Santo André (SP), às 7h e chegou à praia da Enseada por volta das 9h45. Estrutura com guarda-sóis e cadeiras já estava montada, mas foi pouco utilizada. Supervisionados pelos profissionais da Faculdade, os pacientes não pensaram duas vezes e ao pisar na areia logo correram para o mar. Enquanto alguns se divertiam na água e outros caminhavam pela praia, os mais “radicais” optaram pelas aulas de surf. Com apoio dos professores Eduardo da Silveira e Robert de Souza, aprenderam a como se portar dentro da água e os movimentos necessários para ficar em pé na prancha. O ponto alto foi quando o primeiro aluno, Waldemiro Antonio da Silva, entrou no mar e, em poucos minutos conseguiu ficar em pé. Aos 57 anos, o paciente-surfista foi aplaudido por todos que assistiam da praia sua primeira investida no esporte: “Já tinha visto pessoas surfando e até tive vontade, mas nunca apareceu uma oportunidade. Jamais imaginei que fazendo tratamento pulmonar teria essa chance de vir à praia e surfar. É um ótimo exercício, que puxa bem a respiração quando temos que remar, subir e equilibrar. Agora que aprendi, virei mais à casa da minha cunhada aqui no litoral para praticar”, planeja Waldemiro da Silva, que é paciente da Reabilitação Pulmonar desde 2010 em decorrência de asma grave.

Mas a viagem não foi só diversão. Tanto no trajeto de ida como na volta, a equipe da Pneumologia aferiu a oxigenação no sangue de todos os pacientes a cada 30 minutos. O objetivo é comparar e verificar possível melhora conforma a aproximação com o nível do mar. O teste é chamado de oximetria e mede a saturação do oxigênio no sangue. “Quanto maior o índice, melhor a capacidade pulmonar”, explica a educadora física Luciene Bortolassi, que além de acompanhar os pacientes, não resistiu e também se arriscou como surfista.

Na areia, um a um os pacientes foram chamados para testes de caminhada de 6 minutos. Os resultados serão comparados com testes realizados de rotina na Medicina ABC. “O relato dos pacientes é de que na praia andaram mais e com mais facilidade. Vamos comparar os números para confirmar essa impressão”, revela a fisioterapeuta Selma Squassoni, que completa: “Antes da viagem também aplicamos questionário padronizado sobre ansiedade e depressão. Repetiremos após o passeio, a fim de avaliar melhoras na qualidade de vida”.

Segundo o professor Titular de Pneumologia da FMABC, Dr. Elie Fiss, a viagem serviu para mostrar que não há limites para esses pacientes: “Os problemas pulmonares fazem com que muitos pacientes desanimem e não queiram sair de casa. Acham que vão dar trabalho à família e deixam de acreditar na própria capacidade para realizar atividades simples e prazerosas do dia a dia”, explica o docente, que aconselha: “Ter enfisema, asma ou DPOC não impede ninguém de fazer nada. Eu sempre digo isso aos pacientes e agora eles viram na prática. Uma semana antes da viagem, um chegou para mim e disse que não iria, pois só consegue caminhar 200 metros e precisa parar para descansar. Eu respondi: 200 metros? O senhor é um dos melhores! E ele foi ao Guarujá e viu que realmente consegue. Foi uma ótima experiência, que além da parte terapêutica, certamente injetou ânimo e aumentou a autoestima desses pacientes”.

Diversão e superação: De acordo com a fisioterapeuta Selma Denis Squassoni, a maioria dos pacientes atendidos no setor apresenta muito cansaço, fraqueza muscular, sedentarismo e falta de ar. “Com o trabalho contínuo de reabilitação percebemos melhora de até 30% da força muscular, de qualidade de vida e independência. Os pacientes aprendem a respirar melhor, praticam exercícios e passam a desenvolver atividades diárias com mais disposição e facilidade”, garante a coordenadora da Reabilitação Pulmonar.

É o caso de Expedito Carvalho Rodrigues, que mesmo após um AVC (acidente vascular cerebral) e um infarto, não deixou de ir ao Guarujá com a equipe da FMABC: “Estar aqui é um milagre. Comecei a fumar aos 13 anos e parei com quase 40. Tenho enfisema pulmonar e sinto muita falta de ar. É um incômodo muito grande e eu já não tinha mais ânimo pra nada. Comecei na Reabilitação Pulmonar em novembro de 2011 e já me sinto muito melhor. Agora eu saio mais e voltei a ter vontade de fazer as coisas. A disposição é outra”, revela Expedito, que aos 70 anos conteve a alegria após subir na prancha e surfar pela primeira vez.

Aos 63 anos, Maria do Socorro da Silva era uma das mais empolgadas. Há 18 anos sem ir à praia, nadou e brincou no mar como uma criança: “Foi maravilhoso. Nunca imaginei vir à praia com o pessoal do tratamento. Foi muito gostoso”, revelou a paciente, que há 4 anos faz reabilitação em decorrência de bronquite asmática.

Os 35 pacientes foram monitorados pelas fisioterapeutas Selma Squassoni e Nadine Machado, pela educadora física Luciene Bortolassi, pela técnica em função pulmonar Regina Alves de Paiva, pelas secretárias Aline Nanci e Fernanda Leis, além da estagiária em Terapia Ocupacional Juliana Oliveira. Também acompanharam a viagem os médicos Elie Fiss, Monica Lapa e Fred Kenji Wada. Nutricionista da FMABC, Juliana da Silva Bueno preparou cardápio saudável com lanches, barras de cereais, frutas e suco. A ação contou com apoio da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) - Campus Guarujá.

A atividade terapêutica no Guarujá não teve custos aos pacientes, que retornaram ao campus às 14h. Maria Aparecida Horácio da Silva aprovou a iniciativa. Com 60 anos, a paciente teve bronquite quando criança, o problema se agravou e tornou-se crônico. Diagnosticada com DPOC, passou a ter muita dificuldade para caminhar e realizar trabalhos domésticos. “Estou há 2 anos em tratamento na Reabilitação Pulmonar da Faculdade e me sinto bem melhor. Há uns 6 anos eu não via o mar e a viagem faz bem, ajuda no tratamento. Sei que meu problema não tem cura, então qualquer coisa que venha para melhorar já anima”, garante Maria Aparecida.

Referência em assistência: Inaugurada em 2001 pela disciplina de Pneumologia, a Reabilitação Pulmonar da Medicina ABC realiza cerca de 1.000 atendimentos mensais. O local é destinado principalmente a adultos e idosos portadores de doenças como bronquite crônica, enfisema pulmonar, DPOC, asma e outras patologias pulmonares. “Temos pacientes que chegam em cadeira de rodas e depois de alguns meses de tratamento passaram a vir sozinhos e andando”, cita o professor Titular de Pneumologia da FMABC, Dr. Elie Fiss.

Os atendimentos ocorrem de segunda a sexta-feira. As sessões de exercícios duram uma hora e os grupos frequentam o espaço duas ou três vezes por semana, segundo a necessidade dos integrantes. Os pacientes têm atividades em bicicleta ergométrica, de alongamento, para fortalecimento de membros superiores e inferiores, de reeducação postural e palestras educativas, entre outras. “A partir dos 50 anos, as doenças pulmonares tornam-se mais relevantes e muitos necessitam da reabilitação pulmonar para que o problema não se agrave. Com três meses de tratamento o paciente é reavaliado, podendo ter alta a partir de seis meses”, acrescenta Selma Squassoni.

Por Informações à Imprensa com Eduardo Nascimento - Comunicação Fundação do ABC
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