DATA DA PUBLICAÇÃO 26/03/2012 | Veículos
Oficinas ameaçam boicotar seguradoras
O mecânico Jose Miguel da Silva, 47, conserta um carro na oficina Dikar, em Sao Bernardo do Campo (SP). Foto: Gabo Morales/Folhapress
A partir de abril, o reparo de carros que se envolveram em acidentes deverá demorar ainda mais. As oficinas filiadas ao Sinderepa-SP (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios) pretendem limitar o atendimento às seguradoras, em protesto contra o atual sistema de vistoria.
O problema começou há cerca de três anos, com a adoção do processo informatizado de vistoria, que dispensa a visita de um profissional da seguradora para verificar o estado do carro. O método agiliza o reparo, mas aumenta os custos para as oficinas.
"Os reparadores pagam pela instalação do software e contratam funcionários para lidar com o sistema. Os gastos aumentam, mas há seguradoras que não reajustam suas tabelas de remuneração há mais de cinco anos. Tentamos conversar, mas não houve acordo. Por isso, pretendemos deixar de usar o sistema", diz Antônio Fiola, presidente do Sindirepa-SP.
Dessa forma, as seguradoras terão de voltar a enviar vistoriadores às oficinas.
Atraso na entrega
Pelos cálculos do sindicato, a suspensão da vistoria eletrônica aumentará em três dias, no mínimo, o tempo de reparo do veículo. Hoje, os carros acidentados ficam, em média, dez dias na oficina.
"Para manter o sistema de software, preciso desembolsar cerca de R$ 2.000 por mês para ter os dois programas que existem no mercado, Audatex e Órion. E há ainda o salário do orçamentista [R$ 3.000], que precisa ter conhecimentos de mecânica e informática", diz José Nogueira dos Santos, proprietário da oficina Dikar.
De acordo com o Sindirepa-SP, 80% do faturamento das mais de 600 oficinas de funilaria e pintura do Estado de São Paulo que possuem o sistema de vistoria eletrônica vêm dos serviços executados em veículos com seguro.
Os reparadores também se queixam de falhas na atualização dos sistemas. Segundo as oficinas ouvidas, carros recém-lançados demoram a constar nos softwares, o que atrasa a liberação das peças para o conserto. É o que está acontecendo com a aposentada Rita Bonifácio Silva, 54. Seu Palio Essence 2012 está parado desde o dia 18 de fevereiro, à espera de componentes.
As seguradoras consultadas pela Folha afirmam que os softwares são atualizados com frequência.
"Nosso sistema já foi avaliado pelas oficinas, que o consideram adequado para a gestão do trabalho. Quando há um lançamento, assim que a montadora disponibiliza a lista de peças com os respectivos códigos, o software é atualizado", diz Júlio Melo, ouvidor da Porto Seguro.
Outro lado
As seguradoras ouvidas afirmam que a informatização do processo é uma evolução. Para a SulAmérica, as oficinas que compõe sua rede referenciada reduzem custos ao investir em tecnologia.
Por meio de um comunicado, a Bradesco Auto disse que negocia sistematicamente suas condições comerciais com as oficinas credenciadas.
Já a Audatex, empresa que produz um dos softwares, informou que o sistema foi bem avaliado pelas oficinas, que o consideram adequado para os trabalhos de reparo.
O problema começou há cerca de três anos, com a adoção do processo informatizado de vistoria, que dispensa a visita de um profissional da seguradora para verificar o estado do carro. O método agiliza o reparo, mas aumenta os custos para as oficinas.
"Os reparadores pagam pela instalação do software e contratam funcionários para lidar com o sistema. Os gastos aumentam, mas há seguradoras que não reajustam suas tabelas de remuneração há mais de cinco anos. Tentamos conversar, mas não houve acordo. Por isso, pretendemos deixar de usar o sistema", diz Antônio Fiola, presidente do Sindirepa-SP.
Dessa forma, as seguradoras terão de voltar a enviar vistoriadores às oficinas.
Atraso na entrega
Pelos cálculos do sindicato, a suspensão da vistoria eletrônica aumentará em três dias, no mínimo, o tempo de reparo do veículo. Hoje, os carros acidentados ficam, em média, dez dias na oficina.
"Para manter o sistema de software, preciso desembolsar cerca de R$ 2.000 por mês para ter os dois programas que existem no mercado, Audatex e Órion. E há ainda o salário do orçamentista [R$ 3.000], que precisa ter conhecimentos de mecânica e informática", diz José Nogueira dos Santos, proprietário da oficina Dikar.
De acordo com o Sindirepa-SP, 80% do faturamento das mais de 600 oficinas de funilaria e pintura do Estado de São Paulo que possuem o sistema de vistoria eletrônica vêm dos serviços executados em veículos com seguro.
Os reparadores também se queixam de falhas na atualização dos sistemas. Segundo as oficinas ouvidas, carros recém-lançados demoram a constar nos softwares, o que atrasa a liberação das peças para o conserto. É o que está acontecendo com a aposentada Rita Bonifácio Silva, 54. Seu Palio Essence 2012 está parado desde o dia 18 de fevereiro, à espera de componentes.
As seguradoras consultadas pela Folha afirmam que os softwares são atualizados com frequência.
"Nosso sistema já foi avaliado pelas oficinas, que o consideram adequado para a gestão do trabalho. Quando há um lançamento, assim que a montadora disponibiliza a lista de peças com os respectivos códigos, o software é atualizado", diz Júlio Melo, ouvidor da Porto Seguro.
Outro lado
As seguradoras ouvidas afirmam que a informatização do processo é uma evolução. Para a SulAmérica, as oficinas que compõe sua rede referenciada reduzem custos ao investir em tecnologia.
Por meio de um comunicado, a Bradesco Auto disse que negocia sistematicamente suas condições comerciais com as oficinas credenciadas.
Já a Audatex, empresa que produz um dos softwares, informou que o sistema foi bem avaliado pelas oficinas, que o consideram adequado para os trabalhos de reparo.
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