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DATA DA PUBLICAÇÃO 25/05/2015 | Economia
Número de indústrias na região cai 33% de 2010 a 2013
Número de indústrias na região cai 33% de 2010 a 2013 Foto: Marina Brandão/DGABC
Foto: Marina Brandão/DGABC
Hoje é o Dia da Indústria. Mas, para muitos empresários do ramo no Grande ABC, não há o que comemorar. As dificuldades de competitividade estão fazendo grande número de fábricas fecharem as portas. É o que aponta levantamento do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo): houve redução de 33% em estabelecimentos industriais entre 2010 e 2013 na região: caindo de 8.788 para 5.887, com decréscimo de rendimento médio mensal dos empregados de 10% no período (de R$ 3.283,69 para R$ 2.947).

As fabricantes também vêm perdendo participação em número de empresas, postos de trabalho e na contribuição para o PIB (Produto Interno Bruto, ou seja, a geração de riqueza produzida) no Grande ABC, aponta outro estudo, do Observatório Econômico da Universidade Metodista.

O levantamento, que tem como base os dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho, mostra que a quantidade de indústrias representava 19% do total das companhias abertas em 1990, percentual que caiu para 15,7% em 2005 e atingiu 13,5% há dois anos, com a disseminação de comércios e estabelecimentos de serviços.

Entretanto, pela Rais (que computa só estabelecimentos formais registrados e tem critérios diferentes dos adotados pelo Ciesp) o número absoluto não teve retração: em 2005 havia 5.393 fabricantes na região e, em 2013, 6.443. Já o setor de serviços saltou de cerca de 14 mil (40,8% do total há dez anos) para 20 mil (42,8%) dois anos atrás.

O estudo do Observatório mostra ainda que, em 2013, os empregos industriais representavam 31% das vagas existentes nos sete municípios, menos que os 35% de 2005 e muito abaixo dos 55% de 1990.

Os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego – que contém informações mensais de demissões e admissões – revelam que o ritmo dos cortes na indústria vem aumentando. No acumulado de 12 meses, foram 16.709 dispensas, o equivalente a 46 por dia. No primeiro quadrimestre deste ano, foram 5.570 desligamentos – mesma média diária, de 46. Entretanto, em maio foram 2.139 trabalhadores com contrato rescindido no setor, ou 71 por dia.

Em todos os períodos de tempo analisados, a indústria apresenta maior peso no total de demissões. Dos 3.838 postos de trabalho fechados na região em abril, os industriários representaram 55,7%. No ano, a fatia é de 61,4%, e, em 12 meses, de 78,4%. As cidades com mais cortes no setor foram São Bernardo e Diadema, que apresentam forte característica industrial.

O coordenador do Observatório Econômico, Sandro Maskio, cita que, se na década de 1990 houve um processo de reestruturação produtiva global, em que as empresas terceirizaram muitas atividades, mais recentemente, nesta década, o processo de desindustrialização tem ocorrido por vários fatores, como o câmbio pouco competitivo ao longo de muitos anos e infraestrutura deficiente. Neste ano, a situação foi agravada por elevações de insumos, crédito mais caro, queda da renda e desemprego.

O cenário é crítico para a indústria brasileira, aponta o vice-presidente do Ciesp, Fausto Cestari Filho. “Falta uma política industrial clara e transparente. (O governo) Não tem visão de longo prazo, não tem perspectiva”, diz.

MANIFESTO - O Ciesp Santo André vai lançar amanhã um manifesto à sociedade e ao governo para mostrar que o setor produtivo nacional está de “luto”. “A indústria está sendo dizimada e, em vez de o governo apresentar socorro, a receita para tratar o paciente é aumentar tributo e restringir o crédito. São ações de execução da dívida, aumento de matéria-prima e de taxa de juros”, diz o diretor titular da regional andreense, Emanuel Teixeira.

Empresas buscam diversificação

Em tempos de crise, uma das alternativas buscadas pelas pequenas indústrias da região é a diversificação dos negócios. Projeto para orientar os empresários do setor é desenvolvido pela Associação das Empresas Metalmecânicas do Grande ABC, com o apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo e do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

Chamada de Design Estratégico, Raio X Tecnológico Empresarial, a iniciativa, de 12 meses de duração, foi lançada em outubro, com aporte de R$ 200 mil do governo estadual e outros R$ 58 mil de contrapartida de 27 empresas participantes. A primeira fase terminou neste mês. O objetivo é mostrar que existe potencial para o desenvolvimento de produtos em outras áreas, não somente o setor automotivo, que ainda é o forte de grande parte das metalmecânicas do Grande ABC.

Por meio de visitas às fabricantes, os técnicos do Senai concluíram a etapa de identificação de oportunidades de melhoria, como a necessidade de estimular os colaboradores a sugerirem inovações e a carência das empresas em engenharia e desenvolvimento de projetos. O próximo passo é criar pesquisa para vislumbrar potenciais nichos de mercado que essas fábricas poderiam explorar, em grupo ou sozinhas, com o que elas já têm de tecnologia.

Para os participantes, o programa é bem-vindo, mas chega até com atraso, por causa do cenário adverso. O empresário Fábio de Gerone, da Santo André Distribuidora Industrial, cita que a “água bateu no pescoço” e hoje a diversificação é uma necessidade, por causa da falta de encomendas ao setor automotivo. Sua empresa encolheu 50% nos últimos dois anos: passou de 150 funcionários para 75.

Muitas outras vivem situação semelhante. Klaus Dieter Schnur, da Blitz Projetos Especiais, de Ribeirão Pires, diz que sua empresa, que também fornecia para montadoras e contava com 170 colaboradores há dois anos, hoje só tem 90. “Estamos apostando nesse programa; já atendemos a Marinha e a área de petróleo e gás e podemos voltar nossa estrutura também para as áreas moveleira, náutica e outras”, avalia.

Senai ainda registra alta procura

Apesar da crise no setor produtivo, as escolas do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) ainda registram alta procura por cursos técnicos na região. As vagas mais concorridas são para habilitação em mecatrônica (20,25 candidatos por vaga), mecânica (12,75), eletroeletrônica (12,72) e automação industrial (10,75).

Na média entre todos os cursos das cinco escolas do Senai do Grande ABC que admitem via processo seletivo, o primeiro semestre deste ano registrou demanda de 8,66 candidatos por vaga, ante oito nos seis primeiros meses de 2014 e 6,28 no mesmo período de 2013. Não há prova para admissão na unidade localizada dentro da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo. Na escola situada na planta da Mercedes-Benz, na mesma cidade, há vestibulinho apenas para o curso de aprendizagem.

Apesar de a concorrência ter aumentado, houve diminuição na oferta de vagas, de 574, em 2013, para 353 neste ano (queda de 38,5%). A procura também apresentou redução, mas em ritmo menor, caindo de 3.609 para 3.060 interessados (15,2% a menos). A taxa de ocupação dos concluintes no mercado de trabalho foi de 78,8% em 2011, subindo para 79,2% em 2012. Em 2013, o índice recuou para 72%. Ainda não há dados disponíveis sobre 2014, pois a pesquisa é feita um ano depois da formação.

Aluno do curso de Plásticos no Senai Mário Amato, em São Bernardo, Antônio Braz da Silva Júnior, 31 anos, já vê evolução na carreira desde que iniciou as aulas, na metade de 2013. “Eu já trabalhava na indústria havia dez anos e precisava de capacitação. Desde então, saí da empresa por opção e já entrei em outra, onde fui promovido duas vezes”, ressalta.

A estudante Andressa Trotsiuk Ferreira, 18, frequenta aulas na mesma unidade e garante que, mesmo diante da crise, a capacitação técnica para a indústria é positiva. “Estamos diante de um cenário negativo para o setor neste ano. Mas, quando houver retomada do crescimento, estarei à frente dos meus concorrentes devido à qualificação.” Ela já faz planos para o futuro: quer cursar faculdade de engenharia química ou de materiais.

Por Leone Farias e Fabio Munhoz - Diário do Grande ABC
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