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DATA DA PUBLICAÇÃO 12/01/2012 | Setecidades
Novo traçado do Rodoanel Leste destrói mais o meio ambiente
Novo traçado do Rodoanel Leste destrói mais o meio ambiente   Margarete resiste. De 70 casas antigas da Vila, sete apenas restaram. Foto de Andris Bovo
Margarete resiste. De 70 casas antigas da Vila, sete apenas restaram. Foto de Andris Bovo
Mudança do trajeto barateia a obra, mas aumenta desmatamento em Ribeirão Pires

A alteração de 600 metros do traçado do trecho Leste do Rodoanel barateou a obra e trará mais impactos ambientais ao ABCD. O trajeto passaria pela gruta Santa Luzia, em Mauá, e foi mudado para a pedreira de Santa Clara, em Ribeirão Pires.

O parecer técnico da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) sobre o EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) do empreendimento mostra que a escolha acarretará mais 3,2 hectares de desmatamento, o equivalente a três campos de futebol, em um município que está 100% inserido em área de manancial e, portanto, protegido por leis ambientais.

Após pressão popular para proteção das nascentes do rio Tamanduateí, na gruta de Mauá, e do lençol freático da área, a pedreira Santa Clara foi escolhida pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e aprovada pela Cetesb para abrigar o túnel Santa Luzia, de 1.110 metros de extensão. Além de escavações que irão retirar cerca de 820 mil toneladas de pedra e terra, a construção envolverá um total de 720 detonações, 45 mil m³ de concreto e 950 toneladas de aço. O lançamento da obra foi realizado em dezembro de 2011 e contou com a presença do governador Geraldo Alckmin.

Barateamento

Para ambientalistas e defensores do patrimônio histórico de Ribeirão Pires, uma vez que a pedreira de Santa Clara possui a mesma importância ambiental, cultural e histórica da gruta, a alteração do trajeto do trecho Leste do Rodoanel não está vinculada à preservação do meio ambiente, mas sim ao barateamento da obra. “Eles escolheram o traçado com menor custo, sem se importar com as questões ambientais ou sociais envolvidas”, criticou o ambientalista José Soares da Silva.

Com a mudança, a SPMar, concessionária responsável por administrar o trecho Sul e construir o trecho Leste do Rodoanel, economizará o dinheiro de 75 desapropriações. Se o trajeto passasse pela gruta Santa Luzia, a empresa teria de fazer 88 desapropriações, mas com a escolha da pedreira apenas 13 desapropriações serão necessárias. Apesar disso, a SPMar nega que a mudança trouxe economia ao empreendimento. De acordo com a empresa, o traçado do trecho Leste foi definido pela Dersa e aprovado pela Cetesb antes mesmo do processo de licitação do qual foi vencedora.

Impacto

O parecer técnico da Cetesb admite que a área da pedreira Santa Clara apresenta impactos ambientais equivalentes aos da gruta Santa Luzia. Além do aumento do desmatamento, estão previstos impactos nas águas subterrâneas, como o rebaixamento do lençol freático, que poderá afetar a vitalidade da vegetação, assim como as mudanças de curso ou assoreamento das nascentes. “Ali há vários cursos d’água que contribuem para formação do ribeirão Pires, que abastece a Billings”, destacou Soares.

Vila Operária teve 63 casas demolidas

O EIA/Rima também não faz referência à vila operária, fundada no início do século 20 para os funcionários ou antigos trabalhadores da pedreira, cujas casas foram demolidas imediatamente depois de deixadas por antigos moradores. A maioria das residências foi posta no chão em 2009, quando os colonos afirmaram sofrer pressão dos proprietários da pedreira. Já na época havia a suspeita de que a área destinava-se ao Rodoanel. “Lembro que morei por três anos no escuro, à base de lampião e velas, porque cortaram nossa luz para nos forçar a sair”, recordou Margarete Maria de Jesus, 51 anos.

Restaram sete

De acordo com Margarete, das cerca de 70 casas que compunham a vila, restaram apenas sete. “Diante da pressão, a maioria dos moradores saiu. Sem ter para onde ir ou como pagar aluguel, fui ficando”, destacou. Atualmente, o caso está na Justiça. “Rezo todos os dias para que o juiz fique do nosso lado ou então que nos dê outra opção de moradia”, disse a dona de casa. Não se sabe ao certo por que os imóveis estão sendo requisitados. “Ao que parece, a área deverá ser usada para acomodar a terra retirada das obras do Rodoanel”, comentou.

Além de Ribeirão Pires, o trecho Leste do Rodoanel, passará por Mauá, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba e Arujá. A construção iniciada em 17 de agosto do ano passado deverá ser concluída até 2014. O trecho terá um total de 43,5 km e custará R$ 2,8 bilhões.

Estudo desconsidera o entorno da Capela do Pilar

Apesar das semelhanças nos problemas ambientais enfrentados pelas duas áreas - a gruta Santa Luzia e a pedreira de Santa Clara -, os técnicos da Cetesb acreditam que a pedreira possui vantagem sobre a gruta quando comparados os impactos socioeconômicos e do solo.

“Porém, o estudo não considera os fatores históricos e culturais da área que fica no entorno da capela do Pilar, marco da fundação de Ribeirão Pires”, argumentou o ambientalista José Soares da Silva.
Construída em 1714, a igreja é patrimônio tombado que fica a apenas 1.570 metros da faixa de domínio do trecho Leste e a cerca de 800 metros do túnel a ser construído na pedreira.

“O EIA/Rima diz que não haverá danos, que as explosões não prejudicarão as estruturas do lugar. Mas por enquanto isso não passa de teoria, porque a prática sempre é diferente”, alertou o ambientalista.

Sem intervenções
Em nota, a SPMar assegurou que o patrimônio não sofrerá intervenções.

Assim como a capela do Pilar, a casa do soldador Silvio da Penha Silva, 40 anos, fica a mais de mil metros das obras na pedreira, no Jardim Santa Rosa.
“Cada vez que as detonações ocorrem a casa treme inteira. Ficamos com medo de que algo aconteça”, comentou.

Diante do problema, Silva quer que um técnico faça uma vistoria no imóvel. “Ainda estou pagando a casa e se aparecerem rachaduras quero garantias de que serei reparado”, afirmou.

Por Claudia Mayara - ABCD Maior
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