DATA DA PUBLICAÇÃO 12/01/2012 | Setecidades
Novo traçado do Rodoanel Leste destrói mais o meio ambiente
Mudança do trajeto barateia a obra, mas aumenta desmatamento em Ribeirão Pires
A alteração de 600 metros do traçado do trecho Leste do Rodoanel barateou a obra e trará mais impactos ambientais ao ABCD. O trajeto passaria pela gruta Santa Luzia, em Mauá, e foi mudado para a pedreira de Santa Clara, em Ribeirão Pires.
O parecer técnico da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) sobre o EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) do empreendimento mostra que a escolha acarretará mais 3,2 hectares de desmatamento, o equivalente a três campos de futebol, em um município que está 100% inserido em área de manancial e, portanto, protegido por leis ambientais.
Após pressão popular para proteção das nascentes do rio Tamanduateí, na gruta de Mauá, e do lençol freático da área, a pedreira Santa Clara foi escolhida pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e aprovada pela Cetesb para abrigar o túnel Santa Luzia, de 1.110 metros de extensão. Além de escavações que irão retirar cerca de 820 mil toneladas de pedra e terra, a construção envolverá um total de 720 detonações, 45 mil m³ de concreto e 950 toneladas de aço. O lançamento da obra foi realizado em dezembro de 2011 e contou com a presença do governador Geraldo Alckmin.
Barateamento
Para ambientalistas e defensores do patrimônio histórico de Ribeirão Pires, uma vez que a pedreira de Santa Clara possui a mesma importância ambiental, cultural e histórica da gruta, a alteração do trajeto do trecho Leste do Rodoanel não está vinculada à preservação do meio ambiente, mas sim ao barateamento da obra. “Eles escolheram o traçado com menor custo, sem se importar com as questões ambientais ou sociais envolvidas”, criticou o ambientalista José Soares da Silva.
Com a mudança, a SPMar, concessionária responsável por administrar o trecho Sul e construir o trecho Leste do Rodoanel, economizará o dinheiro de 75 desapropriações. Se o trajeto passasse pela gruta Santa Luzia, a empresa teria de fazer 88 desapropriações, mas com a escolha da pedreira apenas 13 desapropriações serão necessárias. Apesar disso, a SPMar nega que a mudança trouxe economia ao empreendimento. De acordo com a empresa, o traçado do trecho Leste foi definido pela Dersa e aprovado pela Cetesb antes mesmo do processo de licitação do qual foi vencedora.
Impacto
O parecer técnico da Cetesb admite que a área da pedreira Santa Clara apresenta impactos ambientais equivalentes aos da gruta Santa Luzia. Além do aumento do desmatamento, estão previstos impactos nas águas subterrâneas, como o rebaixamento do lençol freático, que poderá afetar a vitalidade da vegetação, assim como as mudanças de curso ou assoreamento das nascentes. “Ali há vários cursos d’água que contribuem para formação do ribeirão Pires, que abastece a Billings”, destacou Soares.
Vila Operária teve 63 casas demolidas
O EIA/Rima também não faz referência à vila operária, fundada no início do século 20 para os funcionários ou antigos trabalhadores da pedreira, cujas casas foram demolidas imediatamente depois de deixadas por antigos moradores. A maioria das residências foi posta no chão em 2009, quando os colonos afirmaram sofrer pressão dos proprietários da pedreira. Já na época havia a suspeita de que a área destinava-se ao Rodoanel. “Lembro que morei por três anos no escuro, à base de lampião e velas, porque cortaram nossa luz para nos forçar a sair”, recordou Margarete Maria de Jesus, 51 anos.
Restaram sete
De acordo com Margarete, das cerca de 70 casas que compunham a vila, restaram apenas sete. “Diante da pressão, a maioria dos moradores saiu. Sem ter para onde ir ou como pagar aluguel, fui ficando”, destacou. Atualmente, o caso está na Justiça. “Rezo todos os dias para que o juiz fique do nosso lado ou então que nos dê outra opção de moradia”, disse a dona de casa. Não se sabe ao certo por que os imóveis estão sendo requisitados. “Ao que parece, a área deverá ser usada para acomodar a terra retirada das obras do Rodoanel”, comentou.
Além de Ribeirão Pires, o trecho Leste do Rodoanel, passará por Mauá, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba e Arujá. A construção iniciada em 17 de agosto do ano passado deverá ser concluída até 2014. O trecho terá um total de 43,5 km e custará R$ 2,8 bilhões.
Estudo desconsidera o entorno da Capela do Pilar
Apesar das semelhanças nos problemas ambientais enfrentados pelas duas áreas - a gruta Santa Luzia e a pedreira de Santa Clara -, os técnicos da Cetesb acreditam que a pedreira possui vantagem sobre a gruta quando comparados os impactos socioeconômicos e do solo.
“Porém, o estudo não considera os fatores históricos e culturais da área que fica no entorno da capela do Pilar, marco da fundação de Ribeirão Pires”, argumentou o ambientalista José Soares da Silva.
Construída em 1714, a igreja é patrimônio tombado que fica a apenas 1.570 metros da faixa de domínio do trecho Leste e a cerca de 800 metros do túnel a ser construído na pedreira.
“O EIA/Rima diz que não haverá danos, que as explosões não prejudicarão as estruturas do lugar. Mas por enquanto isso não passa de teoria, porque a prática sempre é diferente”, alertou o ambientalista.
Sem intervenções
Em nota, a SPMar assegurou que o patrimônio não sofrerá intervenções.
Assim como a capela do Pilar, a casa do soldador Silvio da Penha Silva, 40 anos, fica a mais de mil metros das obras na pedreira, no Jardim Santa Rosa.
“Cada vez que as detonações ocorrem a casa treme inteira. Ficamos com medo de que algo aconteça”, comentou.
Diante do problema, Silva quer que um técnico faça uma vistoria no imóvel. “Ainda estou pagando a casa e se aparecerem rachaduras quero garantias de que serei reparado”, afirmou.
A alteração de 600 metros do traçado do trecho Leste do Rodoanel barateou a obra e trará mais impactos ambientais ao ABCD. O trajeto passaria pela gruta Santa Luzia, em Mauá, e foi mudado para a pedreira de Santa Clara, em Ribeirão Pires.
O parecer técnico da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) sobre o EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) do empreendimento mostra que a escolha acarretará mais 3,2 hectares de desmatamento, o equivalente a três campos de futebol, em um município que está 100% inserido em área de manancial e, portanto, protegido por leis ambientais.
Após pressão popular para proteção das nascentes do rio Tamanduateí, na gruta de Mauá, e do lençol freático da área, a pedreira Santa Clara foi escolhida pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e aprovada pela Cetesb para abrigar o túnel Santa Luzia, de 1.110 metros de extensão. Além de escavações que irão retirar cerca de 820 mil toneladas de pedra e terra, a construção envolverá um total de 720 detonações, 45 mil m³ de concreto e 950 toneladas de aço. O lançamento da obra foi realizado em dezembro de 2011 e contou com a presença do governador Geraldo Alckmin.
Barateamento
Para ambientalistas e defensores do patrimônio histórico de Ribeirão Pires, uma vez que a pedreira de Santa Clara possui a mesma importância ambiental, cultural e histórica da gruta, a alteração do trajeto do trecho Leste do Rodoanel não está vinculada à preservação do meio ambiente, mas sim ao barateamento da obra. “Eles escolheram o traçado com menor custo, sem se importar com as questões ambientais ou sociais envolvidas”, criticou o ambientalista José Soares da Silva.
Com a mudança, a SPMar, concessionária responsável por administrar o trecho Sul e construir o trecho Leste do Rodoanel, economizará o dinheiro de 75 desapropriações. Se o trajeto passasse pela gruta Santa Luzia, a empresa teria de fazer 88 desapropriações, mas com a escolha da pedreira apenas 13 desapropriações serão necessárias. Apesar disso, a SPMar nega que a mudança trouxe economia ao empreendimento. De acordo com a empresa, o traçado do trecho Leste foi definido pela Dersa e aprovado pela Cetesb antes mesmo do processo de licitação do qual foi vencedora.
Impacto
O parecer técnico da Cetesb admite que a área da pedreira Santa Clara apresenta impactos ambientais equivalentes aos da gruta Santa Luzia. Além do aumento do desmatamento, estão previstos impactos nas águas subterrâneas, como o rebaixamento do lençol freático, que poderá afetar a vitalidade da vegetação, assim como as mudanças de curso ou assoreamento das nascentes. “Ali há vários cursos d’água que contribuem para formação do ribeirão Pires, que abastece a Billings”, destacou Soares.
Vila Operária teve 63 casas demolidas
O EIA/Rima também não faz referência à vila operária, fundada no início do século 20 para os funcionários ou antigos trabalhadores da pedreira, cujas casas foram demolidas imediatamente depois de deixadas por antigos moradores. A maioria das residências foi posta no chão em 2009, quando os colonos afirmaram sofrer pressão dos proprietários da pedreira. Já na época havia a suspeita de que a área destinava-se ao Rodoanel. “Lembro que morei por três anos no escuro, à base de lampião e velas, porque cortaram nossa luz para nos forçar a sair”, recordou Margarete Maria de Jesus, 51 anos.
Restaram sete
De acordo com Margarete, das cerca de 70 casas que compunham a vila, restaram apenas sete. “Diante da pressão, a maioria dos moradores saiu. Sem ter para onde ir ou como pagar aluguel, fui ficando”, destacou. Atualmente, o caso está na Justiça. “Rezo todos os dias para que o juiz fique do nosso lado ou então que nos dê outra opção de moradia”, disse a dona de casa. Não se sabe ao certo por que os imóveis estão sendo requisitados. “Ao que parece, a área deverá ser usada para acomodar a terra retirada das obras do Rodoanel”, comentou.
Além de Ribeirão Pires, o trecho Leste do Rodoanel, passará por Mauá, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba e Arujá. A construção iniciada em 17 de agosto do ano passado deverá ser concluída até 2014. O trecho terá um total de 43,5 km e custará R$ 2,8 bilhões.
Estudo desconsidera o entorno da Capela do Pilar
Apesar das semelhanças nos problemas ambientais enfrentados pelas duas áreas - a gruta Santa Luzia e a pedreira de Santa Clara -, os técnicos da Cetesb acreditam que a pedreira possui vantagem sobre a gruta quando comparados os impactos socioeconômicos e do solo.
“Porém, o estudo não considera os fatores históricos e culturais da área que fica no entorno da capela do Pilar, marco da fundação de Ribeirão Pires”, argumentou o ambientalista José Soares da Silva.
Construída em 1714, a igreja é patrimônio tombado que fica a apenas 1.570 metros da faixa de domínio do trecho Leste e a cerca de 800 metros do túnel a ser construído na pedreira.
“O EIA/Rima diz que não haverá danos, que as explosões não prejudicarão as estruturas do lugar. Mas por enquanto isso não passa de teoria, porque a prática sempre é diferente”, alertou o ambientalista.
Sem intervenções
Em nota, a SPMar assegurou que o patrimônio não sofrerá intervenções.
Assim como a capela do Pilar, a casa do soldador Silvio da Penha Silva, 40 anos, fica a mais de mil metros das obras na pedreira, no Jardim Santa Rosa.
“Cada vez que as detonações ocorrem a casa treme inteira. Ficamos com medo de que algo aconteça”, comentou.
Diante do problema, Silva quer que um técnico faça uma vistoria no imóvel. “Ainda estou pagando a casa e se aparecerem rachaduras quero garantias de que serei reparado”, afirmou.
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