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DATA DA PUBLICAÇÃO 23/08/2009 | Política
Nova sigla se estrutura no Grande ABC
O mais novo partido político brasileiro já se estrutura no Grande ABC. O PPL (Partido da Pátria Livre) foi registrado recentemente no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e organiza bases em Santo André e São Caetano. A 28ª legenda do País terá o número 80 nas urnas.

A sigla foi fundada oficialmente no dia 21 de abril (feriado nacional em homenagem a Tiradentes) em São Paulo. Em âmbito nacional é formada por dissidentes do PMDB, que estavam alocados no partido de Michel Temer e Orestes Quércia como MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), organização de esquerda criada na década de 1960 e que participou do combate armado ao regime.

O Partido da Pátria Livre - nomenclatura referente a um trecho do Hino Nacional - está presente em quase todos os 26 Estados brasileiros. Apesar do DNA esquerdista, na região a legenda não apontará nessa direção.

"Temos liberdade de ação. Não haverá interferências dos diretórios estadual e nacional em nosso posicionamento. Isso nos diferencia dos outros partidos e foi uma das características que me atraiu", observa Octávio Kahn, que assumirá a executiva de São Caetano.

Octávio, irmão de Léo Kahn sque integra a Prefeitura de Santo André, fez parte da equipe de coordenação da campanha do PPS no ano passado. Outros integrantes da legenda comandada pelo ex-deputado estadual Marquinho Tortorello formarão a base do PPL na cidade administrada por José Auricchio Júnior (PTB). "Deixamos o PPS, mas não houve ruptura nem briga", ressalta Octávio.

Em Santo André, a sigla estará sob responsabilidade de Adriano Pieroni, que também se afastou do diretório popular-socialista do município vizinho. "Faremos uma política dinâmica, em uma espécie de terceira via entre situação e oposição nas cidades", observa.

Surgimento - O surgimento do PPL no Grande ABC tem dois motivos, explicam seus líderes: a falta de espaço nos partidos já existentes e a lacuna deixada por essas mesmas agremiações. "Boa parte da população está descrente com a política. Temos de abrir campo para novas pessoas, com valores. As siglas convencionais são dominadas por castas, são de aluguel", dispara Octávio.

O convite para organizar a legenda na região com essa filosofia partiu do vice-presidente estadual do PPL, Rodrigo Otávio Santos, sobrinho do ex-prefeito de Santo André Newton Brandão (PSDB). "Mas meu tio nada tem a ver com o projeto", ressalta Rodrigo, que evita, inclusive, utilizar o sobrenome.

Aliás, holofote não é mesmo a atmosfera do dirigente partidário. "Nunca fui e não serei candidato. Trabalho no planejamento, nos bastidores", salienta, ao enfatizar que a criação e o futuro do Pátria Livre será "bem diferente" do Psol - fundado em junho de 2004 por dissidentes do PT, o caçula não fez prefeito na eleição de 2008.

"Não teremos vertente radical. Seremos de centro-esquerda, mas sempre com avaliação do partido em cada ocasião, sem prendimentos", discorre Rodrigo, ao destacar que, a princípio, não fará oposição aos petebistas José Auricchio Júnior, em São Caetano, ou a Aidan Ravin, em Santo André.

Na eleição de 2010, o PPL já tem direcionamento quase totalmente definido. No pleito presidencial apoiará o candidato indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No pleito estadual, ainda há indefinições.

O certo é que o partido lançará aspirantes a deputado federal e estadual. Muito provavelmente sem coligações. "Será uma espécie de apresentação da legenda aos eleitores da região. A expectativa é surpreender", afirma Pieroni. Os nomes dos pré-candidatos devem ser anunciados em meados de setembro. "E depois iremos com tudo em 2012, pois os quadros políticos nas cidades serão favoráveis", continua.

Recursos financeiros para concretizar a ambição já estão encaminhados, garante Pieroni. "Com credibilidade atraímos empresários", finaliza.

Presidente nacional sequestrou embaixador na década de 1960

Mais de 500 mil assinaturas no Brasil, sendo 40 mil no Estado de São Paulo. Esse foi o caminho percorrido pelos idealizadores do PPL para inscrever a legenda no TSE. Uma tarefa até certo ponto simples para quem combateu a ditadura militar.

O registro definitivo será obtido nos próximos dias e, em duas semanas, os dirigentes municipais da sigla darão entrada nos cartórios eleitorais locais para abrir os diretórios. Mas para chegar nesse momento, foram quatro décadas de luta.

O PPL é originário do MR-8, movimento da luta armada na década de 1960. O presidente nacional do Partido da Pátria Livre é Sérgio Rubens de Araújo Torres, que participou do sequestro do embaixador norte-americano no Brasil Charles Elbrick, em 1969.

Sérgio estava em um dos primeiros cárceres de um diplomata por motivos políticos. O rapto do embaixador, feito por militantes do movimento estudantil da época, objetivou tirar os seus líderes da cadeia, aprisionados pelos militares.

Na ação, há 40 anos, também participou o atual ministro da Comunicação Social do governo Lula, Franklin Martins. Um dos estudantes libertados em troca de Elbrick era José Dirceu, que tempos depois viria a ser um dos homens de ferro do PT.

O presidente paulista do PPL é radicado no Guarujá, engenheiro da Petrobras e ex-filiado do PMDB. "Temos grandes figuras no partido e uma força muito grande. Em menos de um ano organizamos a legenda. As expectativas são muito boas", define Rodrigo Otávio Santos, vice-presidente estadual do Pátria Livre.

Sucesso da legenda depende das propostas para atrair o eleitorado

Não é possível fazer uma projeção detalhada do futuro do PPL. "O tempo vai dizer se a sigla vai dar certo", avalia o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Mais que o período de maturação, a legenda precisa "apresentar propostas para atrair as pessoas". "Temos de aguardar as ideias para mensurar a abrangência e o grau de convencimento", enfatiza o especialista.

Entretanto, Teixeira avalia que o fato de os principais integrantes serem dissidentes de uma agremiação (no caso o PMDB), a legenda já nasce com retrospecto desfavorável. "Eles têm conhecimento político, mas estavam ao lado de José Sarney (presidente do Senado envolvido em diversas denúncias), Renan Calheiros e Orestes Quércia. Assim, existe a hipótese de ser apenas mais um partido, porque já tinha atuação pouco expressiva dentro de um universo."

Outro fator que joga contra o PPL é a ausência de uma grande liderança. Mas um "bom caminho inicial" é a formação a partir da falta de espaço dentro das siglas já existentes. "Não basta só isso. À medida que tenha proposta, aí sim, é justo. E mais: pode até ser programático, mas tem de ver se vai ganhar a massa."

Para o cientista político, um dos erros do Psol - que tem apenas quatro anos de existência, mas ainda não tem a simpatia do eleitorado, mesmo com a referência de Heloísa Helena - é a falta de projetos executáveis. "Imaginava-se um apelo social enorme, mas é muito mais bandeira do que proposta", pontua Teixeira.

Por Beto Silva - Diário do Grande ABC
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