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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/06/2009 | Saúde e Ciência
Nova droga aciona ''botão antipânico'' no cérebro
Pesquisadores da Europa podem ter descoberto como acionar um dispositivo antipânico no cérebro. Após realizarem testes em roedores e em 71 voluntários, eles mostraram que um novo componente poderá, no futuro, combater ataques de pânico e ansiedade sem os efeitos colaterais dos remédios mais usados hoje em dia.

A maioria das drogas contra ansiedade age dosando a liberação e a absorção de neurotransmissores (moléculas que carregam impulsos químicos) em certas áreas do cérebro.

Esses compostos, como os benzodiazepínicos, são eficazes contra a ansiedade, mas causam uma série de efeitos que vão de sonolência a vício.

O componente testado pelos pesquisadores, uma molécula chamada XBD173, estimula a atividade de uma proteína que ajuda no transporte de moléculas de colesterol e permite que algumas sejam convertidas em um outro tipo de molécula, os chamados neuroesteroides, cujo nível cai no cérebro durante um ataque de pânico.

Estes, por sua vez, regulam o efeito de uma molécula chamada GABA (ácido gama-aminobutírico), neurotransmissor relacionado ao relaxamento.

Para a realização do estudo, os voluntários, saudáveis, eram induzidos a ter ansiedade por meio de um peptídeo (pedaço de proteína) que leva a um sentimento breve de pânico.

"Há uma boa chance de que funcione em pacientes com ataques de pânico, mas isso ainda precisa ser testado", afirmou à Folha o psiquiatra Rainer Rupprecht, da Universidade Ludwig Maximilians, em Munique, na Alemanha.

Segundo ele, a molécula foi administrada oralmente aos voluntários durante sete dias seguidos. Eles foram divididos em grupos: um recebia placebo, outro doses variadas de XBD173 e o terceiro, a droga contra ansiedade alprazolam. Os voluntários que receberam 2 miligramas de alprazolam ou a mais alta dose de XBD173 (90 miligramas) tiveram menos ansiedade do que aqueles que receberam o placebo.

O composto, ainda, causou menos efeitos colaterais do que o alprazolam. Quem foi tratado com alprazolam, por exemplo, teve uma acentuada redução da atividade locomotora.

Abstinência e tolerância

Foram notadas diferenças também após o tratamento. "Enquanto 57% das pessoas tratadas com alprazolam reclamaram de sintomas de abstinência, tais como distúrbios do sono ou agitação, isso foi praticamente ausente nos voluntários tratados com XBD173", afirma o artigo, na edição on-line do periódico "Science".

Outra questão relevante no tratamento de ansiedade e ataques de pânico, além da avaliação dos efeitos colaterais e de sintomas de abstinência, é o desenvolvimento de tolerância aos remédios, a necessidade de usar doses cada vez mais altas para ter o mesmo efeito.

Por isso, os pesquisadores testaram a tolerância em animais. A molécula XBD173 foi administrada duas vezes ao dia por cinco dias nos roedores.

"Sua atividade ansiolítica neste teste foi plenamente mantida com esta administração", informa o artigo.

Para o neurocientista Sidarta Ribeiro, diretor do Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra, o estudo é importante pela sua potencial aplicação.

De acordo com Rupprecht, o objetivo do grupo é dar continuidade à pesquisa com a realização de testes clínicos com maior número de pessoas. Outra possibilidade, afirma, é atuar no desenvolvimento de compostos de ação similar à molécula XBD173. "Isso depende do desenvolvimento dos planos industriais", diz.

Participaram da pesquisa cientistas ligados à farmacêutica suíça Novartis.

Por Afra Balazina - Folha São Paulo
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