NOTÍCIA ANTERIOR
Estado não assume aluno de 6 anos
PRÓXIMA NOTÍCIA
Professores prometem greve para quarta-feira
DATA DA PUBLICAÇÃO 08/03/2010 | Educação
No Brasil, mulheres passam mais tempo na escola do que os homens
Se na maioria das áreas a desigualdade entre mulheres e homens permanecem, na educação o cenário é diferente. A trajetória escolar das meninas brasileiras tende a ser mais regular e bem-sucedida do que a dos meninos.

Em alguns países, especialmente na África e no mundo árabe, as condições de acesso ao ensino e permanência na escola são desfavoráveis para as mulheres. Por essa razão, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) estabeleceu metas de promoção de paridade entre gêneros para alguns países durante a Conferência Mundial de Educação, em 2000. A situação é monitorada pelo órgão.

O especialista em educação e oficial de projetos da Unesco no Brasil Wagner Santana analisa que no país as trajetórias escolares diferentes para homens e mulheres têm relação com o mundo do trabalho.

"Faltam estudos conclusivos a respeito disso, mas com muita frequência fala-se que os meninos, especialmente no final do ensino fundamental e no ensino médio, já passam a sentir uma pressão maior para entrar no mercado de trabalho", aponta. Muitos também são afetados pela violência que, nessa faixa etária, atinge mais a população masculina.

Santana destaca alguns dados da última Pnad/IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que ilustram a situação do Brasil: no grupo dos 15 aos 17 anos, 57% das meninas estão no ensino médio, etapa correta para essa faixa etária. Entre os meninos, o atraso é maior: só 47% cursam a série indicada para a sua idade.

Em relação aos índices de escolaridade, na faixa etária dos 15 aos 19 anos, 41% dos homens têm menos de oito anos de estudo. Já entre as mulheres, essa situação atinge 29% da população nessa faixa etária.

"A entrada dos dois na escola é muito parecida, mas a trajetória escolar dos meninos é mais tumultuada e interrompida", compara Santana. Segundo ele, essa situação é comum nos países da América Latina.

A pesquisadora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria Patrícia Rangel ressalta que essa vantagem na escolarização não se reflete em ganhos no mercado de trabalho. Segundo ela, o índice de desemprego entre mulheres com nível universitário é 30% maior do que entre os homens com a mesma escolaridade.

Elas ainda ocupam menos cargos de chefia e continuam ganhando menos do que os homens por questões culturais e de estruturação do mundo do trabalho, de acordo com a especialista. "Em primeiro lugar, o Brasil tem uma cultura patriarcal que não considera normal que a mulher assuma funções de liderança", afirma.

"Além disso, há uma divisão sexual do trabalho. Algumas tarefas são delegadas ao homens e outras à mulher. Elas sempre ficam encarregadas das atividades do lar e do cuidado com os filhos. Com isso, elas têm menos tempo para se dedicar e crescer na carreira", explica.

De acordo com a especialista, creches e escolas infantis são importantes para reverter essa situação e a oferta precisa ser ampliada. Com o acolhimento das crianças nesse locais, a mulher teria mais tempo e energia para investir na carreira, reduzindo os efeitos da dupla jornada.

"Além disso, homens e mulheres precisam compartilhar solidariamente as tarefas domésticas e de cuidado com a família. A Convenção 156 da OIT [Organização Internacional do Trabalho] trata sobre isso, mas o Brasil ainda não ratificou essa convenção", diz.

Por Folha Online - Agência Brasil
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Gerais - Clique Aqui
As últimas | Educação
21/09/2018 | Ensino superior cresce no País, mas graças à modalidade a distância
19/09/2018 | Em crise financeira, UFABC tenta definir objetivos para 2019
18/09/2018 | Cidade francesa muda pátio de pré-escola para favorecer a igualdade de gênero
As mais lidas de Educação
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7719 dias no ar.