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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/11/2015 | Economia
Negros ainda sofrem dificuldade no mercado
 Negros ainda sofrem dificuldade no mercado Foto: André Henriques/DGABC
Foto: André Henriques/DGABC
No Dia da Consciência Negra, a população afrodescendente da região ainda não tem muitos motivos para comemorar. Pesquisa feita em parceria entre a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgada nesta semana pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC mostra que no mercado de trabalho, por exemplo, a desigualdade ainda é significativa.

O levantamento revela que, do total de trabalhadores residentes nas sete cidades, 29,2% são negros ou pardos. Porém, o percentual cai em atividades que exigem formação mais elevada, que, portanto, pagam melhor. Caso da indústria. Nesse setor, somente 27,7% das vagas são ocupadas por afrodescendentes.

Por outro lado, os negros estão sobrerrepresentados na construção civil: somam 42,6% do total de empregados no setor. As diferenças salariais entre os setores também são relevantes: os operários das obras recebem aproximadamente 21,7% menos do que os da indústria.

Assessor técnico do Seade, o economista Alexandre Loloian avalia que a subrrepresentação dos negros no setor industrial está diretamente ligada à diferença na formação. Isso porque as vagas desse segmento exigem maior grau de qualificação, como cursos técnicos ou superiores, os quais os afrodescendentes têm mais dificuldade para acessar devido aos problemas socioeconômicos que enfrentam. A opinião é reiterada pelo coordenador do GT (Grupo de Trabalho) de Igualdade Racial do Consórcio, Wellington da Silva Bento. “Os negros entram mais cedo no mercado e, por isso, não dão continuidade aos estudos”, lamenta.

“Há mais negros, proporcionalmente, na construção civil e nos serviços domésticos, cujas exigências e regulamentações são menores e, consequentemente, oferecem salários inferiores”, acrescenta Loloian. Entre os trabalhadores do lar, os afrodescendentes ocupam 46,4% do total de vagas.

Além das diferenças na capacitação, Bento salienta que a discriminação racial ainda está presente nas empresas. “É o racismo institucional. A pessoa não ataca verbalmente ou com atitudes, mas, na hora de dar aumento para um negro, por exemplo, não dá.” A pesquisa do Seade e Dieese mostra que os salários dos afrodescendentes são 37,5% menores do que os recebidos por empregados brancos e de origem asiática.

O coordenador do GT considera que o aumento das políticas inclusivas, como as cotas em universidades públicas, é um primeiro caminho para diminuir a desigualdade. Além disso, ele cita a necessidade de, nas escolas, haver melhor orientação sobre a história e a cultura da população negra, mas reconhece que essas medidas irão surtir efeito a médio ou longo prazo. “Além disso, os sindicatos exercem papel importantíssimo nessa luta, tanto na parte de formação quanto na garantia de direitos.”

Mão de obra na construção diminui

Apesar de os negros estarem sobrerrepresentados na construção civil, a procura por vagas de trabalho nesse setor está diminuindo. É o que garante o empresário Antônio Erasmo Freire, 59 anos, sócio da Premier Incorporação, responsável por obras do programa Minha Casa, Minha Vida em São Bernardo.

Há cerca de um ano, a empresa decidiu acabar com os alojamentos nas obras. Desde então, diz Freire, os afrodescendentes reduziram a busca por empregos no setor. “Isso porque grande parte dos negros vinha do Nordeste, principalmente da Bahia e do Piauí. Sem os alojamentos, estamos contratando o pessoal daqui, sendo que a maioria é de pardos ou brancos.”

Paralelamente a isso, Freire salienta que os negros têm buscado melhorar a capacitação. “Eu tive um gerente negro que se especializou e foi chamado por uma grande construtora para trabalhar no Rio de Janeiro”, lembra. “A situação melhorou muito de uns anos para cá, mas ainda tem muito o que aperfeiçoar. Isso parte do próprio empresário”, reconhece.

Outro caso de trabalhador de origem afrodescendente que cresceu dentro da companhia é o de Vagner Firmiano de Moura, 39, que trabalha em indústria metalúrgica localizada no bairro Eldorado, em Diadema. Ele conta que atua no setor há cerca de 22 anos e que iniciou as atividades como operário. Hoje, é encarregado de torneamento. Mesmo assim, reconhece que ainda é difícil para os negros prosperarem no mercado de trabalho. “Para mim, a situação melhorou, mas, para muitos, ainda não está fácil. O fato de pagarem salários menores para os negros é puramente preconceito, já que inteligência e capacidade são iguais.”

Por Fábio Munhoz - Diário do Grande ABC
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