DATA DA PUBLICAÇÃO 02/11/2007 | Cidade
Muito mais que descanso eterno
Aproveitar o cemitério ainda em vida é o lema dos proprietários do Vale dos Pinheirais, em Mauá. Por isso, a administração resolveu criar em meio aos túmulos um playground, pista para caminhada, lanchonete e uma área para cursos e palestras.
“Muita gente vinha aqui ficar caminhando no estacionamento. Então colocamos a pista de caminhada”, explicou uma das administradoras do local, Ilda Ferraz.
Os cemitérios particulares ganham cada dia mais cara de área de lazer, mesmo em meio a um tema tão delicado como a morte. Neste Dia de Finados, quem for ao Pinheirais, por exemplo, terá direito a massagem, ioga e até palestra sobre saúde.
Cravado no meio da periferia de Mauá, o luxuoso cemitério parece não se incomodar com as casas mal rebocadas ao redor. “Aqui é aberto a comunidade e nunca tivemos roubos ou depredações”, contou Ilda.
Mais visitados
Os cemitérios mais tradicionais do Grande ABC podem não ter a mesma infra-estrutura que as novas construções, mas ainda atraem curiosos por causa dos mitos que rondam alguns túmulos.
O mausoléu da menina Neves Nascimento Ribeiro, que morreu em 1948 com apenas 12 anos, é o mais visitado do Cemitério Cerâmica, em São Caetano. Até hoje, integrantes de sua família enchem o local de brinquedos. Ela faleceu depois de contrair tétano de um prego enferrujado que pisou quando voltava da escola.
No Cemitério da Vila Assunção, em Santo André, Vanilda Sanches Bérbér, falecida em 1958 aos 15 anos, recebe diariamente placas de agradecimento por milagres atendidos. A lenda contada no cemitério é que ela morreu dias depois de seu casamento porque viu o marido de mãos dadas com outra mulher.
Crianças
O título de local mal assombrado dos cemitérios parece ter ficado para trás. Pelo menos para as mais de 15 crianças que fazem vigília na porta do Cemitério Cerâmica. Com baldes de sabão e esfregões, elas aguardam para lavar os túmulos e ganhar algum trocado em datas especiais como as de hoje ou o Dia das Mães.
Ana Karoline Matias Vieira, 12 anos, faz o serviço desde os 8. “Não tem neuras aqui não. Subo nas catacumbas e meto o esfregão. Só não brincamos aqui porque a administração não gosta”, garantiu a menina.
Coveiro "estrela" enterrou dois prefeitos de Santo André
O coveiro Dorival de Almeida, 60 anos, tem em seu currículo o enterro de dois prefeitos de Santo André. Ele foi responsável pelos sepultamentos de Antônio Pezzolo e em Celso Daniel. E ainda brincam com sua fama: “Os próximos prefeitos que se cuidem”, disse.
Pezzolo trabalha há 21 anos no Cemitério da Vila Assunção. Em 2002, ficou famoso e recebeu ligações até de amigos dos Estados Unidos por ter enterrado Celso Daniel.
“Dei várias entrevistas falando do meu trabalho e de como foi o sepultamento do Celso”, contou orgulhoso.
Mas o caso que mais marcou o coveiro foi a morte de um menino de 7 anos assassinado pelo pai. Para se vingar da ex-mulher, ele levou a criança para comer um lanche, lhe comprou um par de tênis e em casa o amarrou e matou. “Eu que fiz o enterro também. Foi muito triste e o que mais me abalou.”
Crisântemo pode ser comprado por R$ 3
Por apenas R$ 3 é possível comprar um vaso pequeno de crisântemo para levar ao cemitério hoje. A flor é a mais vendida pelas floriculturas nessa época do ano, principalmente as de cores brancas. O Diário fez um levantamento em diversas floriculturas da região e constatou o preço acessível. De acordo com o tamanho do vaso pode custar até R$ 6.
Outras flores bastante procuradas são os cravos, vendidas a R$ 1,50 cada, e as rosas, que sai a R$1 o botão. As prefeituras anexaram diversos cartazes nos cemitérios alertando para que os visitantes prefiram as flores já plantadas e não deixem vasos que juntam água. A medida visa impedir a instalação de criadouros de dengue.
Hoje, os cemitérios do Grande ABC ficarão abertos até às 18h. As ruas próximas às entradas estarão interditadas. As Prefeituras de Santo André e São Bernardo aumentaram a frota de ônibus das linhas que atendem aos cemitérios para facilitar o acesso.
“Muita gente vinha aqui ficar caminhando no estacionamento. Então colocamos a pista de caminhada”, explicou uma das administradoras do local, Ilda Ferraz.
Os cemitérios particulares ganham cada dia mais cara de área de lazer, mesmo em meio a um tema tão delicado como a morte. Neste Dia de Finados, quem for ao Pinheirais, por exemplo, terá direito a massagem, ioga e até palestra sobre saúde.
Cravado no meio da periferia de Mauá, o luxuoso cemitério parece não se incomodar com as casas mal rebocadas ao redor. “Aqui é aberto a comunidade e nunca tivemos roubos ou depredações”, contou Ilda.
Mais visitados
Os cemitérios mais tradicionais do Grande ABC podem não ter a mesma infra-estrutura que as novas construções, mas ainda atraem curiosos por causa dos mitos que rondam alguns túmulos.
O mausoléu da menina Neves Nascimento Ribeiro, que morreu em 1948 com apenas 12 anos, é o mais visitado do Cemitério Cerâmica, em São Caetano. Até hoje, integrantes de sua família enchem o local de brinquedos. Ela faleceu depois de contrair tétano de um prego enferrujado que pisou quando voltava da escola.
No Cemitério da Vila Assunção, em Santo André, Vanilda Sanches Bérbér, falecida em 1958 aos 15 anos, recebe diariamente placas de agradecimento por milagres atendidos. A lenda contada no cemitério é que ela morreu dias depois de seu casamento porque viu o marido de mãos dadas com outra mulher.
Crianças
O título de local mal assombrado dos cemitérios parece ter ficado para trás. Pelo menos para as mais de 15 crianças que fazem vigília na porta do Cemitério Cerâmica. Com baldes de sabão e esfregões, elas aguardam para lavar os túmulos e ganhar algum trocado em datas especiais como as de hoje ou o Dia das Mães.
Ana Karoline Matias Vieira, 12 anos, faz o serviço desde os 8. “Não tem neuras aqui não. Subo nas catacumbas e meto o esfregão. Só não brincamos aqui porque a administração não gosta”, garantiu a menina.
Coveiro "estrela" enterrou dois prefeitos de Santo André
O coveiro Dorival de Almeida, 60 anos, tem em seu currículo o enterro de dois prefeitos de Santo André. Ele foi responsável pelos sepultamentos de Antônio Pezzolo e em Celso Daniel. E ainda brincam com sua fama: “Os próximos prefeitos que se cuidem”, disse.
Pezzolo trabalha há 21 anos no Cemitério da Vila Assunção. Em 2002, ficou famoso e recebeu ligações até de amigos dos Estados Unidos por ter enterrado Celso Daniel.
“Dei várias entrevistas falando do meu trabalho e de como foi o sepultamento do Celso”, contou orgulhoso.
Mas o caso que mais marcou o coveiro foi a morte de um menino de 7 anos assassinado pelo pai. Para se vingar da ex-mulher, ele levou a criança para comer um lanche, lhe comprou um par de tênis e em casa o amarrou e matou. “Eu que fiz o enterro também. Foi muito triste e o que mais me abalou.”
Crisântemo pode ser comprado por R$ 3
Por apenas R$ 3 é possível comprar um vaso pequeno de crisântemo para levar ao cemitério hoje. A flor é a mais vendida pelas floriculturas nessa época do ano, principalmente as de cores brancas. O Diário fez um levantamento em diversas floriculturas da região e constatou o preço acessível. De acordo com o tamanho do vaso pode custar até R$ 6.
Outras flores bastante procuradas são os cravos, vendidas a R$ 1,50 cada, e as rosas, que sai a R$1 o botão. As prefeituras anexaram diversos cartazes nos cemitérios alertando para que os visitantes prefiram as flores já plantadas e não deixem vasos que juntam água. A medida visa impedir a instalação de criadouros de dengue.
Hoje, os cemitérios do Grande ABC ficarão abertos até às 18h. As ruas próximas às entradas estarão interditadas. As Prefeituras de Santo André e São Bernardo aumentaram a frota de ônibus das linhas que atendem aos cemitérios para facilitar o acesso.
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