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Ex-sócio de Burle Marx critica novo paisagismo
DATA DA PUBLICAÇÃO 16/03/2009 | Setecidades
Mudança paisagística em Santo André causa polêmica
Anunciada como medida para estabelecer um equilíbrio ambiental, o novo paisagismo para a cidade de Santo André, colocado em prática pela Prefeitura desde fevereiro, recebe críticas de paisagistas justamente por ir na contramão do que prega. Especialistas da área dizem que as mudanças podem levar à redução da biodiversidade.

As alterações vão privilegiar vegetação mais baixa, com predomínio de plantas como dracenas e agaves, e recuperação de gramados em parques e demais áreas verdes. A administração alega que as mudanças propiciarão a formação de corredores ecológicos com vegetação nativa e resgate da fauna local.

As intervenções começaram nas avenidas Prestes Maia - na altura da Fundação Santo André - e Giovanni Batista Pirelli. No fim de fevereiro, começaram os trabalhos para modificar também a área verde no Paço Municipal.

Outro argumento da Prefeitura para as mudanças refere-se à segurança, pois a manutenção de vegetação mais rasteira daria maior visibilidade a motoristas que trafegam próximos aos canteiros centrais.

Para a administração, a vegetação mais baixa também beneficiaria o pedestre, na medida em que amplia o espaço de circulação. Por isso, os chamados morrotes (pequenos morros no terreno) deram lugar a área plana forrada de grama.

A Prefeitura informa que as intervenções para a implantação do chamado ‘novo paisagismo'' não traz custos adicionais aos cofres públicos, apenas a manutenção cotidiana, feita por funcionários do Depav (Departamento de Parques e Áreas Verdes) e de empreiteira contratada durante a gestão anterior.

Os trabalhos para colocar a nova vegetação não implicam retirada de árvores, segundo a administração municipal, que aponta que o projeto está atrelado ao Plano Diretor da cidade e segue o projeto original desenvolvido para o município pelo renomado arquiteto e paisagista Burle Marx.

Paisagem perde em biodiversidade

Retrógrada e desnecessária. Essa é a avaliação de arquitetos e paisagistas ouvidos pelo Diário sobre a reforma na paisagem de Santo André. Na avaliação da maioria, ao contrário do discurso da Prefeitura, o novo projeto vai acarretar perdas ambientais - ao reduzir a diversidade de espécies - e também quebra uma tradição paisagística já instituída no município.

Uma das principais críticas é sobre a necessidade de se fazer intervenções que modificam um projeto paisagístico implementado recentemente. Iniciado em 1997, durante a administração do prefeito Celso Daniel (PT), o projeto teve continuidade durante as duas administrações petistas posteriores, de João Avamileno, que governou Santo André até o fim do ano passado.

"Não consigo enxergar fundamentos por que esse trabalho está sendo substituído", questiona a professora Catharina Pinheiro Lima, do Labparque (Laboratório de Pesquisas em Projetos Participativos) da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

A professora argumenta que o projeto paisagístico de Santo André tornou-se uma marca da cidade e virou referência em relação a "soluções paisagísticas para espaços urbanos". Para Catharina, as mudanças anunciadas pela atual administraçã não têm respaldo técnico. "Parece-me muito mais perfumaria estética", critica.

Ela diz que o tipo de vegetação escolhida, mais rasteira, não favorece a multiplicidade de espécies, e tampouco permite outros processos envolvidos no sistema paisagístico no meio urbano, como atração de aves e insetos, drenagem do solo e clima. A professora também critica o fato de as intervenções terem sido iniciadas sem um debate amplo com a população da cidade.

Issao Minami, mestre urbanista da FAU, também é crítico da mudança. "Não pode ter esse processo de descontinuidade", explica. Para Minami, não se explica alterar um processo que vinha sendo desenvolvido com sucesso nos últimos 12 anos.

Os especialistas explicam que vegetação rasteira como a grama tendem a morrer mais rapidamente, pois são pisoteadas. Elas também não são tão eficientes no processo de retenção de água pluvial quanto espécies de maior porte.

Ministério Público pede explicações sobre o projeto

A Prefeitura de Santo André tem prazo até esta semana para prestar esclarecimentos ao Ministério Público sobre as obras no Paço Municipal. A medida atende a uma representação feita na Promotoria contra a administração municipal pela Associação Amigos do Parque Central.

A entidade acusa a administração do prefeito Aidan Ravin (PTB) de crimes ambientais por retirar árvores e vegetação nativa de áreas públicas sem autorização ambiental e por desrespeitar o processo de tombamento da área.

Segundo José Carlos Vieira, presidente da associação, foram retiradas árvores frutíferas como pitangueiras e romanzeiras, e outras como ipê roxo e aroeira, além de coqueiros, pau brasil e vários arbustos. "Também eliminou-se uma vegetação rasteira que absorve muito carbono."

A suposta extração de árvores começou durante o sábado de Carnaval, disse Vieira, que ainda questiona o fato de a Prefeitura ter recebido autorização do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) para fazer os trabalhos no Paço três dias após o início das obras.

Devido às intervenções no Paço, a Prefeitura foi notificada pela Polícia Ambiental, em 27 de fevereiro, por supostamente haver retirado espécies nativas e exóticas sem a devida autorização. A administração recebeu prazo de 30 dias para firmar termo de compromisso de recuperação da área.

Por Deh Oliveira - Diário do Grande ABC
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