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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/09/2009 | Setecidades
Motorista da região perde um dia por mês no trânsito
A cada mês, quem mora no Grande ABC e usa o carro como principal meio de transporte passa um dia e cinco horas atrás do volante. Em 60 anos, serão dois anos e meio no trânsito.

Os dados, presentes na última pesquisa Origem - Destino do Metrô de São Paulo, revelam, ainda, que o motorista do Grande ABC gasta 58 minutos de carro todos os dias nos caminhos entre sua casa, o trabalho e a escola.

A situação é pior para quem depende do ônibus. O morador do Grande ABC passa uma hora e 48 minutos por dia nos coletivos. Os habitantes de Mauá são os que ficam mais tempo nas ruas. São uma hora e 58 minutos nos ônibus e uma hora e 12 minutos nos automóveis por dia.

O estudante Erivelton Martins, 25 anos, leva cerca de uma hora para sair do Centro de Santo André, onde mora, e chegar à faculdade, no Centro de São Bernardo, por volta das 19h. "O trânsito é uma desgraça. Divido o carro com alguns amigos para não precisar dirigir todos os dias. Mesmo assim, é duro."

A situação pode ser pior quando o trabalho fica na Capital paulista, como é o caso do vendedor Thiago Torchi, 29 anos. Morador da Vila Gerty, em São Caetano, Thiago leva cerca de uma hora e meia para chegar no trabalho, no centro de São Paulo, todas as manhãs. "Parece que cada dia está pior. E não adianta fazer outro caminho. Acabo chegando no mesmo horário", diz.

Com uma frota estimada em mais de 1 milhão de motos e carros, o Grande ABC tem um trânsito cada vez mais problemático. Dois anos atrás, havia 140 mil veículos a menos nas ruas e avenidas da região, segundo dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

Especialistas acreditam que o trânsito em excesso tem a ver com a falta de planejamento das cidades e a ausência de investimentos mais consistentes no transporte coletivo.

"As cidades cresceram de forma desordenada. As pessoas moram longe do trabalho", afirma o engenheiro civil Flávio Tatit, do Instituto Mauá de Tecnologia. "Outro problema é a falta de investimento no transporte coletivo de 30 anos para cá", diz.

A opinião é compartilhada pelo especialista em transportes Creso Peixoto, engenheiro civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana). "Enquanto o cidadão não tiver uma boa alternativa, vai continuar tirando o carro da garagem", opina o professor Creso.

Com mais carros nas ruas, as viagens de ônibus ficam mais lentas, segundo Tatit. E enquanto os coletivos forem mais devagar, os cidadãos vão preferir andar em carros de passeio ou motos.

Acidentes de carro custaram R$ 107 milhões ao Estado

O trânsito tem impactos diretos na economia do Estado. Cerca de R$ 107 milhões foram gastos, ano passado, pelos hospitais públicos de São Paulo para tratar vítimas de acidentes envolvendo carros, segundo levantamento da Secretaria da Saúde. "Quanta coisa deixa de ser feita para cobrir os gastos dos acidentes de trânsito?", pergunta a engenheira Cristina Baddini, especialista no assunto. "Seria melhor investir em educação de trânsito", afirma.

O professor Creso Peixoto lembra que o excesso de engarrafamentos provoca outros danos à saúde que não podem ser quantificados em números. "O tráfego de veículos envolve o aspecto psicológico. O motorista fica irritado porque a fila de carros demora para andar", diz.

O estresse emocional não é o único problema a que o motorista está sujeito. Atrás do volante, ele está exposto à inalação de poluentes, como o nitróxido de oxigênio - que aumenta a sensação de sono - e o monóxido de carbono - que pode levar à morte, caso a quantidade de gás inalada seja grande.

"Os poluentes deixam a pessoa com dificuldade para respirar, e elas começam a tomar remédios vasoconstritores (spray nasal para desentupir o nariz, por exemplo), que viciam", diz Creso.

Alternativas - O problema do trânsito deve ser atacado em várias frentes, segundo especialistas. A engenheira Cristina Baddini, por exemplo, acredita que é necessário reduzir o espaço para os automóveis nas cidades. "Em outros lugares do mundo, o estacionamento na rua é muito caro e não se pode ir de carro para qualquer lugar", diz.

Mas, para isso funcionar, é preciso ter um transporte coletivo de qualidade. "A resposta para uma grande metrópole como São Paulo é o metrô. Mas no ritmo atual, de dois quilômetros construídos por ano, teremos uma malha suficiente para melhorar o trânsito em 70 anos", opina Creso Peixoto.

Capital desperdiça R$ 26 bilhões com engarrafamentos

Uma pesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas) chegou à conclusão de que a cidade de São Paulo deixa de faturar R$ 26,6 bilhões todos os anos por causa dos congestionamentos diários.

Para chegar a este número, o economista Marcos Cintra, vice-presidente da FGV, levou em conta que um paulistano fica de duas a três horas parado no trânsito e que ganha R$ 30,15, em média, por hora de trabalho.

O estudo aponta que outros R$ 6,5 bilhões são gastos, por ano, no aumento do consumo de combustíveis, na maior emissão de poluentes e na elevação do custo do transporte de cargas.

"O desgaste dos veículos, a poluição que geram e o aumento do consumo de combustíveis já são aspectos negativos de peso em qualquer análise econômica. Contudo, isso seria minimizado quando comparado ao valor econômico das horas de trabalho desperdiçadas e à perda de qualidade de vida das pessoas", afirma Cintra em seu estudo sobre o trânsito.

Por Tiago Dantas - Diário do Grande ABC
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