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DATA DA PUBLICAÇÃO 19/01/2016 | Geral
Mosquito transgênico reduziu população de Aedes em teste em SP
Empresa diz que inseto diminuiu em 82% larvas em bairro de Piracicaba.

Cidade no interior paulista deve abrigar nova fábrica que produz inseto.


A empresa britânica Oxitec anunciou nesta terça-feira (19) que seu mosquito geneticamente modificado conseguiu reduzir em 82% a quantidade de larvas do mosquito Aedes aegypti espalhadas por um bairro de Piracicaba (SP). A cidade vive um de seus maiores surtos de dengue, mas no bairro de Cecap/Eldorado, em 2015, foram registrados apenas nove casos de dengue após o uso do mosquito modificado - contra 124 notificações antes da ação.

O mosquito produzido pela empresa, com o nome comercial de “Aedes do bem”, possui uma alteração genética que torna sua prole estéril. O macho de DNA alterado, quando liberado, busca uma fêmea para fecundá-la e produz um ovo infértil, barrando a oportunidade de machos selvagens se reproduzirem.

Durante o período de uso da tecnologia em Piracicaba, 25 milhões de mosquitos machos estéreis foram liberados no bairro alvo do programa.
Os mapas dos níveis de infestação mostram que as liberações contínuas do 'Aedes do bem' estão prevenindo a explosão populacional do mosquito selvagem que, em geral, acompanha a estação chuvosa"
Glen Slade, diretor da Oxitec no Brasil

Os mosquitos, segundo a empresa, não contribuem para a transmissão da dengue e outras doenças, porque só a fêmea do Aedes aegypti pica.

O anúncio do sucesso do projeto ocorre em um evento que começou às 10h na praça José Bonifácio. A prefeitura da cidade anuncia que decidiu prorrogar por mais um ano o projeto com o inseto transgênico no Cecap e pretende estender a ação para o centro do município.

Segundo o prefeito, a cidade ganhará uma nova unidade de produção dos insetos com capacidade de atender uma população de 300 mil pessoas. A Oxitec já tem uma unidade em Campinas.

Tecnologia
A tecnologia do OX513A foi desenvolvida em 2002 por cientistas da Universidade Oxford (Reino Unido), que depois criaram a Oxitec. No laboratório, ovos dos Aedes aegypti receberam uma microinjeção de DNA com dois genes, um para produzir uma proteína que impede seus descendentes de chegarem à fase adulta na natureza, chamado de tTA, e outro para identificá-los sob uma luz específica.

Isso permite que, em condições controladas, a fábrica consiga fazer com que o inseto geneticamente modificado se reproduza. Uma vez solto no ambiente, porém, o macho se torna infértil.

O “Aedes do bem” é transgênico porque tem DNA alterado e possui material genético de outras espécies de organismo.

Testes iniciados em 2011 na cidade de Juazeiro, na Bahia, mostraram redução acima de 80% na população selvagem. Alguns experimentos apontaram resultados de 93% de redução do Aedes aegypti que vive na natureza. O uso dos insetos da Oxitec no Brasil foi feito em parceria com a organização Moscamed.

Como funciona
O objetivo da Oxitec é ser contratada pelo poder público para fornecer um pacote de serviços, que vai desde o treinamento de agentes públicos ao combate de possíveis epidemias de dengue.

A empresa já obteve aval da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para operar, porque a metodologia foi considerada segura. A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), porém, ainda não concedeu autorização para comercialização do serviço, por isso a capacidade da Oxitec para fechar negócios ainda é limitada.

DENGUE

Uma vez aprovada, o Brasil se tornaria o primeiro país do mundo a autorizar o uso dos mosquitos geneticamente modificados em caráter comercial.

No Cecap/Eldorado, o uso do Aedes transgênico teve o caráter de projeto de pesquisa. A prefeitura desembolsou R$ 150 mil para auxiliar os trabalhos, mas a Oxitec afirma ter entrado com um valor maior que esse para viabilizar o teste. A extensão do projeto a ser realizada no centro de Piracicaba também terá o caráter de teste.

Para espalhar o OX513A pelo município inteiro, porém, a empresa precisaria transformar o projeto em negócio.

Em julho de 2014, quando inaugurou sua fábrica em Campinas, a Oxitec divulgou o exemplo de uma estimativa de custo. Para conduzir um programa de combate ao mosquito numa cidade de 50 mil habitantes, seria preciso gastar entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões para o primeiro ano. Nos anos seguintes o custo anual cairia para R$ 1 milhão.

Segundo o prefeito de Piracicaba, Gabriel Ferrato (PSDB), a implementação do mosquito geneticamente alterado em Piracicaba vai cobrir uma área de 35 mil a 60 mil habitantes, quando o centro da cidade for incluído no projeto.

MICROCEFALIA

Comprovação
Para medir a eficácia do projeto em reduzir a população do mosquito, a proliferação do Aedes no Cecap foi comparada com a do bairro de Alvorada, a 1,5 km de distância, onde também havia infestação. Comparou-se a quantidade de larvas selvagens em dezembro 2015 na área tratada e o número foi dividido pela área controle. Depois, a quantidade de larvas selvagens em abril 2015 na área tratada foi dividida pela quantidade na área controle. A diferença entre essas duas medidas é que apontou redução de 82%.

“Os mapas dos níveis de infestação mostram que as liberações contínuas do 'Aedes aegypti do Bem' estão prevenindo a explosão populacional do mosquito selvagem que, em geral, acompanha a estação chuvosa”, afirmou Glen Slade, diretor da Oxitec no Brasil, em comunicado.

Em outros testes que realizou antes de Piracicaba, a empresa também relata ter tido bons resultados. Em Juazeiro (BA), um teste feito em um bairro na periferia da cidade em 201 obteve uma redução de 80% na população de larvas de Aedes aegypti. Na ocasião, foi medida também a população de mosquitos alados adultos, e a redução foi ainda maior: 95%.

Os resultados foram descritos num estudo que passou por revisão independente e foi publicado na revista “PLoS Neglected Tropical Diseases” em julho de 2015.

Em 2010, um teste nas ilhas Cayman, no Caribe, também obteve sucesso, com redução de 82% na população do mosquito. Um teste em Jacobina (BA) relatou redução de 79%.

Por Rafael Garcia - G1, em Piracicaba (SP)
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