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População dá ''jeitinho'' para esperar ônibus no Jardim Anchieta
DATA DA PUBLICAÇÃO 20/10/2016 | Cidade
Moradores do Jardim Ipê cobram melhorias
 Moradores do Jardim Ipê cobram melhorias Foto: André Henrriques/DGABC
Foto: André Henrriques/DGABC
Ruas esburacadas, mato alto, insegurança, ausência de escolas, de unidades de Saúde e de áreas de lazer. Essas são as condições precárias vividas pela população do Jardim Ipê, em Mauá. Apesar de o bairro ser próximo da região central, moradores reclamam do abandono por parte da Prefeitura de Donisete Braga (PT).

“Sofri uma queda e machuquei meu pé. Tive que me deslocar até a Vila Magini (bairro ao lado) para ser atendido”, relata o auxiliar de expedição Rafael Santos, 21 anos.

A atendente Michelle Ferreira Nascimento, 32, afirma que, no terreno situado na Rua Imbuia, altura do número 120, a promessa da Prefeitura era de que seria erguida escola. Parte da área – 1.300 m² – foi doada, em junho de 2014, para a entidade assistencial Instituto Tia Célia para a construção de creche, no entanto, por dificuldades financeiras, a instituição não tem prazos para que a obra seja concluída.

A outra parte do terreno, onde também deveria ter sido viabilizada unidade de ensino, conforme os moradores, se tornou ponto de descarte de lixo e entulho. Santos é um dos munícipes cuja filha, de 1 ano, aguarda vaga em creche.

Outra reclamação é a respeito da escassez de espaços para lazer no Jardim Ipê. Os únicos locais nos quais as crianças podem brincar são as ruas, além de campo de futebol localizado ao lado do terreno onde seria construída a escola. “Não tenho coragem de deixar minha filha brincar lá (no campo). Já vi várias crianças se machucarem. À noite é pior ainda, pois há muitos usuários de drogas”, reclama Michelle.

Como boa parte dos adolescentes das periferias brasileiras, David Almeida Silva, 12, alimenta o sonho de se tornar jogador de futebol. Mas, as condições do campinho do bairro atrapalham. “Tem muita pedra e vidro (no campo). Já cansei de me cortar. Tinham prometido construir uma quadra, mas nunca vi ninguém trabalhando nisso.”

A falta de segurança também preocupa a comunidade. Os pontos de ônibus do bairro são constantemente alvo de ações criminosas, principalmente nas primeiras horas do dia. O medo faz com que, parte dos moradores, evite sair de casa à noite.

Um dos pontos mais críticos é a parada de coletivo situada na Rua Imbuia, altura do 82. A neta da faxineira Maria Aparecida Padilha, 68, já foi assaltada duas vezes, neste ano. “Os sujeitos passam de moto e levam tudo o que as pessoas têm. A saída que a minha neta encontrou foi chamar duas ou três amigas para esperar o ônibus junto com ela.”

Maria Aparecida, que mora no Jardim Ipê há 34 anos, afirma que o bairro era mais seguro no passado. “Claro que havia ocorrências, mas eram ações internas, entre criminosos daqui e do Jardim Oratório. Não mexiam com pessoas de bem. Agora, temos medo de sair à noite”.

PERIGO NAS RUAS
Moradores destacam ainda outro perigo, este relacionado à imprudência de motoristas das linhas de ônibus municipais, operadas pela Suzantur. Conforme a comunidade, é comum observar coletivos circulando em alta velocidade pelo bairro, o que amplia os riscos de atropelamento.

Na manhã de ontem, a equipe do Diário flagrou um desses momentos de desrespeito por parte dos motoristas de coletivo. Um dos trabalhadores da empresa de ônibus percorreu, na contramão, trecho de aproximadamente 30 metros.

Questionada sobre o tema, a Prefeitura de Mauá não se pronunciou até o fechamento desta edição.

Por Nelson Donato - Especial para o Diário
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