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DATA DA PUBLICAÇÃO 24/03/2014 | Setecidades
Moradores de áreas de risco subestimam perigo
O último verão, que terminou na semana passada, foi atípico no Grande ABC pelo baixo índice de chuva e, consequentemente, nenhum registro de tragédia e morte por deslizamento. Esse quadro pode fazer com que moradores de áreas de risco subestimem os perigos com os quais convivem. Na região, mapeamento do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) mostra que 630 imóveis ainda estão nestas condições, sendo que apenas 39,3% deles foram removidos pelas prefeituras desde o início de 2014.

A Operação Verão deste ano, coordenada pela Defesa Civil Estadual, não registrou nenhuma ocorrência grave nas sete cidades. Com isso, a tendência é que a população fique em estado de tranquilidade, o que certamente dificulta o trabalho dos órgãos municipais, garante o diretor do núcleo de apoio da Defesa Civil Estadual, Marcelo Kamada. “Isso é uma questão cultural que precisa ser trabalhada”, diz.

A resistência para que moradores de regiões com alto risco de deslizamento aceitem deixar suas casas é uma das principais dificuldades listadas pelas administrações no processo de remoção de famílias. “Temos um trabalho educativo para que a pessoa tenha percepção do risco em que se encontra, entenda que está vulnerável e deixe o imóvel”, explica a diretora do Departamento de Defesa Civil de Santo André, Débora Diogo. Segundo ela, normalmente as pessoas acabam aceitando a oferta de auxílio-aluguel e inclusão em cadastro habitacional das prefeituras para receber moradia. No entanto, o trabalho é árduo.

“Consideramos algo até natural o fato de a população esquecer rapidamente da desgraça. É uma defesa para não ficar se amargurando no dia a dia”, afirma o pesquisador do laboratório de riscos ambientais do IPT, Eduardo Soares de Macedo. Para o especialista, a sensação não pode ser compartilhada pelas equipes de prevenção. “O monitoramento deve ser um trabalho contínuo porque basta uma semana de chuva constante com um pico de chuva forte para ocorrer o deslizamento”, destaca.

PREVENÇÃO

Exemplo da perda de noção do risco é o caso do pedreiro Nelson Sabino dos Santos, 59 anos. Removido de seu barraco localizado em encosta no núcleo Cipreste, no Jardim Irene, em Santo André, há duas semanas, ele revela que só se deu conta do perigo quando viu a equipe da Prefeitura demolir sua casa. “Percebi que faltava um palmo para que meu barraco desabasse. Ainda bem que não choveu neste ano”, ressalta.

O pedreiro integra lista das 94 remoções realizadas pela Prefeitura de Santo André desde o início do ano, após mapeamento do IPT em toda a região via Consórcio Intermunicipal. No entanto, a cidade ainda precisa retirar 228 famílias de regiões propícias a ocorrências de deslizamento.

Até o momento, 257 moradores da cidade foram notificados para que deixem suas casas. Mas nem sempre as famílias concordam com o processo. Caso da operadora de caixa Conceição Bezerra, 35, moradora do núcleo Cipreste há 15 anos. “O único problema são algumas rachaduras que apareceram depois de uma obra aqui na rua, mas não tem perigo”, considera.

Grande ABC avança na quantidade de remoções

O número de remoções emergenciais realizadas pelas sete prefeituras passou de 139 para 248 moradias desde o dia 10. Desde janeiro, os municípios da região notificaram 544 das 630 famílias instaladas em regiões com alto risco de deslizamento sobre a necessidade de deixar seus imóveis, 86,3% do total.

Em Santo André, o número de remoções avançou de 18 para 94, enquanto em Mauá, o total subiu de 44 para 77. Em todos os casos, os municípios irão arcar inicialmente com a totalidade do auxílio-aluguel, uma vez que o governo do Estado ainda não definiu a data de assinatura do convênio que possibilitará o repasse de 50% do valor do benefício às prefeituras, conforme compromisso assumido pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em dezembro.

Depois de Rio Grande da Serra, que não realizou nenhuma das 30 desocupações necessárias, Ribeirão Pires também apresenta situação preocupante, tendo em vista que retirou três dos 33 imóveis previstos. Em contrapartida, São Bernardo removeu quase 100% dos 63 imóveis apontados pelo IPT. O diagnóstico não destacou locais de extremo perigo em São Caetano.

Professor da UFABC (Universidade Federal do ABC) e especialista em gestão de riscos ambientais urbanos, Fernando Rocha Nogueira considera que o Grande ABC se destaca pelo fato de discutir a questão das áreas de risco de forma regionalizada via Consórcio Intermunicipal. Segundo ele, a junção dos esforços facilita o trabalho, tendo em vista a força política gerada.

O pensamento é compartilhado pelo pesquisador do laboratório de riscos ambientais do IPT, Eduardo Soares de Macedo. “Um município menor, como Rio Grande da Serra, por exemplo, talvez não tivesse como custear o mapeamento feito pelo IPT sozinho nem como solicitar auxílio do Estado para custear os aluguéis sociais das famílias de forma isolada”, destaca.

Por Natália Fernandjes - Diário do Grande ABC
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