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DATA DA PUBLICAÇÃO 03/11/2009 | Setecidades
Micro-ônibus atropela 4, mata 1 e causa protesto em Santo André
Um adolescente de 15 anos morreu e outras três pessoas ficaram feridas depois de serem atingidos por um micro-ônibus desgovernado por volta das 22h desta segunda-feira na região da Favela dos Ciganos, em Utinga, Santo André.

O micro-ônibus, que fazia a linha T-24 (Utinga/Capuava), vinha pela Avenida da Paz e perdeu o controle ao fazer uma curva para acessar a Rua Comendador Julio Pignatari, a poucos metros do ponto final que fica sob o viaduto Juvenal Fontanella.

O veículo só parou depois de bater na entrada de um bar, atingindo quatro pessoas que conversavam sentadas a uma mesa. "De repente o ônibus veio para cima. O motorista perdeu o controle porque estava em alta velocidade", afirmou José Carlos Costa, 45 anos, dono do bar.

O estudante Wesley Ribeiro da Silva, 15, foi atingido pelo coletivo e morreu no local. As outras três vítimas foram levadas por unidades do Resgate ao Pronto-Socorro Central de Santo André. O caso mais grave foi o do ajudante geral José Elandio da Cunha, 33, que sofreu fratura exposta na perna direita e teve de passar por cirurgia.

O também ajudante Adriano da Costa, 21, e a auxiliar de limpeza Maria Aparecida de Lima Araújo, 44, tiveram apenas escoriações e foram liberados depois de serem atendidos.

O motorista do micro-ônibus, Amarildo Mariano da Silva, 33, e o único passageiro que estava no veículo fugiram do local assim que aconteceu o acidente. Amarildo foi detido logo em seguida por policiais militares e levado ao 2º Distrito Policial, no bairro Camilópolis. Ele vai responder por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Segundo o delegado Roberto Von Haydin, o motorista pode ser condenado a até quatro anos de prisão e ainda ter a pena aumentada em um terço. "A lei prevê agravante para quem está dirigindo veículo de transporte de passageiros como nesse caso", explicou.

Amarildo não tem antecedentes criminais, mas vai permanecer preso até uma possível determinação da justiça para que responda pelo crime em liberdade. Haydin solicitou exame para constatar se ele estava alcoolizado e os primeiros resultados foram negativos. "A médica do Instituto Médico Legal de Santo André realizou o exame clínico nele e o resultado foi negativo. De qualquer forma, pedi também o exame de sangue, que demora um pouco mais para ficar pronto", comentou o delegado.

Tragédia - A morte violenta do estudante Wesley Ribeiro da Silva chocou os moradores da Favela dos Ciganos. O menino tinha pego R$ 2 para comprar um pacote de bolachas e foi atropelado assim que chegou ao bar, que fica debaixo da casa onde morava com a madrasta, o pai e uma irmã de 18 anos. "Eu fui lá e vi que era meu filho mesmo. Disse: não tem jeito. Eu vou ter que aceitar", lamentou o pai do adolescente, Delcide Ribeiro da Silva, 51.

Há dez meses, Wesley trabalhava com o pai em um estacionamento para caminhões perto de casa. "Ele dizia que queria ser igual a mim. Ele me ajudava para ficar do meu lado", contou o pai.

O encarregado Genivaldo Cassiano Silva, 45, trabalha na mesma empresa e tinha no adolescente um exemplo a ser seguido pelos jovens. "Todo o dia, a primeira coisa que ele fazia era ligar para a mãe. O sonho desse menino de comprar um carro quando completasse 18 anos acabou. Sempre vou lembrar dele dizendo isso para mim."

Apesar da tragédia, Delcide disse não ter raiva do motorista do micro-ônibus que atropelou seu filho, mas pede punição para Amarildo. "Foi uma imprudência. Não consigo ter raiva porque ele também tem família. Mas que a justiça seja feita. Ele tirou uma vida cheia de sonhos. Ele acabou com a minha vida e a da minha família. Não sei como vai ser daqui por diante."

Revolta - Revoltados com o acidente e com a morte de Wesley, moradores da Favela dos Ciganos partiram para a violência como meio de protesto. O micro-ônibus envolvido no atropelamento teve os vidros quebrados, assim como outro coletivo que passava pelo local, que foi depredado e incendiado. Armados com pedaços de paus, os manifestantes também destruíram as cabines do ponto final dos ônibus e atacaram a base dos fiscais da empresa.

O momento de maior tensão foi quando três funcionários tentavam remover com um guincho o ônibus incendiado. Quando passavam ao lado do viaduto Juvenal Fontanella, o trio encontrou a saída fechada por uma barricada em chamas.

Os moradores impediram que os funcionários seguissem com o guincho e eles foram arrancados de dentro do veículo a pauladas. "Eu nunca vi um negócio desses. Pensei que iria morrer", relatou o motorista Francinaldo Tomasini, 30, que teve escoriações nas mãos e nos braços.

O eletricista que estava no guincho fugiu correndo e só parou quando chegou na garagem da empresa, na Rua Guaianazes. O outro integrante do grupo de funcionários, Afonso Mariano da Silva, 58, é pai do motorista envolvido no atropelamento. "Trabalho há 40 anos. Nunca passei por isso. Levei dois socos na cabeça", contou.

A Polícia Militar foi acionada e, com balas de borracha, avançou sobre aproximadamente 150 pessoas que insistiam em atear fogo a pedaços de madeira, bloqueavam o acesso ao viaduto Juvenal Fontanella e gritavam palavras de ordem pelas ruas e vielas da Favela dos Ciganos.

Os manifestantes respondiam com pedras, mas recuavam diante da aproximação dos policiais, que tentavam dominar a situação.

Depois de quase uma hora de confronto, a PM deixou a região em aparente tranquilidade.

Por Evandro De Marco - Diário do Grande ABC
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