NOTÍCIA ANTERIOR
Brasileira é desclassificada e está eliminada no judô
PRÓXIMA NOTÍCIA
Luis Fabiano será reavaliado para saber gravidade de lesão
DATA DA PUBLICAÇÃO 01/08/2012 | Esportes
Meu objetivo é vencer Cielo, afirma Nathan Adrian
O norte-americano Nathan Adrian é hoje uma das principais barreiras entre o brasileiro Cesar Cielo e um segundo ouro olímpico na natação. Nas seminais dos 100 m nado livre nesta terça-feira (31), ele fez o segundo melhor tempo, com 47.97 segundos. Cielo fez 48.17.

Em entrevista à Folha, quando preparava-se no início do ano na Universidade da Califórnia, Berkeley, para os Jogos Olímpicos, ele contou como foi vencer Cielo em uma competição internacional há dois anos e mostrou-se confiante: "Meu objetivo é vencer Cielo [na Olimpíada]".

Adrian é filho de uma chinesa que deixou o país temendo as consequências da devolução de Hong Kong à China em 1997. Ele já ganhou um ouro na Olimpíada de Pequim com a equipe do revezamento 4 x 100 m dos EUA.

A seguir, os principais trechos da entrevista com o nadador.

*

Folha - Como foi ganhar a medalha de ouro nos últimos Jogos Olímpicos de Pequim?
Nathan Adrian -
Foi sensacional. Eu era apenas um nadador de revezamento, então eu ficava assistindo ao Jason Lezak perseguir o nadador francês. Foi um momento fantástico para mim, e eu consegui visualizar todo o trabalho e esforço que havia feito nos últimos anos culminar na medalha de ouro. Não são todas as pessoas que conseguem uma representação física do que investiram no esporte.

Quem você considera o melhor nadador da história?
(risos) Acho difícil discordar que seja o Michael Phelps. Mesmo em anos ruins, quando ele não treina muito, ele consegue ganhar medalhas em campeonatos mundiais, ganhar medalhas individualmente ou no time americano de revezamento.

Quem você considera o nadador mais rápido?
É difícil discordar que seja o Cesar (Cielo). Ele é muito consistente, e ninguém mais consegue fazer isso. Qualquer outro nadador tão ou mais veloz que ele não consegue manter sua velocidade consistentemente como ele. Portanto, é ele (risos).

Porém você o venceu no Pan Pacific de 2010 nos 100 m e nos 50 m...
Foi a primeira vez que venci um encontro internacional individualmente. Não entrei na piscina pensando que era eu contra ele, ou que ele era o adversário a ser vencido. Tentei competir com os outros sete nadadores, e ele era um deles, um dos nadadores mais rápidos da história. Eu acabei tocando a parede antes.

Foram dois centésimos nos 50 metros...
Sim. Se assistir às câmeras lentas, é insano. Não é possível dizer quem tocou primeiro.

Eu assisti no Universal Sports Channel, e no fim da transmissão o narrador da disputa, em suas próprias palavras, disse "Nathan Adrian acabou de vencer o nadador mais rápido da história." Esse foi o seu melhor momento?
Não. Honestamente, é difícil esquecer minha vaga no time olímpico de 2008, aos 19 anos. Especialmente no tipo de prova que eu disputo, nos Estados Unidos, de onde sai tanto talento. Mas tomara que o melhor ainda esteja por vir.

O que? Vencer Cielo nas Olimpíadas?
Sim, claro. Espero que qualquer nadador com quem você converse tenha o objetivo de vencer a Olimpíada. Qualquer um dos dez melhores no ranking mundial espera vencer. Isso é o que torna tudo tão difícil. São muitos nadadores e apenas um palmo os separa. Temos que prestar atenção aos detalhes, pois a competição é muito intensa. Nossas provas são vencidas pela diferença de dois centésimos, enquanto nadadores como Michael Phelps tipicamente vencem suas provas por um segundo, bem na frente dos outros. Portanto, sim, meu objetivo é vencer os 50 m e os 100 m. Porque não? Se tudo correr bem, acredito que posso ganhar uma medalha de ouro individual. E, sim, meu objetivo é vencer o Cielo. Ao mesmo tempo, se tudo der certo pra ele, quem sabe ele não quebre o recorde mundial? Ele certamente é um nadador veloz. Ele ainda detém os melhores tempos das provas de 50 m e 100 m nado livre, e eu tentei correr atrás destes tempos nos últimos dois anos, mas não consegui. Então ele está fazendo alguma coisa certa. Atletas são motivados pela luta. Eu quero a glória de obter uma medalha de ouro olímpica.

Qual é o seu ponto forte como nadador profissional?
Tudo o que preciso fazer é tocar na parede primeiro. Tento focar em outros aspectos da prova. Cielo, por exemplo, tem uma excelente largada. Preciso ficar perto dele porque nunca o venço na largada. Tento virar bem e manter o ritmo no empurrão. Pequenas coisas assim são o que eu tento focar. Eu tenho uma braçada muito forte e consigo criar e manter uma boa velocidade dentro da água. Acho que é o meu forte. Se olhar aquela prova onde venci o Cielo, vai ver que foi no final da prova. Ganhei nos últimos cinco metros.

Você olhava para o Cielo e os outros?
Eu tento não olhar. É intimidante. Não me traz benefício algum.

Qual atleta te inspira?
Gary Hall Jr. Ele competia uma vez a cada quatro anos. Mas ninguém conseguia ganhar dele quando competia.

Você pode falar um pouco sobre sua história familiar? A sua mãe é chinesa...
Correto. Ela é de Hong Kong, da época em que ainda era da Inglaterra. Ela nasceu e cresceu em Hong Kong até vir para a universidade. Ela cresceu lá mas estudava numa escola inglesa, educada em um sistema britânico. Uma grande parte da família da minha mãe resolveu se mudar para Vancouver, no Canadá. Decidiram que era hora de sair da China e vir para a América do Norte. A outra parte da minha família, do lado do meu pai, é de Indianápolis. Meu pai trabalhava fazendo partes para os carros da Ford e decidiu que não era exatamente o que ele queria fazer. Resolveu então cursar a Universidade de Portland. Minha mãe também veio para estudar na mesma universidade e eles se conheceram.

Porque deixaram a China?
Eles sabiam que Hong Kong ia ser devolvida à China, não tinham certeza de como ficaria sua situação (no dia 30 de junho de 1997, Londres devolveu Hong Kong à China, de acordo com a declaração conjunta assinada em 1984 que definia a devolução da província - com a condição de que fosse mantida uma "ampla autonomia"). Obviamente, está tudo indo bem e, na minha opinião, a China está fazendo um belo trabalho. Era uma forma de garantia. Mandar as crianças para cá, e oferecer a elas uma boa educação para serem auto-suficientes e não terem que depender de outros.

Porque a paixão da família pela natação?
Tenho um irmão e uma irmã que são nadadores. Ambos nadam mas nunca focaram na natação como eu. Meu irmão já nadou em competições nacionais e eliminatórias para as Olimpíadas, mas nunca conseguiu chegar a uma equipe olímpica.

O que diria a um garoto começando sua carreira de nadador?
Não é uma estrada fácil, mas no fim da estrada tudo vale a pena. Olhar o placar eletrônico e ver o número 1 ao lado do seu nome, ou o seu melhor tempo, ou o recorde americano, o recorde mundial, o recorde brasileiro, é a sensação mais gratificante que se possa imaginar.

Por Matheus Leitão, de Brasília - Folha Online
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Gerais - Clique Aqui
As últimas | Esportes
21/09/2018 | Tite convoca Pablo, Walace e Malcom para duelos contra Arábia Saudita e Argentina
20/09/2018 | Real Madrid atropela a Roma por 3 a 0 e inicia bem a luta pelo tetracampeonato
18/09/2018 | Jogador de vôlei que jogou em Santo André é encontrado morto na Espanha
As mais lidas de Esportes
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7689 dias no ar.