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DATA DA PUBLICAÇÃO 25/07/2008 | Política
Metade dos eleitores da região não tem Ensino Médio
Mais da metade dos eleitores da região (51,6%) não chegou a cursar o Ensino Médio. São 962 mil pessoas, o que equivale à soma dos habitantes de São Bernardo, São Caetano e Rio Grande da Serra. Os números revelam que, ao contrário do que se imaginava, o Grande ABC, como área industrializada, não tem qualificação de mão-de-obra. Além disso, indicam que quem decide o voto é o público menos escolarizado.

Mesmo assim, a média dos eleitores do Grande ABC que não chegaram ao Ensino Médio ainda é ‘melhor' do que a alcançada em território nacional: 64,6% ( 82,8 milhões). No ranking municipal, Rio Grande, Diadema e Mauá registram as piores notas. O único município abaixo da casa dos 40% é São Caetano, com ‘apenas' 34%.

Boa parte do eleitorado regional (32,5%) nem completou o ensino fundamental. Outros 10% das pessoas com direito a voto nas sete cidades são analfabetas ou capazes de ler e escrever, mas sem ter freqüentado a escola regular. O levantamento foi tabulado pelo Diário a partir de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

As médias municipais têm como base o número de eleitores de cada cidade. Nesse quesito, Rio Grande da Serra tem os piores índices de analfabetismo: 5,94%. A taxa de cidadãos que apenas sabem ler e escrever (chamados semi-analfabetos) é preocupante em Diadema, principalmente pelo alto número de programas oferecidos pela Prefeitura. Na lista do TSE, são 14,6% do total.

A secretária municipal de Educação, Rosa Arata, acredita que a tendência é diminuir a taxa nos próximos levantamentos. "Nós temos investido forte na política de educação. São 1.564 alunos matriculados no EJA (Educação de Jovens e Adultos), para 1ª a 4ª séries. No período de 5ª a 8ª, temos outros 2.538 estudantes. Os educandos do Mova (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) já somam 1.291, espalhados em 110 núcleos de atendimento", diz.

Apesar de reconhecer as necessidades do município, relatando os programas direcionados à área, a secretária questiona os dados declarados. "É difícil saber o que significa apenas ler e escrever para as pessoas. Isso pode ser avaliado apenas com teste. É uma condição ampla, que envolve conceito."

Em Rio Grande da Serra, o problema foi verificado pela Justiça Eleitoral. Em 18 de julho, 20 pleiteantes ao cargo de vereador tiveram de passar por um teste para comprovar que não eram analfabetos - eles não haviam entregue o atestado de escolaridade. O resultado foi a reprovação de sete pleiteantes.

Nível baixo de escolaridade dificulta análise de propostas
O nível baixo de escolaridade pode demonstrar que a riqueza da região - uma das mais industrializadas do País - não está refletida na qualificação de seus estudantes ou profissionais. "Os dados são interessantes porque colocam em xeque a idéia que temos de que há mão-de-obra qualificada por aqui. Apesar do alto número de empresas que, teoricamente, exigiram pessoas graduadas, o que se percebe é uma falta de escolaridade muito alta", diz o professor de Economia da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), Marcelo Carvalho.

Para o economista, os dados oficiais evidenciam a falta de políticas públicas para formação técnica ou superior. "O que se trabalha hoje são políticas-padrão, mas o que se precisa é de políticas específicas para mudar esse quadro", completa. E o investimento não pode ser apenas regional. O eleitorado brasileiro conta com 8 milhões de analfabetos, 20 milhões de pessoas semi-analfabetas e 44 milhões de cidadãos que não conseguiram completar o Ensino Fundamental.

Diante da urna, pessoas com menor capacidade de buscar e analisar informações são mais suscetíveis a fazer escolhas sem autonomia. "O fato de a pessoa não ser escolarizada não quer dizer que ela não saiba votar, mas indica que ela não tem capacidade crítica. Não é formadora de opinião e, por isso, pode não saber confrontar propostas e questionar os candidatos", diz o especialista da Fundação Getulio Vargas Marco Antônio Carvalho Teixeira.

A falta de informações ainda facilita a compra de votos. "A prática, porém, não acontece somente nessa faixa de eleitores, apesar de a baixa escolaridade ser um fator facilitador, principalmente com a urna eletrônica, que agilizou o processo", diz Teixeira.

O voto eletrônico foi implementado no Brasil em 1996, com o processo de informatização do sistema eleitoral. Já a permissão concedida a analfabetos de votarem é mais antiga. Foi autorizada em 1985, a partir de emenda constitucional que restabeleceu eleições diretas para a escolha do presidente da República. Com ela, analfabeto vota, mas não pode ser votado.

Média no ensino superior é alta; campanha, porém, deve ser simples.
Quando o percentual de ensino superior é avaliado, a região consegue média superior à nacional (3,4%). O índice de 4,3% dos eleitores graduados, porém, só é alcançado com a participação de São Caetano, o maior do Estado. A cidade soma 13,1% do eleitorado com diploma. Outros 9% dos votantes estão matriculados em faculdades ou universidades. Santos, no Litoral, é a que mais se aproxima, com taxa de 12,2%.

Na classificação superior da região, Santo André e São Bernardo estão tecnicamente empatadas em segundo lugar, com 5% dos eleitores formados. O número é razoável, se comparado ao restante do País (com índice 3,3%), mas abaixo de outras grandes cidades do Estado, como Ribeirão Preto (7,9%), Campinas (7,7%) e a própria Capital (7%).

"São Caetano está em boa posição, sem dúvida, mas deve-se analisar que a cidade serve apenas como dormitório para boa parte dos habitantes, que trabalham em municípios vizinhos que, muitas vezes, são mais politizados. As eleições deste ano comprovam isso. A disputa em São Caetano está morna, enquanto Santo André e São Bernardo têm mais atividade política. Eleitor escolarizado, às vezes, não quer dizer eleitor preparado", completa o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira.

O especialista em marketing político Sávio Ximenes Hackradt comenta que as diferenças de nível escolar numa mesma região ou cidade levam o político a priorizar o discurso. "Quem decide eleição é o público menos escolarizado no Brasil. Isso é histórico. A campanha, para prefeituras, Câmara ou outros cargos públicos, devem priorizar o eleitor com menor grau de instrução", diz.

Nessa linha de conceito, o trabalho deve ser focado no audiovisual. "Nossa cultura não é de leitura. Não é à toa que a televisão tem tanta interferência no País. Qualquer material impresso tem de levar em conta a escolaridade do município. Não se pode ter sofisticação de linguagem. Deve-se investir em muito visual, com pouco texto e de linguagem simples", explica Hackradt.

Por Adriana Ferraz - Diário do Grande ABC
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