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DATA DA PUBLICAÇÃO 19/01/2009 | Educação
''Meta é ampliar intercâmbios de alunos e pesquisadores'', afirma reitora da USP
Entre as principais metas da Universidade de São Paulo (USP), que completa 75 anos no próximo domingo (25), estão fortalecer a sua internacionalização, aumentar a sua contribuição com o desenvolvimento do país e tornar a instituição menos burocrática. Em entrevista ao G1, por e-mail, a reitora, Suely Vilela, faz um balanço sobre a contribuição da universidade para a sociedade e fala sobre a ampliação do ensino superior público.

G1 - Que metas a USP tem para os próximos anos?
SUELY VILELA –
A USP deve consolidar suas características como instituição de classe mundial. Um dos principais desafios é a necessidade de fortalecer sua internacionalização. Hoje, 380 convênios acadêmicos encontram-se em vigência e outros 370, em tramitação. Investe-se, também, no aumento de estudantes da USP em estágios no exterior e de docentes em intercâmbio com instituições estrangeiras. Entendemos que, além disso, é necessário atrair pesquisadores e estudantes estrangeiros em nossas atividades de graduação, pós-graduação e pesquisa. Programas de dupla titulação são estimulados assim como os programas conjuntos internacionais de pós-graduação. Para agregar valor ao conhecimento produzido pela USP e aumentar a contribuição com o desenvolvimento socioeconômico do país, a universidade tem diferentes iniciativas, como a Agência USP de Inovação. A descentralização administrativa e a desburocratização das atividades-meio da instituição também têm grande relevância no futuro que queremos para a USP.

G1 – Como a sra. avalia o papel da USP na sociedade?
VILELA -
A USP é uma das 200 melhores universidades do mundo, segundo os principais rankings mundiais. Esse resultado se deve ao esforço conjunto de seus quase 5,5 mil docentes, em torno de 15,5 mil funcionários e cerca de 80 mil estudantes, entre graduandos e pós-graduandos. Para se ter uma idéia, ao longo dos 75 anos de existência, a USP formou mais de 213 mil graduados e cerca de 89 mil pós-graduados, entre mestres e doutores. É a universidade que mais forma doutores no mundo, o que é estratégico do ponto de vista do desenvolvimento científico e tecnológico do país. Em média, são 2,2 mil títulos concedidos anualmente, o correspondente a 21% dos titulados no país. Algumas das principais universidades americanas ficam na faixa de 700 doutores por ano. Segundo levantamento feito de 1996 a 2006, a USP aumentou em 200% a sua produção científica.

G1 - Que contribuições da USP às ciências brasileira e internacional podem ser destacadas?
VILELA -
Podem-se destacar a construção do primeiro computador brasileiro, apelidado de Patinho Feio; o primeiro animal clonado a partir de células adultas, o bezerro Marcolino; as pesquisas na área de genética humana, que levam esperança de cura a milhares de pessoas com doenças degenerativas; a participação no seqüenciamento genético da Xylella fastidiosa, bactéria que infesta laranjais paulistas; os biocombustíveis; os avanços na TV digital e o Tanque de Provas Numérico, que simula o comportamento de estruturas flutuantes, como as plataformas marítimas de petróleo. Exemplos mais recentes são o transplante de células-tronco para o tratamento do diabetes tipo 1; a produção da primeira linhagem brasileira de células-tronco embrionárias; e a transformação de células-tronco de gordura em células musculares humanas, passo importante para o tratamento de distrofia muscular.

G1 - Há perspectivas de ampliação em relação a cursos e campi?
VILELA -
No que concerne à expansão da USP, hoje, um dos principais desafios da instituição é o aperfeiçoamento da formação de graduandos e pós-graduandos com visão empreendedora. Por outro lado, a expansão das atividades de ensino da universidade deve levar em conta a criação de cursos em áreas estratégicas. Os cursos novos mais recentes são o de direito e o de educação física e esporte, em Ribeirão Preto, engenharia em biossistemas e medicina veterinária, em Pirassununga, e engenharia de materiais e de manufatura, em São Carlos.

G1 – Como é possível ampliar o acesso ao ensino superior público de qualidade?
VILELA -
A ampliação do acesso ao ensino superior é uma importante questão educacional brasileira, que ultrapassa as fronteiras de nossa instituição. Hoje, apenas 17% dos jovens entre 18 e 24 anos estão matriculados em institutos de ensino superior. Assim, considero que a resposta a essa ampliação está justamente na diversidade de modelos de ensino superior, sejam eles a educação a distância, os centros universitários, as faculdades tecnológicas ou as universidades corporativas, que podem atuar efetivamente no enfrentamento desse desafio. Historicamente, a USP foi criada para ser um modelo de universidade plena, que contempla ensino, pesquisa e extensão universitária de forma indissociável. Os cursos a distância constituem-se alternativa para a expansão e esse é um tema que vem sendo discutido no âmbito da universidade.

G1 - Qual é o posicionamento da USP em relação à Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), projeto do Governo de São Paulo?
VILELA -
Desde 2005, algumas unidades de ensino e pesquisa da USP manifestaram o interesse em oferecer cursos de graduação a distância e desenvolveram projetos para viabilizar a criação desses cursos no âmbito da universidade. Uma dessas iniciativas, já aprovada pelo Conselho de Graduação, é o curso de licenciatura em ciências. Assim, a criação da Univesp veio ao encontro dos anseios de parte da comunidade acadêmica na implantação desse curso, que está sendo apreciado pelos órgãos colegiados da universidade.

G1 - O Inclusp foi criado para ampliar o número de estudantes oriundos da rede pública na USP. No entanto, o percentual fica abaixo dos 30%, apesar da ampliação dos bônus. Qual é a sua avaliação sobre os resultados?
VILELA -
Anualmente, no Estado de São Paulo, dos alunos que concluem o ensino médio, 85% são provenientes das escolas públicas e 15%, das escolas privadas. Tradicionalmente, na universidade, 75% dos egressos são sistema privado e 25%, da rede pública. O Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp) foi criado para minimizar essa distorção e mostra resultados promissores nesse sentido. Em 2007, a porcentagem de egressos de escolas públicas foi de 24% e, em 2008, esse índice chegou a 27%, o que representa cerca de três mil novos alunos. Em uma simulação sem o Inclusp, o número de estudantes da rede pública teria diminuído substancialmente.

G1 - Haverá alguma mudança no Inclusp para 2009?
VILELA -
Para 2009 e os próximos anos, a meta é aperfeiçoar mais o programa. Destaco a realização do Programa Embaixadores da USP, no qual alunos da universidade, que foram beneficiados pelo Inclusp, retornam às suas escolas de origem para incentivar seus colegas a prestar o vestibular da Fuvest; o programa de pré-iniciação científica, que aproxima os alunos do ensino médio da rede pública à pesquisa desenvolvida na universidade; e as políticas de permanência estudantil, que oferecem subsídios aos alunos com necessidades socioeconômicas.

G1 – Como a USP pretende marcar o seu aniversário de 75 anos?
VILELA -
A comemoração do Jubileu de Diamante da USP será norteada por atividades que visem o reconhecimento daqueles que desempenharam papel fundamental na história da instituição e que mostrem à sociedade tudo o que a USP produziu. Haverá, por exemplo, a exposição “USP em obras - A Construção da Cidade Universitária”, no Memorial da América Latina, e a exposição "Tesouros da USP", no Parque do Ibirapuera. Um terceiro aspecto é tratar da sua visão de futuro. Em workshops realizados em setembro e outubro do ano passado, foram debatidos os desafios da universidade, entre eles o de investir na internacionalização das atividades-fim, no avanço da pesquisa, na formação empreendedora, na sólida interação com a sociedade e, especialmente, no planejamento estratégico e na gestão institucional.

Por Fernanda Calgaro - G1, em São Paulo
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