DATA DA PUBLICAÇÃO 17/03/2016 | Cidade
Mês da mulher em shopping de Mauá é machista, dizem feministas
Para Ana Nice, diretora executiva e coordenadora da Comissão de Mulheres do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, mulher ainda é ‘objeto de desejo’. Foto: Amanda Perobelli
Marcha Mundial das Mulheres critica ação publicitária, que trata a mulher como um objeto e estipula padrões de beleza
“Sempre magra e linda.” “Pense magro.” Com estas mensagens, uma ação do Mauá Plaza Shopping pelo Mês da Mulher foi considerada machista por entidades feministas. Palestras e serviços, realizados desde o início de março, são carregados de estereótipos e estipulam padrões de beleza, o que fica visível no folheto distribuído para divulgar as atividades.
Profissionais foram convidados pelo shopping para abordar diversos temas que, supostamente, seriam de interesse das mulheres. Contudo, o shopping deixou de fora a luta por direitos, real motivo para o dia 8 de março. A Marcha Mundial da Mulher enviou uma nota de repúdio à ação, ressaltando o fato de que as atividades vão contra os princípios do movimento feminista.
Uma das integrantes da Marcha, Flávia Bigai, avaliou que o corpo da mulher foi retratado como uma “disputa das empresas”, em que o ambiente comercial tenta retratar um padrão ideal. “Não podemos admitir que esta data seja utilizada para excluir a mulher enquanto sujeito da ação política. Ignorar a luta das mulheres é ignorar nossa história, é ignorar a luta do povo.”
As ações programadas abordam temas como cirurgia plástica, como fazer a maquiagem “favorecer”, como estar sempre magra e linda nas fotos, além de dicas para cuidar dos filhos. “O comércio se apropria da luta das mulheres para reforçar algo que o movimento feminista nega: o modelo de uma identidade feminina construída em torno do mundo doméstico, onde cabem às mulheres as responsabilidades do lar e educação dos filhos”, considerou Flávia.
Folheto de shopping é considerado machista por militantes feministas. Foto: Reprodução
MULHER COMO OBJETO
O padrão de beleza estereotipado no folheto que divulga a ação também pode incitar ainda mais a violência contra a mulher. O mês da mulher tem a missão justamente contrária, conforme a visão de Ana Nice Martins, diretora executiva e coordenadora da Comissão de Mulheres do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. “Se você não está dentro desses padrões é rejeitada e tratada de forma discriminatória.”
Uma das principais bandeiras do movimento em prol do direito das mulheres é justamente deixar de coisificar a mulher. “Os comerciais ainda trazem a mulher como objeto de desejo, que tem um padrão estético”, avaliou Ana Nice.
Na visão de Silmara Conchão, secretária de Políticas para Mulheres de Santo André, a ação reforça a ditadura da boa forma, grande motivo para causar baixa autoestima. Uma forma correta de fazer a campanha seria unir o marketing à questão política e ideológica. “É um marketing puramente capitalista e machista, reforçando padrões e modelos irreais.”
A administração do shopping foi procurada pelo ABCD MAIOR para comentar a ação e o conteúdo do folheto, mas preferiu não se manifestar.
“Sempre magra e linda.” “Pense magro.” Com estas mensagens, uma ação do Mauá Plaza Shopping pelo Mês da Mulher foi considerada machista por entidades feministas. Palestras e serviços, realizados desde o início de março, são carregados de estereótipos e estipulam padrões de beleza, o que fica visível no folheto distribuído para divulgar as atividades.
Profissionais foram convidados pelo shopping para abordar diversos temas que, supostamente, seriam de interesse das mulheres. Contudo, o shopping deixou de fora a luta por direitos, real motivo para o dia 8 de março. A Marcha Mundial da Mulher enviou uma nota de repúdio à ação, ressaltando o fato de que as atividades vão contra os princípios do movimento feminista.
Uma das integrantes da Marcha, Flávia Bigai, avaliou que o corpo da mulher foi retratado como uma “disputa das empresas”, em que o ambiente comercial tenta retratar um padrão ideal. “Não podemos admitir que esta data seja utilizada para excluir a mulher enquanto sujeito da ação política. Ignorar a luta das mulheres é ignorar nossa história, é ignorar a luta do povo.”
As ações programadas abordam temas como cirurgia plástica, como fazer a maquiagem “favorecer”, como estar sempre magra e linda nas fotos, além de dicas para cuidar dos filhos. “O comércio se apropria da luta das mulheres para reforçar algo que o movimento feminista nega: o modelo de uma identidade feminina construída em torno do mundo doméstico, onde cabem às mulheres as responsabilidades do lar e educação dos filhos”, considerou Flávia.
Folheto de shopping é considerado machista por militantes feministas. Foto: Reprodução
MULHER COMO OBJETO
O padrão de beleza estereotipado no folheto que divulga a ação também pode incitar ainda mais a violência contra a mulher. O mês da mulher tem a missão justamente contrária, conforme a visão de Ana Nice Martins, diretora executiva e coordenadora da Comissão de Mulheres do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. “Se você não está dentro desses padrões é rejeitada e tratada de forma discriminatória.”
Uma das principais bandeiras do movimento em prol do direito das mulheres é justamente deixar de coisificar a mulher. “Os comerciais ainda trazem a mulher como objeto de desejo, que tem um padrão estético”, avaliou Ana Nice.
Na visão de Silmara Conchão, secretária de Políticas para Mulheres de Santo André, a ação reforça a ditadura da boa forma, grande motivo para causar baixa autoestima. Uma forma correta de fazer a campanha seria unir o marketing à questão política e ideológica. “É um marketing puramente capitalista e machista, reforçando padrões e modelos irreais.”
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