NOTÍCIA ANTERIOR
Jeep Compass ganha nova geração a partir de R$ 99.990
PRÓXIMA NOTÍCIA
Ford Fiesta 2017 ganha novas versões; preço parte de R$ 51.990
DATA DA PUBLICAÇÃO 28/09/2016 | Veículos
Mercedes faz 60 anos e encolhe em 20% planta de São Bernardo
A Mercedes-Benz do Brasil completa hoje 60 anos. Em 28 de setembro de 1956, a montadora alemã inaugurava sua sede brasileira na Vila Pauliceia, em São Bernardo. A solenidade, que marcou o lançamento do primeiro caminhão produzido em território nacional, contou, inclusive, com a visita do então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek.

No ano em que celebra seis décadas de existência em território nacional – e regional –, porém, a companhia passa por dificuldades devido à forte crise econômica, que tem reduzido drasticamente a demanda por veículos comerciais, os carros-chefes da marca. Somente neste ano, de acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as vendas de caminhões da empresa caíram 23,5%, somando 10.044 unidades. As de ônibus recuaram 24,7%, com 4.745 exemplares.

Ao mesmo tempo, a montadora passou a enxergar excedente de 2.500 trabalhadores na planta são-bernardense e, em duas etapas de PDV (Programa de Demissão Voluntária), enxugou em 20% o efetivo da unidade. Em maio, havia em torno de 9.800 empregados, e numa primeira rodada, que começou em junho com teto de R$ 115 mil conforme o tempo de casa, e baixou para R$ 85 mil em julho, conseguiu a adesão de 638 profissionais. Em agosto, diante da inércia do mercado de pesados, elevou a proposta para R$ 100 mil, válidos para qualquer funcionário. Recrutou outros 1.047 diante de pressão e do aviso de que haveria cortes involuntários. Após o término do prazo, enviou telegrama a 370 operários informando sobre o encerramento do contrato de trabalho. Ao todo, portanto, 2.055 pessoas perderam o emprego em um intervalo de quatro meses.

Agora, a fábrica da região conta com 7.745 profissionais e, ainda, reconhece excedente de 500 deles, que entram em lay-off (suspensão do contrato de trabalho) em outubro, por cinco meses. A companhia afirma que, se não houver melhora nas vendas até lá, eles serão demitidos. Para efeito de comparação, nos anos 1990 a empresa possuía cerca de 13 mil trabalhadores.

TROCA DE PAPÉIS

Em visita às instalações da Mercedes em Stuttgart, na Alemanha, no início do mês, para acompanhar o lançamento da Vison Van – veículo movido por motor elétrico e controlado por espécie de joystick, como num vídeogame – o Diário apurou que, na matriz, a situação é diametralmente oposta à da sede brasileira. “O ano de 2015 foi o melhor da história. E o primeiro semestre de 2016 está sendo ainda melhor”, celebrou o diretor executivo de vans da Mercedes-Benz, Volker Mornhinweg. Para se ter ideia, no segmento que chefia, a comercialização, nos primeiros seis meses, cresceu 21% em relação ao mesmo período do ano passado.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, lembra que, em 2011, quando a crise estava centrada nos países europeus, e no Brasil havia recorde de vendas – foram comercializados 75 mil veículos em solo brasileiro –, houve generosos repasses à matriz alemã. “Agora seria o momento de a montadora retribuir a ajuda enviada pelas fábricas brasileiras. Ainda mais porque quem está superando marcas de comercialização agora são as unidades alemãs”, afirma. “Embora a Mercedes esteja vendendo menos no País, nos últimos meses, devido às dificuldades da economia, as operações brasileiras são, historicamente, muito rentáveis. E até 2013 ainda geravam muitos ganhos à companhia.”

De acordo com o sindicalista, com base em dados do Banco Central, as montadoras no País enviaram remessas às suas matrizes que somaram US$ 22 bilhões de 2008 a 2013. “Em sua história no Brasil, a Mercedes quase sempre liderou o mercado de caminhões e ônibus, e está entre as três empresas que mais remetem recursos às sedes.”

Marques revela que a entidade acionou executivos da direção mundial para tentar frear o processo de demissões em São Bernardo, e reverter os cortes dos 370. Segundo ele, o comando brasileiro tem conversado apenas sobre os casos em que os operários têm estabilidade, sem precisar quantos são, mas em relação ao restante, diz que não tem como suportar o excesso de trabalhadores. “Na crise na Alemanha não houve tanta dispensa. Até porque eles usaram bem o PPE (Programa de Proteção ao Emprego – que reduz jornada de trabalho e salários em até 30%), modelo no qual nos inspiramos para criar o brasileiro. Algumas indústrias, inclusive, o utilizaram por até 24 meses, a fim de evitar demissões em massa”, assinala. “Aqui, a Mercedes não quis renovar a adesão ao programa e, ainda, realizou demissão sumária.”

O sindicalista aposta na melhora da economia no ano que vem, o que deve ajudar o segmento e gerar maior demanda por veículos comerciais. Além disso, ele diz que aguarda maior debate em torno da renovação da frota de caminhões que, a partir de incentivos do governo, permitiria a troca de caminhões usados por novos, por exemplo, o que reaqueceria o setor.

APORTES

A Mercedes destaca que a planta da região é a maior do Grupo Daimler fora da Alemanha. “Em situação estável da economia, o Brasil é o maior mercado de caminhões da marca Mercedes-Benz. Também é um dos maiores mercados de ônibus para o grupo.”

A montadora também afirma que, entre 2015 e 2018, tem investido R$ 530 milhões para modernização da fábrica do Grande ABC. Isso sem contar aportes de R$ 230 milhões para modernização da fábrica de Juiz de Fora (Minas Gerais) e de R$ 70 milhões no Campo de Provas de Iracemápolis (para caminhões e ônibus). (Colaborou Vagner Aquino)

Por Soraia Abreu Pedrozo - Diário do Grande ABC
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Gerais - Clique Aqui
As últimas | Veículos
19/09/2018 | Volkswagen faz recall de uma unidade do Tiguan Allspace
19/09/2018 | Detran.SP leiloa 287 veículos na Grande São Paulo
18/09/2018 | Prefeitura de SP lança site para divulgar dados sobre acidentes de trânsito
As mais lidas de Veículos
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7719 dias no ar.