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DATA DA PUBLICAÇÃO 25/08/2015 | Economia
Mercedes-Benz demite 1.500 operários dia 1º
Trabalhadores da Mercedes-Benz em São Bernardo decretaram greve por tempo indeterminado após a empresa anunciar cortes na produção. A decisão foi tomada em assembleia realizada na manhã de ontem em frente à fábrica. À tarde, a montadora informou que cerca de 1.500 funcionários serão dispensados a partir do dia 1º de setembro – equivalente a 15% do efetivo da unidade da região, que totaliza 10 mil pessoas, sendo 7.000 no chão de fábrica. O motivo das dispensas é a queda nas vendas de caminhões em todo o País, de 43,1% de janeiro a julho, e de ônibus, de 28,6%, o que gerou ociosidade de 50% na planta são-bernardense e excedente de 2.000 empregados.

Esta é a maior demissão realizada por uma montadora do Grande ABC desde 1998, quando 4.062 trabalhadores da Volkswagen aderiram a um PDV (Programa de Demissão Voluntária). Neste ano, na região, até julho, as fabricantes de veículos já eliminaram cerca de 2.500 vagas – por exemplo, foram 800 na Volkswagen, 608 na General Motors, 500 na própria Mercedes e 206 na Ford.

Em nota, a montadora informa que “tem adotado desde o início de 2014 várias medidas para tentar gerenciar o excesso de pessoas frente à drástica queda nas vendas de caminhões e ônibus no mercado brasileiro, como banco de horas, semanas curtas, férias e folgas coletivas, licenças remuneradas e várias oportunidades de desligamento voluntário acordadas com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e os funcionários”.

Na semana passada a Mercedes confirmou que faria demissões, sem revelar o número, depois que fracassaram as negociações para inclusão da empresa no PPE (Programa de Proteção ao Emprego) – pacote criado pelo governo federal no mês passado que permite a redução da jornada de trabalho e do salário pago pelo empregador em até 30%. O sindicato é favorável ao plano, mas a montadora alega que seriam necessárias outras medidas para redução de custos. Em julho, a companhia propôs diminuição de 20% na carga horária e de 10% nos vencimentos, além de reajuste abaixo da inflação no ano que vem e congelamento das faixas salariais. A proposta, entretanto, foi rejeitada pela categoria.

O ex-presidente do sindicato e atual secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Sérgio Nobre, afirma que a entidade está disposta a retomar as negociações, desde que haja avanços. “Se houver o retorno da proposta que foi rejeitada, não haverá acordo. É princípio do sindicato que proposta rejeitada não volta mais. Temos que construir uma coisa nova.”

Mesmo garantindo que a antiga oferta não será levada em consideração, Nobre avalia que a postura do sindicato não é intransigente. “Somos porta-vozes dos trabalhadores. Quando a gente vai falar com a empresa, a gente não vai falar aquilo que a gente pensa, e sim o que o trabalhador pensa. Por isso que, quando houve a votação da proposta, a gente fez questão que fosse em urna, para que os empregados pudessem votar com toda tranquilidade, sem pressão de ninguém. E o resultado foi expressivo: 74% foram contra. Então, o sindicato não pode negociar o que 74% da fábrica rejeitou.”

VIA CORREIOS - Os telegramas para os funcionários que serão demitidos começaram a ser enviados na semana passada, o que desencadeou clima de apreensão e indignação entre os trabalhadores. Um torneiro ferramenteiro que não quis se identificar completa no dia 1º – data marcada para efetuação das demissões – 29 anos de casa. Na semana passada ele foi comunicado que está entre os demitidos. “Esse é o presente que ganhei após me dedicar tanto”, lamenta. Outro colaborador, um operador de máquina pai de dois filhos pequenos, também recebeu o telegrama. “Minha mulher está desesperada. Mas tenho esperança de que consigamos reverter isso.” Ele faz críticas aos trabalhadores da empresa por terem rejeitado a proposta feita em julho. “O problema foi criado por nós mesmos. O pessoal foi muito ganancioso”, reclama. Segundo o metalúrgico, dos 70 funcionários do seu setor, 17 já foram notificados sobre o corte. (Colaborou Soraia Abreu Pedrozo)

Vendas de caminhões caíram 43,1%

O número de caminhões vendidos em todo o País teve queda de 43,1% entre janeiro e julho de 2015 na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 43,7 mil unidades licenciadas no Brasil nos sete primeiros meses, ante 77 mil em 2014. Considerando apenas o mês de julho, o tombo é ainda maior, de 47,6%. Os dados são da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Já os ônibus tiveram as vendas reduzidas em 28,6% neste ano, caindo de 15,5 mil para 11 mil unidades. Na comparação de julho, a diminuição é de 34,6%.

Para tentar estimular a produção de veículos, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC pede ajuda dos governos federal e estadual. Na esfera nacional, o ex-presidente da entidade e atual secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Sérgio Nobre, destaca a aprovação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego) e a abertura de crédito do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para o setor automotivo.

Já em relação ao Estado, o sindicalista sugere a revisão das alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para as montadoras. “A gente sabe que o ICMS de São Paulo é um dos mais caros do País. Essa é uma queixa que todas as empresas fazem. O governo pode fazer muito no sentido de subsidiar, neste momento, as companhias que têm dificuldade, tendo como contrapartida o emprego”, sugere.

No início do mês, o secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho, José Luiz Ribeiro, participou de reunião com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, para discutir medidas que possam evitar as demissões na montadora. Em nota enviada ontem ao Diário, a Pasta informou que tanto a entidade quanto a Mercedes “disseram não haver necessidade dele (secretário) intervir, até porque, o processo já estava em negociata”. O texto diz ainda que Ribeiro “deixou as portas da secretaria abertas” e recomendou aos demitidos que procurem o PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), que auxilia na intermediação de mão de obra.

Programa encerrado no dia 14 contabilizou apenas 40 adesões

Encerrado no dia 14, o PDV (Programa de Demissões Voluntárias) aberto na fábrica da Mercedes em São Bernardo teve poucas adesões. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cerca de 40 pessoas se inscreveram e optaram por deixar a empresa. Foi o terceiro plano do tipo aberto na unidade desde o começo do ano.

“O número é muito pequeno porque o PDV é interessante para quem já tomou ou está perto de tomar a decisão de sair, caso de quem tem algum projeto, quer mudar de emprego ou está próximo da aposentadoria”, explica o ex-presidente do sindicato Sérgio Nobre, que hoje é secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Ele acrescenta que, diante do cenário de incertezas sobre a economia do País, são poucos os que se arriscam a deixar uma empresa para tentar realizar projetos pessoais.

Para Nobre, os cortes na Mercedes geram consequências para a região como um todo. “O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) tem números que mostram que, a cada trabalhador que sai da montadora, saem mais quatro na cadeia de produção. Ou seja, considerando o excedente de 2.000 empregados, outros 8.000 ficariam desempregados. Isso gera uma desestruturação na vida de 10 mil pessoas.” Os desligados também afetam outros setores, como comércio e serviços, já que a renda da população diminui e, com isso, caem também os gastos nesses estabelecimentos.


Por Fábio Munhoz - Diário do Grande ABC
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