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DATA DA PUBLICAÇÃO 21/06/2008 | Educação
MEC divulga avaliação com erros
O governo federal divulgou as notas do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) com erros de digitação que comprometem a avaliação individual de algumas unidades escolares. A falha fez com que a Emeief (Escola Municipal de Ensino Infantil e Ensino Fundamental) Luiz Gonzaga, de Santo André, fosse avaliada como a pior do Estado nos ciclos de 1ª a 4ª séries.

O Ideb é um raio X do ensino do País, similar ao que ocorre em São Paulo com o Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo). As notas de cada escola são formadas pela combinação do desempenho dos alunos em um exame nacional e o percentual de aprovação para a próxima série.

Foi nesse cruzamento de informações que houve a falha. A tabela divulgada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação), mostra que a turma de 4ª série da Luiz Gonzaga teve apenas 2,8% de aprovações. "O que não faz nenhum sentido. Não temos sistema de aprovação automática, mas trabalhamos para que os alunos avancem de série. Cerca de 98% dos alunos daquela escola passaram", explica a secretária de Educação e Formação Profissional de Santo André, Maria Helena Marin.

A Prefeitura de Santo André especula que os números de aprovados foram lançados como reprovados, despencando a nota da escola. A média da Luiz Gonzaga foi 0,6. Em 2005, na última edição do exame, foi 4,5. O valor estava dentro da média do município. Este ano, com os dados corretos, a escola teria nota 4,8.

A Emeief Luiz Gonzaga fica no Parque Erasmo Assunção e tem 832 alunos. Outra escola de Santo André teve o mesmo problema. A Emeief Cecília Maria, do Jardim Cecília Maria, teve média de 1,5, quando o correto seria 5,4.

A média municipal de Santo André é 4,2. Certamente o erro prejudicou o dado, mas para saber a média correta seria necessário pegar as notas de todos os alunos da cidade e cruzar com os dados de aprovação.

"O que preocupa é a imagem negativa que teriam os alunos, pais, professores e mesmo a cidade. A meta do governo federal é que as escolas cheguem em 2010 com média 6. Estamos bem próximos dessa nota", ressalta Maria Helena Marin.

O Estado de São Paulo é o único da federação que intermedia o envio dos dados das escolas para o Inep. As cidades repassam os resultados para a Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo), que os transmite à Brasília.

A Prefeitura trabalha com a possibilidade de que o erro no abastecimento do banco de dados tenha ocorrido na autarquia paulista.
A Prodesp informou ontem à tarde que não teria como fornecer imediatamente um parecer sobre o assunto, que estaria em análise.

Outros erros
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a Capital também teve sua nota prejudicada por falhas no sistema. Alunos que pediram transferência, abandonaram a escola ou morreram, teriam sido computados como reprovados, influenciando as médias de diversas escolas daquela cidade.

Presidente do Inep nega que falhas tenham sido propositais

A presença de erros no relatório do Ideb ofuscou a divulgação dos dados. O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes,deu uma entrevista coletiva em São Paulo para negar que as falhas tenham sido propositais - que prejudicariam os municípios em ano de eleições.

O Inep reconheceu que há erros no processamento de informações. Mas, segundo o órgão, caberia aos municípios a alimentação dos bancos de dados que compõem as notas.

A defesa é que as tabelas preenchidas erradas foram feitas pelas prefeituras. O Inep não descarta que haja outros erros além daqueles encontrados em Santo André e na Capital.

O órgão também não descarta que os equívocos tenham ocorrido nas dependências da Prodesp, responsável pelo recebimento e retransmissão dos dados em São Paulo. Detectados os erros, a orientação do governo federal às cidades prejudicadas é o reenvio de informações.

O Ideb é um resultado contínuo, e as notas podem ser corrigidas a qualquer instante - sem prazos para os municípios.

Região tem média inferior ao Estado em avaliação da Educação

Descontados os erros no resultado do Ideb (Índice de Desempenho do Ensino Básico), o balanço mostra o Grande ABC como uma área de ensino com qualidade inferior ao restante do Estado e semelhante à média do País.

Para o governo federal, a qualidade do ensino na região é igual a 2005. A diferença é que, naquele ano, tanto o Estado quanto o País tiveram resultados inferiores. A Educação da região teria estacionado, enquanto progrediu nas outras regiões.

As escolas de 1ª a 4ª séries - a maioria delas administradas pelas prefeituras -, foram melhor avaliadas. Dez obtiveram nota igual ou superior a 6, resultado que é esperado pelo Ministério da Educação para daqui há dois anos. Seis delas são de São Bernardo, três de Santo André e uma - a única estadual nesta lista -, de Mauá. As escolas de São Caetano de 1ª a 4ª séries não foram avaliadas.

No ensino de 5ª a 8ª séries, o quadro é menos otimista. Não há escolas com média acima de 5,5. Há pelo menos uma escola de cada cidade da região na relação, exceto Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

A prova do Ideb tem perguntas de português, matemática e um questionário geral. A secretária de Educação de Santo André, Maria Helena Marin, avalia como positiva a iniciativa de incluir o percentual de aprovação das classes na composição da média. "Mostra quanto tempo leva para o aluno atingir a nota da escola", afirma.

O cálculo é feito pela divisão da média de tempo para que o aluno avance em cada ano pela média padronizada da escola.

Entre as 21 piores escolas de 5ª a 8ª séries do Grande ABC (as três com notas mais baixas de cada cidade), 81% delas tiveram um desempenho melhor do que no exame passado. Já entre as 35 melhores unidades de ensino (cinco de cada município), 37,5% obtiveram nota mais baixa do que haviam conseguido em 2005.

A Secretaria de Estado da Educação, responsável pelas escolas de 5ª a 8ª séries da região, informou que não comentaria os resultados da avaliação feita pelo governo federal.

Exames ainda não trouxeram mudanças

Avaliações como o Ideb e o Idesp (Índice de Desenvolvimento do Ensino do Estado de São Paulo) vão demorar para trazer mudanças concretas no cotidiano do ensino público. Mas são ferramentas das quais não se pode abrir mão para a melhoria do ensino. Essa é a opinião da diretora da Faculdade de Educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Marina Feldman.

"As avaliações são uma forma de levar à sociedade as críticas e avaliações do ensino. Mas a co-relação entre a denúncia e as mudanças é muito pequena. Existem os conjuntos de diagnósticos, mas faltam as medidas de controle", acredita a professora.

Para a educadora, a divulgação de resultados como o Ideb tem efeito muito mais midiático do que prático. "Os resultados vão para os jornais, explica-se, fala-se sobre os problemas, mas depois, nada: as salas de aula continuam abandonadas e sem professores", diz.

A professora conclui que, atualmente, essas avaliações não geram a mudança de rumos que poderiam.

Por Bruno Ribeiro - Diário do Grande ABC
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