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DATA DA PUBLICAÇÃO 26/02/2012 | Cidade
Mauá tem duas das cinco maiores favelas do Estado
Mauá tem duas das cinco maiores favelas do Estado Complexo Zaíra, onde fica a favela Chafik-Macuco, que tem mais de 35 mil habitantes. Foto: Luciano Vicioni
Complexo Zaíra, onde fica a favela Chafik-Macuco, que tem mais de 35 mil habitantes. Foto: Luciano Vicioni
Chafik/Macuco e Jardim Oratório têm juntas cerca de 50 mil moradores

Mauá, que concentra cerca de 415 mil habitantes, possui hoje duas das cinco maiores favelas do Estado, onde moram aproximadamente 12% da população, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Se consideradas todas as favelas da cidade, um a cada grupo de cinco moradores (20%) vive em comunidades.

Chafik/Macuco, localizada dentro do complexo do Zaíra, é a quinta maior favela do estado em número de habitantes, ficando em terceiro entre as maiores da Região, atrás apenas da Vila São Pedro, em São Bernardo, e do Jardim Oratório, também em Mauá.

A diferença do Chafik/Macuco para a quarta maior comunidade do ABCD, o Jardim Oratório, é de apenas 10 habitantes, o que significa que as posições na lista das maiores comunidades podem ter sido alteradas no ano passado. Os dados são do Censo 2010 do IBGE. Com 25.761 moradores, figura na 22ª posição das 100 maiores favelas do País.

O Chafik/Macuco pode ser considerado o embrião do complexo do Jardim Zaíra, bairro que hoje possui seis divisões e aglomera cerca de 100 mil moradores, quase um quarto da população do município. Isso porque o local deu origem ao bairro e seus desdobramentos, quando foi loteado pelo ainda proprietário legal dos terrenos, Chafik Mansur Sadek.

Ruas largas e vielas - A parte baixa da comunidade possui ruas largas e cobertas por um asfalto já muito gasto e deteriorado, enquanto na viela do Café, local onde já houve desmoronamento de encostas que deixou vítimas fatais em janeiro de 2011, as ruas são extremamente estreitas e cobertas por barro, que nas épocas de chuvas se transformam em lama e dificultam ainda mais o acesso ao local mais alto do complexo Zaíra.

Na área, boa parte das famílias teve suas casas desapropriadas pela defesa civil por conta do alto risco de deslizamento do terreno. No entanto, o que a reportagem encontrou indo ao local é que essas famílias já retornaram para as casas, e nenhuma delas tem previsão de sair dali. É um cenário marcado por casas abandonadas, algumas delas parcialmente demolidas, outras casas em locais de risco sendo habitadas, e uma imensa aglomeração de pessoas, que dividem espaços públicos, como a rua, com dificuldade.

Esse é o caso do ajudante geral Arnóbio Francisco, 48 anos, que, sem alternativas, se viu obrigado a retornar para a área de risco do Macuco. “Eu saí com meus filhos e minha mulher, mas não encontramos casa para alugar e não dava mais para ficar importunando os familiares. Este ano não tem chovido tanto, então achamos que dava para ficar”, afirma o morador, que há 27 anos vive no local.

Um quinto - Ao todo, Mauá possui 35 favelas, sendo que 20,2% da população, ou 84.041 pessoas, vivem nessas comunidades. As famílias do Chafik/Macuco representam 6,2% do total da população do município.

Nesta realidade está Altair Justino da Silva, 49 anos, nascido e criado na comunidade. Mesmo com todos os problemas de infraestrutura que o bairro sofre, dali, Silva afirma que só sai para o cemitério.

“A porta da minha casa está sempre destrancada, meus filhos ficam na rua o dia todo e quando paro o carro é sempre com vidro e portas abertas. Aqui eu faço o que eu quero, eu conheço todo mundo, me sinto seguro. É claro que temos problemas, mas o que queremos é que esses problemas sejam resolvidos, que o bairro seja urbanizado, com esgoto canalizado. Mas sair daqui ninguém quer não.”

Jardim Oratório passa por obras do PAC - Localizada bem próximo ao Centro de Mauá, a comunidade do Jardim Oratório está lado a lado em número de habitantes com o Chafik/Macuco. São 25.771 moradores, o que faz do Oratório a quarta maior favela do Estado e a 21ª do País.

Embora seja considerada pelo IBGE como um aglomerado subnormal, o que na nomenclatura do instituto equivale a comunidade, o Jardim Oratório possui uma infraestrutura bastante diferente do que se pode imaginar para bairros carentes.

Isso porque a comunidade, ao contrário do Chafik/Macuco, foi formada por uma ocupação em terras públicas, o que permite à Prefeitura formular projetos de urbanização, como loteamento, pavimentação de ruas, canalização de córregos e esgoto sanitário. Atualmente o bairro passa por obras do PAC (Programa da Aceleração do Crescimento), que pretende urbanizar integralmente a comunidade.

Desapropriação - Outro fato recente da comunidade e que modificou a sua formatação foram as obras de extensão da Jacu-Pêssego, obra complementar do trecho Sul do Rodoanel, que retirou por desapropriação cerca de mil famílias do bairro. No local das casas e de parte do comércio, ficou a extensa avenida.

O comércio é bem desenvolvido para um bairro tão próximo do Centro. No Jardim Oratório, supermercados, padarias, lojas de roupas e sapatos, entre outros serviços, não faltam e, de acordo com José Antenor Pereira, morador da comunidade e que possui uma borracharia no local, não é preciso sair do bairro para nada.

Urbanização - “A nossa perspectiva é de que o Jardim Oratório deixe em breve esta estatística que coloca o local como uma das maiores favelas do Estado. Para isso, estamos desenvolvendo um amplo projeto de urbanização, por meio do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), do governo federal, que liberou mais de R$ 60 milhões em recursos”, afirmou o secretário de Habitação de Mauá, Sérgio Afonso dos Santos.

De acordo com a Prefeitura, 120 unidades habitacionais estão sendo construídas e outras 580 estão em processo de licitação para obras. Todas as 109 ruas e vielas do bairro estão sendo asfaltadas e recebendo guias e sarjetas, com serviço de drenagem.

Com as obras, os barracos serão substituídos por casas, com água e esgoto em todas elas. E uma equipe está trabalhando na regularização fundiária do bairro, fazendo levantamento topográfico e cartorário, preparando os trâmites para que cada morador obtenha o título de propriedade do seu imóvel, informou a Administração.

Chafik-Macuco - “Em pouco tempo, assim, o Jardim Oratório, deixará de ser uma favela. Agora estamos fazendo um trabalho para desenvolver um projeto similar também no Chafik-Macuco, que é uma área mais complicada: um terreno particular, loteado irregularmente e que não recebeu a infraestrutura prevista em lei para os moradores”, acrescentou o secretário.

A Prefeitura, no entanto, obteve na Justiça a autorização para criar um projeto de urbanização para a área. E conseguiu, também por meio do PAC, R$ 2,3 milhões para elaborar esse projeto. Com os recursos em mãos, a Prefeitura vai tentar novas verbas para também transformar o Chafik-Macuco em um bairro, a exemplo do que está acontecendo no Jardim Oratório. O plano do prefeito Oswaldo Dias, de acordo com o secretário, é esse, o de não mais existirem favelas em Mauá.

Por Carol Scorce - ABCD Maior
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