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DATA DA PUBLICAÇÃO 15/05/2010 | Internacional
Lula pode sair do Irã como herói ou vilão
O presidente Lula durante seu desembarque em Moscou, escala importante antes da visita ao Irã, que começa oficialmente neste domingo.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, chega ao Irã neste sábado (15) e começa neste domingo (16) uma visita oficial marcada pela polêmica que cerca o programa nuclear do país persa. E pode deixar o país, no dia seguinte, como o principal responsável por um acordo histórico ou como alguém que apenas ajudou Teerã a ganhar tempo para desenvolver a bomba atômica, segundo especialistas ouvidos pelo R7.

Ao lado de Rússia e Turquia, Lula tenta impedir a aplicação de novas sanções econômicas da ONU (Organização das Nações Unidas) ao Irã, que nega a intenção de construir a bomba e alega que seu programa nuclear serve apenas à geração de energia e ao desenvolvimento médico e científico. Ao mesmo tempo, no entanto, a República Islâmica se recusa a cooperar com os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), das Nações Unidas.

Nesta sexta-feira (14), na Rússia, Lula disse ter 99% de certeza de que conseguirá um compromisso do Irã que permita a troca do urânio enriquecido, uma exigência da ONU, fora do território iraniano. O presidente russo Dmitri Medvedev, ao seu lado, foi mais modesto: deu 30% de chances ao brasileiro. Ainda mais cética, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse depois que o desafio do Brasil no Irã é tão grande quanto escalar uma montanha.

A ideia de Lula, já defendida pela AIEA em negociações anteriores, é que Teerã entregue seu urânio "pobre" (3,5% de grau pureza) para ser enriquecido em outro local, provavelmente na Rússia, recebendo de volta o combustível com 20% de pureza, grau necessário ao reator medicinal na capital do país.

Mesmo céticos quanto às chances do presidente brasileiro, tanto russos quanto americanos já disseram que a visita de Lula é uma a última chance para o Irã. Os dois países são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que vai decidir sobre a punição ao Irã. O Brasil e a Turquia, também envolvida nas negociações, têm um assento temporário na entidade.

Se tiver sucesso, Lula e o Brasil ganharão ainda mais projeção internacional, um dos objetivos não declarados da diplomacia brasileira ao se envolver na questão iraniana. Se fracassar, o presidente brasileiro pode ser acusado de ajudar o Irã a ganhar tempo, enquanto o país tenta burlar a comunidade internacional para supostamente desenvolver sua bomba atômica.

Para o professor de Relações Internacionais Heni Ozi Cukier, ex-funcionário da ONU no Conselho de Segurança, o objetivo do Irã com essas negociações é justamente esse.

- Todo dia o governo do Irã acorda e fala uma coisa diferente, mas a conversa nunca progride. O Irã tem o objetivo de construir a bomba atômica e vai tirar todas as vantagens que puder para andar com seu projeto.

Lula defende programa nuclear civil para o Irã

O especialista em história e política iraniana Babak Rahimi, professor da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA, diz que a negociação com Brasil, Rússia e Turquia é apenas uma das frentes exploradas pelo país persa para dar continuidade ao seu programa nuclear.

- O Irã leva a sério a ameaça dos EUA, não apenas de sanções na ONU, mas de uma possível ação militar com Israel, por exemplo. Por isso, o governo negocia com o Brasil, a Rússia e a Turquia. Mas, ao mesmo tempo, acredito que podem tentar costurar um acordo diretamente com os americanos se as ameaças se intensificarem.

Lula, que mais de uma vez defendeu o direito do Irã a desenvolver um programa nuclear civil, disse que vai pedir ao presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, garantias de que não construirá a bomba atômica. Para Rahimi, no entanto, esse compromisso só será válido se a República Islâmica concordar em ser mais transparente.

- Permitir o acesso total de inspetores da ONU seria um começo.

Para Marcelo Oliveira, professor de relações internacionais da Unesp, o fato de Lula se opor a sanções ao Irã pode ter um efeito colateral nas ambições do presidente de conseguir um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU.

- Com certeza pode prejudicar a imagem do Brasil junto a alguns dos membros permanentes do Conselho de Segurança, como Estados Unidos, França ou Reino Unido. Pode afetar a legitimidade brasileira em grandes questões internacionais.

Até esta segunda (17), quando Lula deixa o Irã, o mundo assistirá às negociações esperando para aplaudir ou vaiar, comemorar ou temer.

Por Lucas Bessel - R7
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