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DATA DA PUBLICAÇÃO 08/08/2016 | Cidade
Lotações dominam transporte em Mauá
Lotações dominam transporte em Mauá Foto: Denis Maciel/DGABC
Foto: Denis Maciel/DGABC
O transporte clandestino se tornou alternativa para usuários das linhas de ônibus de Mauá. Aproveitando a fragilidade do setor, que sofre diariamente com a superlotação e precariedade dos veículos do sistema municipal, e a ausência de fiscalização, moradores da cidade retomaram prática irregular denunciada pelo Diário em 2006: as chamadas lotações.

Ao longo da semana, a equipe do Diário acompanhou de perto o esquema dos motoristas clandestinos em um dos pontos espalhados pela cidade, na Rua Rio Branco, a menos de 100 metros do Terminal de Ônibus do Centro da cidade. No local, cerca de 20 motoristas se revezam durante o dia em área destinada ao estacionamento rotativo.

Sem fiscalização por parte da Prefeitura, motoristas atraem usuários pela comodidade e economia do serviço. Por R$ 3,50, portanto, R$ 0,30 mais barato do que a passagem oficial dos coletivos, moradores podem realizar o mesmo itinerário das linhas municipais, entretanto, com a comodidade de estar num veículo de passeio e com apenas mais três clientes.

Na segunda-feira, a equipe do Diário utilizou o serviço pela primeira vez. A espera pelo atendimento não durou muito. “Precisa ir para onde, garoto?”, questionou um dos coordenadores do serviço, posicionado estrategicamente próximo a uma banca de jornal, a poucos metros do início da fila de passageiros que aguardavam pelas lotações. Ele acompanhava o fluxo de clientes e de chegada e partida dos veículos e anotava em uma caderneta.

Poucos minutos depois, o trabalhador clandestino direcionou a equipe do Diário para um Monza vinho. Dentro do veículo, um porta-moedas indicava que o dia havia sido lucrativo. O motorista da lotação fala pouco e, mesmo não sabendo da reportagem, evita ao máximo responder perguntas. Durante o breve diálogo, ele revela apenas que recorre à função irregular apenas nas horas vagas, como bico.

Embora clandestina, a opção de transporte parece ter caído no gosto da população mauaense. Na sexta-feira, por volta das 17h30, cerca de 30 pessoas aguardavam pelas lotações em fila. “Estou em Mauá há três anos e sempre uso esse transporte. Sei que é irregular, mas, para ser sincero, prefiro usar o serviço deles, que é mais barato, do que pegar esses ônibus lotados daqui”, revela o atendente Ricardo Trajano, 30 anos.

Após perder a esperança de embarcar em linhas municipais mais eficientes, a segurança Ivone Basilio, 36, afirma ver nas lotações maneira de chamar a atenção do poder público para o problema do transporte público municipal. “Somente incentivando as lotações temos chance de ter um serviço melhor. Vai saber se fazendo a Prefeitura perder dinheiro eles não investem no transporte da cidade”.

Embora alguns moradores avaliem de forma positiva o serviço, outros destacam os riscos. “Sinceramente, acho perigoso”, relata a atendente Juliana Santos, 26.

Morador de Mauá que prefere não se identificar afirma ter entrado em contato com a Prefeitura para denunciar o serviço. Segundo ele, servidor da Secretaria de Mobilidade Urbana admitiu ciência do problema e pediu que o munícipe anotasse as placas dos veículos clandestinos para que fosse realizada fiscalização. Procurada pelo Diário, a administração não se pronunciou sobre o tema.

Esquema se espalha pelo município

Se há dez anos o transporte clandestino de Mauá se limitava a bairros centrais da cidade, hoje o cenário que se vê é totalmente diferente. Sem fiscalização da Prefeitura, as lotações têm expandido o serviço para bairros da periferia do município.

Atualmente, motoristas de lotações possuem pontos em bairros como o Zaíra, Itapeva, Itapark e Guapituba.

“Como saio muito cedo de casa acabo pegando um carro próximo ao terminal do Zaíra”, relata a doméstica Maria do Socorro da Silva, 44 anos.

Outra que usa diariamente o serviço é a balconista Rita de Cássia Fernandes, 38. “Como meu vale-transporte é em dinheiro, uso o serviço para economizar.

Segundo taxistas da cidade, a dinâmica do esquema é tão boa que a concorrência com o transporte clandestino é desleal. “Não tem como competir com eles. É humanamente impossível. O negócio deles não pode nem ser comparado com táxi”, afirma o taxista Antonio Carlos de Souza, 59.

Por Daniel Macário - Diário do Grande ABC
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