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DATA DA PUBLICAÇÃO 04/06/2014 | Turismo
Lendária loja de esqui do Saara amarga ausência de turistas
Insegurança na região do Níger afastou visistantes, que esquiavam nas dunas do deserto com a ajuda de Abdelkader Baba.

Há mais ou menos 30 anos, um empreendedor do Níger notou um nicho de mercado que achou que ninguém poderia suprir: uma loja de aluguel de esqui em pleno deserto do Saara. A loja está lá até hoje – mas não tem clientes.

Há uma dezena de pares de esqui e algumas pranchas de snowboard na entrada do local. São modelos antigos, muitos comprados no início dos anos 1980. E as botas de esqui parecem pesadas, pouco convidativas.

Estamos em Agadez, um empoeirado mercado cercado pelo deserto. A temperatura passa dos 45ºC. E a última vez que esses esquis foram usados foi em 2007.

O dono da loja, Abdelkader Baba, tampouco os usou desde então. Ele não esquia sem turistas, e estes não têm aparecido por ali, temerosos de sequestros e ataques armados.

Um dos países mais pobres do mundo, o Níger enfrentou golpes militares desde sua independência da França, em 1960. O último golpe foi em 2010, seguido por eleições. Uma rebelião tuaregue no norte promoveu ataques entre 2007 e 2009, e o país também enfrenta ameaças de segurança por conta da instabilidade de vizinhos como Mali, Líbia e Nigéria.

Mas Baba mantém erguida a placa que diz "ski shop" e que dá fama a sua loja.

Dunas
Ele costumava levar turistas – ingleses, australianos, suecos, eslovacos e japoneses – para esquiar pelas dunas de areia no Saara.

"Tínhamos de escalar (as dunas) antes das 6h da manhã, porque era impossível fazer isso depois do nascer do sol", relembra.

Mas isso foi há 30 anos. "É comum vermos camelos descendo pelas dunas", ele explica. "Então, quando vi europeus esquiando pela TV, pensei em tentar isso por aqui".

Foi fácil convencer seus amigos que participavam de um rali em Daccar a lhe comprarem alguns pares de esqui. O mais difícil foi mesmo aprender a descer pelas dunas com eles.

Na região, Baba é conhecido como Danger (Perigo, em tradução do inglês), por ter sido um garoto-problema na juventude. Também costumava construir pequenos carros feitos de arame – e assim desenvolveu uma paixão por todo o tipo de objetos.

Sua loja de esqui é também repleta de caixas, sacolas e pilhas de antiguidades, livros, souvenires e todo tipo de coisas. Há coleções de moedas de diferentes países da África Ocidental e da antiga União Soviética.

Uma das moedas, de 1959, era usada na Nigéria antes de sua independência.

Baba mostra sua coleção sem aparentar qualquer interesse em tentar vender qualquer objeto à reportagem – algo incomum nesta parte do mundo.

Baba abre, então, uma pele de ovelha e veste-a como se fosse um shorts. Levanta e bate palmas, dobrando os joelhos e andando nas pontas dos pés entre seus tesouros espalhados pelo chão. É uma dança tradicional chamada Fulani.

A reportagem da BBC pergunta se ele planeja esquiar novamente algum dia pelas dunas.

"Enquanto as embaixadas europeias continuarem impedindo os turistas de virem para cá, não acho que vou voltar a subir nos esquis", ele diz.

"Eles colocam a culpa (pela insegurança) na al-Qaeda e em outros grupos militantes jihadistas, mas é uma pena", agrega. "A morte vai te encontrar onde quer que você esteja, as pessoas também morrem na Europa. Você deveria poder fazer o que quisesse".

Por G1 - BBC
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