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DATA DA PUBLICAÇÃO 05/08/2008 | Política
Jovem de 16 anos não se interessa por eleições
O número de adolescentes com título de eleitor na região estagnou nos últimos dez anos. No próximo dia 5 de outubro, apenas 1,16% do eleitorado habilitado a votar terá menos de 18 anos, taxa praticamente inalterada à registrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 1998, apesar de o total de eleitores ter crescido 22,3% no período.

O interesse por política no Grande ABC está abaixo da média nacional, que é de 2,23%. A diferença mostra que o acesso à informação não se traduz em participação política. A região, que já liderou a luta sindical no País, hoje não forma militância engajada. Nos sete municípios, somente 21.738 moradores com 16 e 17 anos tiraram o título sem a obrigatoriedade do voto, direito que completa 20 anos sem modificar os resultados das urnas.

A cientista política da PUC Simone Diniz explica que o novo sindicalismo trouxe mudanças à região. "Na década de 1980, o Grande ABC era referência para quem precisava entrar no mercado de trabalho. Isso gerava uma efervescência política vista, atualmente, com um certo saudosismo", diz.

Quando as taxas municipais são analisadas separadamente, Santo André, São Bernardo e Mauá registram queda na proporção de títulos jovens. Os dados mostram também que o nível de escolarização não interfere de maneira quantitativa. Segundo informações do TSE, mais da metade dos eleitores do Grande ABC não chegou ao Ensino Médio. No Brasil, esse índice é de 64%.

A média regional é ligeiramente mais baixa que a observada no Estado (1,28%), mas está acima dos números da cidade de São Paulo, que tem 0,85% do total de eleitores com menos de 18 anos. A surpresa está nas regiões Norte e Nordeste, onde estão concentrados os maiores percentuais do Brasil. Para o professor do Centro de Engenharia e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC (Universidade Federal do ABC) Cláudio Penteado, os números comprovam a despolitização dos brasileiros.

"Se o voto não fosse obrigatório para maiores de 18 anos, o eleitorado seria muito menor no País. Quem tem 16 e 17 anos hoje não tem memória de lutas políticas, não viveu sequer a era Collor. A maioria não consegue identificar que a política interfere em todas as coisas, inclusive na formação dos mercados."

Interesse em votar atinge 40,7% da população de 16 e 17 anos

O governo tenta, mas não consegue fazer com que o percentual de eleitores jovens seja significativo. Dados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, mostram que menos de metade da população brasileira de 16 e 17 anos tem interesse em votar. O último censo completo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2000, apontou que 40,7% do total possuía título. No Estado, o número era ainda menor: 25%.

As eleições para prefeitos e vereadores são consideradas menos atrativas para os jovens. O governo federal ainda tem mais peso por lembrar a luta travada pelo direito ao voto, antes da Constituição de 1988. Para a assessora de comunicação do TRE-SP, Eliana Passarelli, a explicação da baixa adesão também passa pela queda da natalidade (e o conseqüente envelhecimento da população brasileira) e desestímulo, frente a constantes escândalos de corrupção. "A falta de incentivo nas escolas também colabora. O ensino no Brasil não tem tradição em provocar debate político ou proporcionar o exercício da cidadania", diz.

A saída, encontrada pela Justiça Federal, é o investimento em campanhas feitas nos períodos pré-eleitorais. A última convocou os jovens com o tema: "Se você quer ser ouvido, seja eleitor." O chamado foi veiculado na mídia e reforçado no Rio de Janeiro, onde está a menor taxa de jovens votantes (0,6% do eleitorado). Entre as capitais, a melhor colocada no quesito é Rio Branco, com 3,15%.

Em Rio Grande da Serra, 49% dos adolescentes votam
Entre os municípios da região com população menor de 170 mil habitantes, Rio Grande da Serra é o que conta com o maior número de jovens eleitores. O cruzamento de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que 49% dos moradores de 16 e 17 anos votam em outubro.

Do outro lado da pirâmide, São Caetano é o que apresenta a menor taxa: 24,7% dos adolescentes têm título de eleitor. Depois, está Ribeirão Pires, com 29,6%. A relação das demais cidades não pôde ser feita em função da falta de dados recentes da população. O censo do IBGE de 2007 não inclui Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá.

A posição de Rio Grande comprova a teoria de que escolaridade não se traduz em representatividade política. Levantamento feito pelo Diário mostrou que 65,41% dos eleitores não chegaram ao Ensino Médio. Cerca de 43,66% do eleitorado nem completaram o Ensino Fundamental.

O professor de Ciências Sociais Aplicadas da UFABC Cláudio Penteado comenta que regiões mais pobres, e menores, proporcionam maior proximidade entre candidatos e eleitores. "Como conseqüência há maior participação jovem, maior vontade em mudar a realidade, mesmo que não haja sentimento revolucionário."

A paixão pela política ganhou novas características. Quando a democracia se consolida, com eleições regulares, o eleitor recebe nova responsabilidade. "O cidadão deve fiscalizar o trabalho público. Até a eleição do Collor, em 1989, havia expectativa política entre os jovens. Depois, a rotina política foi institucionalizada. Temos, agora, de dar o passo adiante. Fazer do eleitor um delegado de nossos anseios e preferências", afirma a cientista política da PUC, Simone Diniz.

Mas para fiscalizar também é preciso preparo e interesse, segundo a estudante Taís Freitas, 16 anos. "Tive vontade em tirar o título este ano, mas não saberia em quem votar, honestamente. Não acho legal votar em qualquer um, apenas por votar. A gente fica sem saber quem é quem. Os políticos aparecem com uma cara na televisão, mas têm outra na verdade", afirma.

A desilusão é característica também de quem tirou o título. "Tenho expectativa de que meu voto possa mudar a realidade, mas quando fico sabendo dos escândalos de corrupção dá desânimo", diz Taís Costa Nascimento, 16.

Por Adriana Ferraz - Diário do Grande ABC
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