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DATA DA PUBLICAÇÃO 17/04/2012 | Informática
Instagram para Android irrita usuários e reabre debate sobre preconceito
O Instagram lança sua versão para Android, e a novela se repete: comentários invadem a internet, principalmente as redes sociais, atacando a chamada "orkutização" de mais um serviço on-line até então exclusivo a um seleto grupo de usuários.

Apesar de o termo "orkutização" ter se popularizado com a migração em massa de usuários da rede social do Google para o Facebook, o fenômeno é velho e recorrente.

Aconteceu com o próprio Orkut, quando deixou de ser restrito apenas a quem recebesse convite de quem já era cadastrado no site.

Para buscar um exemplo fotográfico, como o Instagram, como não se lembrar dos fotologs? Adolescentes brasileiros tomaram as páginas e incomodaram até os gringos. Resultado: o criador Adam Cypher proibiu o acesso por aqui e passou a cobrar pelo serviço. O fotolog "morreu" e surgiu o Flickr.

Em comum a todos esses episódios da história da internet no país está a insatisfação de uma parcela restrita de usuários que "chegam primeiro" e se sentem incomodados quando os "bárbaros" invadem seu território.

A ira dos pioneiros pode ser explicada por dois motivos, diz Ricardo Matsumura Araújo, 33, doutor em ciência da computação pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul): pela mudança na forma como ele é usado a partir da entrada maciça de novos usuários e pela perda, ainda que psicológica, de valor econômico do serviço, antes "exclusivo".

Antes, o Instagram estava restrito a usuários de iPhones, que custam, no Brasil, a partir de R$ 999. Apesar de o aplicativo ser gratuito, o "preço de entrada" era alto.

As portas para a "orkutização" estariam abertas porque há celulares com sistema Android mais acessíveis, que custam menos de R$ 200.

O pior da rede

"O que me preocupa não é o incômodo que esses usuários sentem quando um serviço deixa de ser restrito, mas como alguns reagem", diz a especialista em novas tecnologias e mídias digitais Elis Monteiro, 36. "A rede social libera o que tem de pior no ser humano."

Ela conta a história de uma palestra que fez no ano passado. Um adolescente disse, ao microfone, que o Facebook deveria ser fechado para quem tinha ensino superior.

"Quase fui vaiada pela plateia porque discordei", conta. "Ele me chamou de hipócrita e disse: 'Você não quer conviver com a sua empregada nas redes sociais'."

Para Monteiro, muitos não percebem que não há dissociação entre as vidas on-line e off-line. "As pessoas agem como se fossem duas. Quando adquirem o manto virtual, muitos acham que podem falar o que quiser."

"Muitos dos preconceitos que aparecem na internet já fazem parte da nossa sociedade", diz Raquel da Cunha Recuero, 34, doutora em comunicação e informação pela UFRGS. "Mas eles se tornam mais explícitos na rede."

Autora do livro "Redes Sociais na Internet", Recuero diz que a rede obriga o contato com quem é diferente, e isso faz com que ideias entrem em choque. "Pessoas de opiniões diferentes compartilham círculos em comum."

Para ela, como as pessoas não veem com quem estão interagindo, tendem a ser mais agressivas. "Isso gera muito conflito, mas gera interação".

"A pessoa que já conhece a ferramenta se incomoda com quem acaba de chegar", diz Monteiro. "Mas o iniciante está fazendo a mesma coisa que o incomodado fazia quando começou a usar o aplicativo. É um ciclo natural que vai sempre se repetir."

Nichos de mercado

Orkut, Facebook, Twitter, Instagram. Para Rodolfo Scachetti, 33, doutor em sociologia pela Unicamp, essas redes começaram com grupos mais restritos, e, aos poucos, o sucesso fez com que a expansão fosse inevitável.

Como o intuito da empresa é continuar crescendo, a busca será sempre por novos usuários. "Esgotado um território, busca-se outro."

Algumas empresas exploram a demanda por exclusividade. "Temos de ser mais espertos", diz Scachetti. "Há milhares de carros com a maçã colada nos vidros. Não se trata de exclusividade, mas de percepção de exclusividade."

"A Apple tem um posicionamento de marca reforçado por sua política de preços altos, que valoriza o atributo 'exclusividade' dos seus produtos, mas faz produção em série."

Por Lucas Sampaio - Colaboração para a Folha
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