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DATA DA PUBLICAÇÃO 15/04/2014 | Economia
Inflação no atacado dá sinais de desaceleração
 Inflação no atacado dá sinais de desaceleração Foto: Celso Luiz/DGABC
Foto: Celso Luiz/DGABC
Os produtos do campo deram sinal de que vão pressionar um pouco menos o bolso da dona de casa no próximo mês. Ontem, o Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) informou que a inflação desses itens, no atacado, começou a desacelerar em abril. Mas, nos mercados, os consumidores ainda enfrentam majorações nos desembolsos com os hortifrútis.

Conforme o IGP-10 (Índice Geral de Preços – 10), a inflação dos produtos agropecuários no atacado perdeu força ao diminuir de 4,27%, em março, para 3,84% neste mês. Exemplos destes resultados apontados pelo Ibre-FGV são os aumentos de preços do café, em grão, que subiram menos, de 26,11% para 11,55%, e do milho em grão, cuja inflação passou de 8,58% para 6,69%. Caíram também os preços da laranja, de alta de 14,89% para deflação de 13,03%, da mandioca, de 0,38% para -8%, e do arroz, de -2,77% para -4,16%.

“O choque agrícola, causado pela estiagem, começa a ser absorvido gradativamente”, observou o superintendente adjunto de inflação do Ibre-FGV, Salomão Quadros. Ele se refere ao período intenso de calor e à falta de chuvas do primeiro trimestre. Esse problema climático prejudicou as culturas e os produtores não tiveram outra opção a não ser elevar os preços, tendo em vista que seus custos de irrigação, por exemplo, aumentaram, muitas vezes sem sucesso para manter toda a safra. Ao mesmo tempo, a demanda seguiu em alta.

CICLO - Os produtos cuja cultura tem ciclo mais longo, caso da batata inglesa, ainda forçam a dona de casa a desembolsar cada vez mais para consumí-los. No atacado, sua inflação acelerou de 6,51% para 38,71%. Ao consumidor, saltou de 9,29% para 40,23%.

Por outro lado, comenta a professora do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Maryse Farhi, que também é pesquisadora do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da instituição educacional, os produtos com cultura mais rápida, como o tomate, são a prova da desaceleração da inflação.

O fruto, conforme o Ibre-FGV, passou de alta de 31,05%, em março, para 21,15% em abril, nos mercados, ou seja, considerando os preços aos consumidores. “O problema é o clima. Infelizmente”, pontuou a especialista.

O IPC-10 (Índice de Preços ao Consumidor – 10), subindicador do IGP-10 que capta a variação média de preços às famílias, acelerou de 0,70% para 0,88%. “O vilão, como todos sabemos, é a dinâmica de alimentos (ou seja, o processo de inflação desses produtos)”, disse o economista chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Segundo a pesquisa do Ibre-FGV, o grupo de despesa com alimentação apresentou encarecimento de 1,71%, contra aumento de 1,21% na pesquisa anterior.

Quadros, entretanto, apresentou projeção otimista de que será mais nítida a desaceleração na inflação dos alimentos ao longo deste mês, como reflexo do que está ocorrendo no atacado.

INDICADOR - O IGP-10 é um índice de inflação geral formado por variações de preços no atacado para as famílias e no mercado de construção. Sua apuração vai do dia 11 do mês anterior até o dia 10 do período referência. O indicador desacelerou de 1,29% para 1,19%.

O IPA-10 (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que representa 60% do peso do indicador geral, variou 1,42% em abril, contra 1,65% em março. Já o INCC-10 (Índice Nacional de Custo da Construção) registrou 0,39%, contra 0,31% no mês anterior. Seu peso é de 10% no IGP-10. O IPC-10 pesa 30%.

Projeção para a alta da produção industrial diminui de 1,5% a 0,7%

Os analistas do mercado financeiro reduziram mais do que a metade da expectativa para o crescimento da produção industrial brasileira em 2014, apontou o BC (Banco Central), por meio do boletim Focus. Ontem, o documento apresentava projeção de expansão de 0,70%. Há uma semana, o registro era de 1,5%.

Para o diretor regional do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo), Leonel Tinoco, que também ministra aulas de Economia na FSA (Fundação Santo André), não há explicações precisas sobre os motivos que levaram o mercado a reduzir a expectativa. Mas uma das hipóteses é “a ventania que o setor automotivo está atravessando.”

Ele explicou que o segmento teve grande participação no resultado de fevereiro da indústria. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial expandiu 5% contra igual período do ano passado. Com grande contribuição no resultado, o segmento de veículos automotores cresceu 12,9%.

“Mas, considerando o que tem acontecido, com as montadoras anunciando reduções de produção, principalmente nas linhas de caminhões, os pátios cheios e os vários anúncios de PDV (Programa de Demissão Voluntária), é possível que o mercado tenha sido influenciado”, disse Tinoco.

Exemplo disso é a fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo, que anunciou PDV, férias de 20 dias para cerca de 200 funcionários de CKD e licença remunerada, com redução de um turno para a linha de caminhões, que está sendo negociada com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Mercado chega próximo à meta do governo federal

Os especialistas do mercado financeiro mudaram as projeções para a variação média de preços às famílias, acumulada em 2014, para patamar muito próximo do limite da meta de inflação do governo federal, de 6,50%. Ontem, segundo o boletim Focus, do BC (Banco Central), a mediana das expectativas passou de 6,35%, na semana passada, para 6,47%.

Para a professora de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Maryse Farhi, a alteração vai de acordo com o resultado do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de março, que foi anunciado na quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O grupo de despesas alimentação e bebidas teve aceleração na inflação de 0,56% para 1,92% e gerou impacto de 0,47 ponto percentual no indicador geral, que acumulou expansão de 0,92%, contra expectativa de 0,84% do mercado financeiro.

Os preços dos alimentos estão surpreendendo, mas Maryse pondera que não é possível prevê-los porque o clima tem contribuído muito para o resultado. Destacou ainda que, atualmente, não há como associar a falta de controle do governo federal na política monetária, tendo em vista que os principais estímulos para a inflação atual são os alimentos e também os serviços. Conforme o IBGE, enquanto o IPCA subiu 0,92%, o índice de serviços dentro do indicador geral elevou 1,09%.

“Há muita influência do aumento real da renda”, destacou a acadêmica da Unicamp. Para ela, quanto mais os salários sobem além da inflação, mais se tem renda disponível para os gastos com serviços, que com aumento na demanda ganham preço. “E não são os serviços administrados, que estão controlados, como conta de água ou luz, mas sim a manicure, a cabeleireira, justamente aqueles que contam muito com o aumento da renda”, analisou Maryse. “Ainda é um reflexo de 2013”, concluiu.

Na região, por exemplo, o rendimento real médio dos ocupados em 2013 aumentou 2,6% em relação a 2012, de acordo com a PED-ABC (Pesquisa de Emprego e Desemprego do Grande ABC), da Fundação Seade em parceria com o Dieese.

Por Pedro Souza - Diário do Grande ABC
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