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DATA DA PUBLICAÇÃO 06/04/2015 | Geral
Incêndio em Santos pode acabar nesta segunda-feira
Incêndio em Santos pode acabar nesta segunda-feira Foto: José Patrício/Estadão
Foto: José Patrício/Estadão
Dois tanques com gasolina ainda estão em chamas; bombeiros trabalham há mais de 90 h, com mais de 5 bilhões de litros de água

O Corpo de Bombeiros acredita que o incêndio em tanques da Ultracargo/Tequimar, na área industrial da Alemoa, em Santos, litoral sul de São Paulo, pode acabar ainda nesta segunda-feira, 6. É a primeira previsão feita pela corporação desde o começo do acidente, às 10h de quinta-feira, 2.

Já são mais de 90 horas de combate ininterrupto às chamas, com o uso de mais de 5 bilhões de litros de água. Neste momento, dois tanques com gasolina estão em chamas. No total, seis cilindros foram atingidos.

O pátio tem 58 tanques, que armazenam etanol, gasolina, óleo diesel, óleos vegetais, fertilizantes líquidos e outros produtos químicos, incluindo solventes. No total, a Ultragargo é dona de 175 tanques, espalhados por uma área de 190 mil metros quadrados.

O combate ao incêndio no pátio da Ultracargo/Tequimar, em Santos, entra no quarto dia neste domingo (05). Após mais de 71 horas de trabalho ininterrupto do Corpo de Bombeiros, três tanques ainda estão em chamas. Na madrugada de hoje, as equipes conseguiram extinguir o fogo em um dos tonéis, na área industrial da Alemoa. Os bombeiros mantêm a estratégia de resfriamento constante da área, jogando água retirada do mar associada a uma espuma especial que tenta abafar o fogo

Um relatório preliminar enviado pela Ultracargo para a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) na noite deste domingo, 5, aponta que o incêndio alterou a qualidade da água do mar no Canal do Estuário, o que pode ter causado a morte de milhares de peixes.

"A água usada para conter as chamas foi despejada no estuário pelo sistema de escoamento da Ultracargo contaminada com combustível, provocando alteração da temperatura e saturação do oxigênio, provavelmente causando a morte dos peixes", diz Cesar Eduardo Padovan Valente, gerente da agência ambiental da Cetesb em Santos.

De acordo com o especialista, entre os animais mortos estão bagres, garoupas e outras espécies, com até 70 centímetros de comprimento. Uma empresa está recolhendo os peixes mortos.

O documento, que foi solicitado à Ultracargo pela Cetesb, também detectou alteração na qualidade do ar no entorno do local do incêndio. Um equipamento do Exército deve começar a fazer nesta segunda-feira, 6, o monitoramento do ar na região.

Multa
A secretária estadual do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias, esteve no local do incêndio neste sábado, 4, e falou sobre possíveis penalidades à Ultracargo. "Existe uma legislação estadual. E também é possível aplicar Decreto Federal nº 6.514. A multa chegaria a R$ 50 milhões, mas aplicação depende de uma análise mais detalhada", diz.

"A qualidade do ar foi afetada e está muito ruim. Na página da Cetesb na internet, a qualidade do ar na região do incêndio está classificada como N3-Ruim. A situação não é boa por vários motivos, mas a fumaça é mais preocupante do que uma possível chuva ácida, porque essa fumaça que está sendo inalada na área do incêndio tem concentrações de SO2 (dióxido de enxofre) muito acima das recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS)", alerta o meteorologista Ivan Gregório Hetem, mestre em fontes de material particulado. "O limite é 40 e o verificado lá é maior do que 100. A melhor providência é se afastar do local, para evitar a inalação dessa fumaça."

O dióxido de enxofre é formado a partir da queima da gasolina. É o mesmo gás expelido pelo escapamento de carros. No caso dos veículos, isso ocorre em menor quantidade por causa dos catalisadores e outros filtros. Em ambas as situações, o SO2 se transforma em ácido sulfúrico ao reagir com a umidade do ar.

No incêndio dos tanques da Ultracargo, não há qualquer tipo de filtragem e a fumaça preta - junção de partículas provenientes do combustível, do tanque e de outros itens queimados -, está flutuando sobre a região.

Moradores de bairros próximos estão apreensivos e esse temor é fortalecido por especulações, principalmente nas redes sociais, sobretudo no que diz respeito à chuva ácida.

"Chuva ácida não é chuva de ácido", diz Hetem. "Obviamente, ela faz mal à saúde. Por isso, a população deve evitar a exposição. No caso de uma chuva forte, de um temporal, a nuvem carregada vem de outro local e desaba. Como as gotas são grandes, elas dão uma espécie de 'abraço' no ácido formado a partir da reação do gás com a umidade do ar, que é diluído e empurrando para o solo. E o ar fica limpo. Agora, quando há chuva fraca, esse ácido participa da formação da gota e desce dentro dela. Como a quantidade de água nessa gota é menor, a concentração do ácido é maior", explica o especialista.

Por Luiz Alexandre Souza Ventura - Especial para o Estado
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