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DATA DA PUBLICAÇÃO 12/04/2017 | Internacional
Imigrantes indígenas ocupam ruas no AM para fugir da fome na Venezuela
Indígenas venezuelanos começaram a migrar para o Amazonas em janeiro deste ano; grupo acampou em rodoviária e viaduto na capital.

A crise econômica e a falta de alimentos na Venezuela fizeram com que indígenas nativos deixassem o país. Em busca de sobrevivência, eles começaram a migrar para capital amazonense desde o início deste ano. Adultos, idosos e crianças se abrigaram na Rodoviária de Manaus e debaixo de um viaduto na Zona Centro-Sul. Mesmo com dificuldades e enfrentando preconceitos, eles afirmam que precisam pedir esmolas para sobreviver. "Estamos buscando comida", disse um dos imigrantes ao G1.

Um relatório da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) apontou a presença de 117 indígenas da etnia Warao em Manaus, até março de 2017. O número subiu para mais de 400 em abril.

“Na Venezuela não temos comida, não temos nada de comida e por isso viemos para cá. Estamos aqui e estamos buscando comida para nossa gente que ficou na Venezuela com fome”, disse o cacique Fernando Morales, de 57 anos.

A presença dos imigrantes gerou a abertura de um inquérito civil pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM). O objetivo da ação é acompanhar medidas de apoio aos indígenas Warao. O MPF solicitou informações de órgãos públicos ligados à assistência social, direitos humanos e indígenas, sobre as medidas adotadas para garantir o atendimento humanitário aos refugiados.

Após reuniões com vários órgãos, ficou definido que seriam disponibilizados ônibus para levar os imigrantesde volta ao país de origem no dia 2 de abril. A Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) iria disponibilizar dois ônibus para levar os venezuelanos, mas a viagem foi adiada. Um plano de ação é montado pelo governo e prefeitura.

O cadastramento de imigrantes que chegam é feito em um posto na rodoviária. "Manaus não é a primeira migração, ou primeiro ponto de mobilidade. Pacaraima e Boa vista também são pontos de destino dessas populações. A contagem demonstra a permanência de 450 pessoas de nacionalidade venezuelana indígena", disse a a secretária da Sejusc, Graça Prola.

Abrigos improvisados

Inicialmente, os venezuelanos ficaram alojados na Rodoviária de Manaus. Aos poucos eles foram para as ruas e cortiços no Centro e bairro Educandos, Zona Sul. Um grupo de aproximadamente 50 indígenas - cerca de 20 crianças entre eles - acampou em barracas debaixo do Viaduto de Flores, na Zona Centro-Sul, há duas semanas.

As dificuldades com idioma e as diferenças culturais não as únicas barreiras que os imigrantes encontram no Brasil. A tentativa de reconstrução de suas vidas esbarra ainda no preconceito. Muitos são hostilizados por pessoas que passam próximo ao acampamento do grupo e que gritam para que os imigrantes voltem para casa.

Ajuda

Em Manaus, os imigrantes venezuelanos também encontraram carinho e compreensão. A situação dos venezuelanos sensibilizou a auxiliar administrativa Ana Carvalho, 44 anos, e o técnico de edificações Manoel Jackson Costa, 44 anos. Os dois são integrantes da Comunidade Católica Hallel e pretendem realizar uma ação humanitária com venezuelanos no próximo Domingo de Páscoa.

“Viemos fazer uma triagem para saber do que eles estão precisando e depois ajudar. Vimos que eles precisam de alimentos, fraldas, calçados e materiais de higiene pessoal. Estamos nos mobilizando para o grupo da comunidade fazer uma ação na manhã de domingo de páscoa”, comentou Manoel Costa.

A auxiliar administrativa acredita que é preciso existir compreensão da população brasileira com os imigrantes venezuelanos. “Peço a compreensão de todos, pois muitos passam aqui na rua e gritam: 'vão para casa'. Não é bem assim gente. Eles estão passando realmente por muitas dificuldades, não tem comida na Venezuela e estão fazendo comida de jeito impróprio. No passado, muita gente gritava para Jesus carregar a cruz. Hoje muita gente passa aqui e grita vai para tua casa. Eles têm fome gente! A fome ela não espera, ela é agora”, disse a voluntária.

Fugindo da fome na Venezuela imigrantes indígenas vivem nas ruas e pedem esmolas em Manaus

Novos imigrantes

O fluxo migratório da Venezuela continua e novos imigrantes buscam ajuda no Amazonas. É o caso da índia da etnia Warao Duana, de 28 anos, que há dois dias chegou a Manaus com marido e a filha de 8 anos. Fugindo da fome provocada pela escassez de alimentos, Duana tem pedido ajuda nas ruas para sobreviver com família no Brasil. Ela tem pedido esmolas no semáforo de uma das principais avenidas de Manaus: a Constantino Nery.

Com ajuda de quem passa pelo caminho, a venezuelana tem garantido a alimentação e abrigo com o pagamento diário de um quarto em um cortiço no Centro da capital. Sem falar português, a indígena não consegue expressar em palavras a gratidão, mas pelo olhar retribui a pouca ajuda que recebe dos manauaras. Mesmo com as dificuldades e as incertezas, a imigrante não pretende voltar para casa.

“Na Venezuela não tem trabalho, não tem comida, não tem roupa. As pessoas estão ajudando e consigo dinheiro para comprar comida e pagar R$ 20 para ter onde dormir”, relatou Duana, enquanto percorre os carros sob sol forte.

Por Adneison Severiano, G1 AM, Manaus
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