NOTÍCIA ANTERIOR
Damo terá de seguir regra se Vanessa for candidata
PRÓXIMA NOTÍCIA
Prefeitura de Mauá encerra ano no "azul"
DATA DA PUBLICAÇÃO 03/03/2008 | Cidade
Ilegalidade de bingos expõe clientes
A ilegalidade dos bingos clandestinos tornou-os alvo de assaltantes. O velho ditado ladrão que rouba ladrão... ilustra a situação pela qual estes estabelecimentos têm passado. Em fevereiro, em um intervalo de apenas seis dias, houve dois roubos, em São Caetano e Santo André.

Por ser uma atividade fora da lei, quadrilhas planejam ataques sabendo que a segurança é menor do que em um local legalizado. Além disso, quando há um assalto, a polícia nem sempre é chamada pelas vítimas, a não ser que existam feridos.

O quadro atual também traz uma questão mais grave: os freqüentadores dos bingos ficaram expostos à violência. Estão no meio do fogo cruzado entre seguranças informais, assaltantes e a polícia.

Em 17 de fevereiro, no roubo ao bingo na Rua Gertrudes de Lima, na região central de Santo André, dois ladrões foram mortos e um ferido.

“Esses roubos são conseqüência do dinheiro que os bingos ilegais arrecadam. Além disso, existe a certeza da impunidade, pois os delitos nestes locais dificilmente são registrados na delegacia, devido à ilegalidade da atividade”, afirma o major Heitor José Frare, integrante do comando do CPAM-6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitano), do Grande ABC.

“Os proprietários dos bingos investiram muito e agora se arriscam na clandestinidade. Os ladrões perceberam que a movimentação de dinheiro ainda é grande e partiram para o roubo”, disse o delegado da seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Santos, responsável também por São Caetano.

Em 23 de fevereiro, o assalto a um bingo clandestino de São Caetano na Avenida Goiás mostrou uma das piores situações a que estão sujeitos lugares que funcionam na irregularidade. Dois guardas municipais de São Caetano foram presos por envolvimento no assalto e suspeita-se que um policial militar estivesse fazendo bico como segurança do local.

“Os freqüentadores desses bingos clandestinos precisam ficar cientes dos riscos que correm. Além de terem de passar pelo constrangimento de ir para uma delegacia prestar esclarecimentos, podem ser feridos em um eventual confronto entre polícia e bandidos”, explica o delegado da seccional de Santo André, Luiz Carlos dos Santos, responsável também por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

De acordo com o Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado) de Santo André, grupo do MP, que atua em toda a região, está em curso uma investigação para apurar o comando dos bingos ilegais e suas ramificações. O órgão não tem estimativa de quantos bingos ilegais estariam em funcionamento no Grande ABC.

Funcionamento de bingos foi proibido em 2004

Os bingos passaram a ser proibidos em fevereiro de 2004, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou Medida Provisória que vetou o funcionamento em todo o País.

A ação foi uma resposta ao escândalo envolvendo o então subchefe de assuntos parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, que negociava favorecimentos junto aos bicheiros e donos de bingos em troca de propina para campanhas eleitorais.

Atualmente, os poucos bingos que abrem legalmente funcionam por meio de liminares.

Segundo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, os pareceres se baseiam no princípio da inconstitucionalidade da Medida Provisória. Os advogados dos bingos alegam ausência do requisito constitucional da urgência para editar a medida.

Histórico - Só neste ano, seis casos de jogatina ilegal foram flagrados pela polícia no Grande ABC.

A última foi na sexta-feira, quando foram apreendidas 91 máquinas em um bingo clandestino na Rua Carijós, no Jardim Progresso, em Santo André. No dia anterior, a reportagem do Diário entrou no local e constatou como o jogo funcionava.

O bingo já tinha sido fechado pela Polícia Militar em dezembro do ano passado, mas atuava a pleno vapor novamente.

Os casos mais graves aconteceram no mês passado, quando bingos ilegais foram roubados na região central de Santo André e São Caetano.

80% dos pacientes de terapia são viciados em caça-níquel

Cerca de 80% das pessoas que procuram tratamento no Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) são viciadas em máquinas de caça-níquel.

Essa é a constatação do coordenador do grupo de dependentes não-químicos do Proad, o psiquiatra Aderbal de Castro Vieira Júnior.

“Os caça-níqueis são atualmente para os dependentes o que eram as apostas em cavalos e cassinos clandestinos de anos atrás”, afirmou.

O psiquiatra trabalha com um grupo de 20 pessoas que se propuseram a passar pelo tratamento gratuito.

Segundo Vieira Júnior, basicamente há dois perfis de pacientes. No primeiro grupo estão homens com idade entre 25 e 35 anos que se viciam por causa do dinheiro. Eles buscam emoções fortes. Querem ganhar o prêmio acumulado na máquina de qualquer jeito.

Na segunda categoria figuram mulheres entre 45 e 55 anos que procuram o jogo para passar tempo, como forma de convívio social. Só que deixam de ver a família e abandonam outros afazeres se excluindo socialmente.

“Já conheci um dependente de alto poder aquisitivo que perdeu R$ 1 milhão nas máquinas, como também uma empregada doméstica que gastou todo o salário mínimo”, relata o psiquiatra.

O tratamento no Proad é feito por meio de psicoterapia e, nos casos mais graves, com o auxílio de medicamentos. Não existe prazo para cura. Os interessados podem se inscrever no programa pelo telefone 5579-1543.

Dependente perdeu R$ 60 mil em dois anos

“Perdi R$ 60 mil em dois anos. Mas, pior do que a falência financeira, foi a falência moral”, contou, emocionado, o representante comercial Marcelo (nome fictício), 49 anos, morador do bairro Rudge Ramos, em São Bernardo.

Ele é viciado em máquinas de caça-níquel há três anos e tenta se livrar da dependência em reuniões do J.A. (Jogadores Anônimos) em São Caetano. “Em uma recaída que tive, foram R$ 8.000 pelo ralo em um fim de semana. Um dia antes, havia recebido o dinheiro referente a comissões. Torrei tudo, só não gastei o dinheiro para alimentação da minha mulher e duas filhas”, relata.

Marcelo ficou obcecado pelas máquinas reluzentes em bares e padarias. “Consegui parar de jogar há alguns meses e ainda estou tentando resistir. Mas até hoje os donos dos caça-níqueis me telefonam avisando onde tem máquina com prêmio acumulado para eu apostar, seja em Guaianases ou Ribeirão Pires”, conta o representante comercial.

“Comecei a jogar com uma nota de R$ 5, como quem não quer nada. Pouco tempo depois, o valor das notas foi aumentando até R$ 100. Passava madrugadas procurando máquinas para jogar. Perdi um emprego em que trabalhei sete anos e também virei alcoólatra por causa do ambiente”, contou.

“Só não perdi a família por um triz. Minha mulher chegou a falar: ‘Pior que ser traída por outra mulher é ser traída por uma máquina’. Isso mexeu comigo”, disse Marcelo.

O representante comercial conta que começou a se reestruturar após participar de reunião no J.A. “Você percebe que não está sozinho e melhora a auto-estima com a ajuda dos outros.”

O J.A. tem dois endereços na região. Em São Caetano, na Avenida Nossa Senhora da Candelária, 283, com reuniões às segundas-feiras; e às terças na Praça Monsenhor Alexandre Arminas, em Mauá. Sempre às 19h45.

Por Luciano Cavenagui - Diário do Grande ABC
Assine nosso Feed RSS
Últimas Notícias Setecidades - Clique Aqui
As últimas | Cidade
06/04/2020 | Atualização 06/04/2020 do avanço Coronavírus na região do ABC Paulista
03/02/2020 | Com um caso em Santo André, São Paulo monitora sete casos suspeitos de Coronavírus
25/09/2018 | TIM inaugura sua primeira loja em Mauá no modelo digital
As mais lidas de Cidade
Relação não gerada ainda
As mais lidas no Geral
Relação não gerada ainda
Mauá Virtual
O Guia Virtual da Cidade

Todos os direitos reservados - 2024 - Desde 2003 à 7719 dias no ar.