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DATA DA PUBLICAÇÃO 09/06/2010 | Informática
História dos ''spywares'' dificilmente poderá se repetir no MacOS X
A descoberta de spyware para MacOS X na semana passada é mais relevante do que parece. Primeiro, a plataforma da maçã não sofria de problemas com esse tipo de programa. Segundo, o spyware em questão, o Relevant Knowledge, é antigo e “estável”, o que significa que a empresa provavelmente não vai desistir fácil e, acima de tudo, está acostumada com críticas e usuários enfurecidos. Mesmo assim, é improvável que a história dos spywares se repita no MacOS X – mas não porque a plataforma é diferente, e sim porque as indústrias de segurança e do software publicitário amadureceram e já não pode cometer os mesmos erros.

Software publicitário
Spyware é um termo que causa muitos problemas. Frequentemente, usuários pensam que um programa malicioso que rouba senhas de banco é um “software espião” e, por conta disso, é considerado spyware. Não é o caso: o termo spyware foi criado para descrever software publicitário que capta informações sobre os hábitos do internauta para melhorar campanhas de anunciantes na internet.

Adware, por sua vez, é o programa que exibe os anúncios diretamente no computador.

Admite-se, ainda, que o termo spyware seja usado para descrever programas de monitoramento comercial. Mas a coluna de hoje não aborda esse tipo de programa.

Patrocinando softwares “legitimamente”
Spywares e adwares ficaram conhecidos no Windows por patrocinar programas famosos como o compartilhador de arquivos Kazaa. Programas bastante populares, como o MSN Plus!, eDonkey2000, Grokster, carregam ou carregaram algum tipo de adware ou spyware. Rapidamente, nos anos de 2003 e 2004, a inclusão de adware pareceu ser uma boa ideia para manter os softwares “gratuitos”. Programadores e mantenedores de sites de internet começaram a distribuir software publicitário.

Era uma indústria nova, sem regulamentação de qualquer tipo. Ninguém sabia o que exatamente era permitido e o que não era. Os programas patrocinadores eram instalados sem aviso. Depois, os anúncios inexplicáveis causavam grande irritação e a desinstalação do software patrocinado não era suficiente para remover o adware patrocinador.

Diferentemente dos vírus de computador, criados por criminosos ou curiosos anônimos, esses softwares eram mantidos por empresas devidamente registradas, financiadas e empregadoras de funcionários. Esse cenário era novo para as fabricantes de antivírus, que não viam a necessidade desse tipo de código ser detectado e removido. Foi esse erro de juízo que criou a demanda de mercado por software anti-spyware.

Esses fatores abriram a porta para os spywares. A indústria de segurança permitiu que esses softwares patrocinadores de finalidade duvidosa continuassem no mercado. Somente o uso generalizado de anti-spywares – que demorou a acontecer – é que iria conseguir frear a distribuição de spywares e minar a reputação dos softwares “gratuitos” que dependiam de patrocínio.

A falta de regulamentação, por sua vez, permitiu que todo tipo de canal de distribuição fosse usado para instalar um adware. Um instalador de spyware usava o nome “Click Yes to continue” – uma prática que buscava tão somente enganar o usuário a respeito do que estava para acontecer. Para complicar ainda mais, os usuários não tinham “malícia”: ninguém esperava um “presente surpresa” depois da instalação de um software.

Toda essa situação mudou. De fato, o primeiro spyware para MacOS X foi anunciado pela Intego, uma tradicional fabricante de antivírus para MacOS X. Isso significa que as ferramentas de segurança que existem ou que serão desenvolvidas para MacOS X podem aprender com os erros dos antivírus para Windows e detectar spywares e adwares sem precisar depender de uma nova lição.

Regulamentação e processos
Detectar e rotular spyware tem um custo jurídico. Programadores de vírus não aparecem no tribunal para processar a fabricante de antivírus e reclamar que ela está destruindo a reputação do seu programa e fazendo-o perder vítimas. Mas desenvolvedores de spyware fizeram exatamente isso. Muitas empresas de segurança foram processadas por detectar programas duvidosos.

Essa insegurança jurídica foi uma das razões que tornaram o mercado anti-spyware pouco interessante para as fabricantes de antivírus no início. No entanto, quando os tribunais começaram a ficar de lado das empresas de segurança, isso deixou de ser um problema.

Depois, a Federal Trade Comission (Comissão Federal do Comércio, FTC), um órgão do governo norte-americano, começou a processar as fabricantes de spyware pelas suas práticas de instalação abusivas e comportamento agressivo nos PCs. Muitas empresas foram à falência por causa das multas, enquanto outras saíam do mercado temendo o mesmo futuro. Distribuidores de adwares se viram obrigados a parar de realizar instalações forçadas, o que tornou tudo menos lucrativo.

A ligação entre vírus e spyware começou quando as fabricantes de adware criaram os sistemas de afiliados, que pagavam os parceiros por cada computador em que o software era instalado. Programadores de vírus faziam parte desse esquema e instalam adwares em todos os computadores infectados para ganhar a comissão. Os desenvolvedores diziam desconhecer as práticas dos afiliados. Com o tempo, a desculpa se desgastou: investidores e anunciantes não queriam associar suas marcas às empresas de adware e o FTC começou a fazer perguntas.

É improvável que alguma empresa que não faça spyware para Windows venha a fazê-lo para o Mac. E, se o fizer, ela já terá conhecimento de tudo isso e vai precisar “jogar limpo”.

Cenário improvável e as vidraças quebradas
Seis anos atrás, em 2004, John Gruber, conhecido blogueiro especializado em produtos da Apple, opinou que Mac não teria adware porque usuários da Apple não iriam tolerar a prática. A base da argumentação de Gruber é a teoria das vidraças quebradas: se uma vidraça de um prédio é quebrada e ela é consertada imediatamente, e isso se repetir, os vândalos desistirão; se, por outro lado, a vidraça não for recolocada, todas as outras serão quebradas também.

O aparecimento do primeiro spyware para Mac não invalida a opinião de Gruber. A base de usuários de Mac é diferente hoje daquela que o blogueiro via em 2004. A popularidade de produtos como o iPod e o iPhone trouxe muitos novos usuários – do mesmo tipo que usa Windows – para a plataforma da maçã.

O que precisa ser observado agora é se os usuários de Mac vão tolerar ou não a possível nova onda de softwares “patrocinados” por adware. Quem usa computadores Macintosh provavelmente não possui antivírus porque, realmente, não há necessidade. Então será preciso um esforço da comunidade para que todos saibam quais softwares estão sendo distribuídos com spyware. Se a rejeição da comunidade for suficientemente grande, não será possível ter um modelo lucrativo de adware para Mac.

As condições são favoráveis: usuários sabem dos problemas com adware, o governo está de olho e as empresas de segurança estão em alerta. Mas é importante ter noção desses fatores para entender por que o vento pode vir a levar para longe a ameaça de spywares e adwares no MacOS X.

*Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança para o PC”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguranca.

Por Altieres Rohr - Especial para o G1*
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