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DATA DA PUBLICAÇÃO 15/10/2012 | Setecidades
Hidroanel poderá prejudicar água da Billings
Hidroanel poderá prejudicar água da Billings Leito da represa tem lodo contaminado que pode vir à tona com tráfego de embarcações previsto no Hidroanel. Foto: Luciano Vicioni
Leito da represa tem lodo contaminado que pode vir à tona com tráfego de embarcações previsto no Hidroanel. Foto: Luciano Vicioni
Transporte de cargas pesadas em via navegável projetada para ter 170 quilômetros de extensão pode movimentar lodo tóxico no leito da represa

O projeto do governo estadual de construir o Hidroanel, que prevê a implantação de uma via navegável com 170 km de extensão na Região Metropolitana, destinada ao transporte de cargas e passageiros, pode prejudicar a qualidade da água da represa Billings, que abastece o ABCD. O movimento dos cargueiros e as obras devem agitar o lodo tóxico no leito da represa, agravando a contaminação do reservatório.

De acordo com a Secretaria Estadual de Logística e Transportes, o projeto do Hidroanel consiste na utilização dos rios Tietê e Pinheiros e represas Billings e Taiaçupeba para navegação, sendo necessária a construção de canal artificial com 18 km de extensão para a interligação dos dois reservatórios, fechando o anel hidroviário. O canal cortaria o município de Ribeirão Pires. O projeto contempla a implantação de eclusas para vencimento de desníveis e terminais (portos) de cargas.

Os Estudos de Pré-viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental do Hidroanel, contratados pelo Departamento Hidroviário do Estado e realizados pela empresa Petcon com o apoio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU/ USP), indicaram forte potencial para o início imediato de transporte de algumas cargas consideradas de interesse público e deslocamentos regionais como: sedimentos de dragagem, iodo gerado nas estações de tratamento de água e esgoto, entulho de construção, solo de escavação gerado pelas obras civis e resíduos sólidos urbanos.

Lodo químico - Para Carlos Henrique Andrade de Oliveira, professor de Gestão Ambiental, especialista em Sustentabilidade e Recuperação de Áreas Degradadas da Universidade Metodista de São Paulo, a utilização de corpos d’água para transporte de cargas e passageiros não é novidade em grandes cidades europeias, mas nos rios Tietê e Pinheiros, além da represa Billings, é preciso realizar um projeto de recuperação ambiental antes de pensar neste tipo de alternativa. “Além dos cuidados básicos em relação ao uso de embarcações, como derramamento de óleo e combustível, é preciso recuperar as águas para poder utilizar o transporte fluvial. No caso específico da Billings há um grande agravante, que é o acúmulo significativo de sedimentos originários da época em que se bombeava água do rio Pinheiros para a represa e que estão no fundo do reservatório”, lembrou.

A movimentação de embarcações de grande porte, além das obras para construção de eclusas, podem agitar as águas juntamente com o lodo tóxico, prejudicando a qualidade da água usada para abastecer o ABCD. “Isso pode ocorrer de forma muito rápida, já que há perda da oxigenação da água. É inviável arriscar”, argumenta.

Lodo tóxico não pode continuar na represa

Análise da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) indicou que o lodo químico, lançado por mais de 20 anos pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) em um dos braços da Billings em São Bernardo, não pode permanecer no manancial. A avaliação, feita a pedido da Sabesp, reforça o que o Ministério Público defende há dez anos nos tribunais: a retirada dos resíduos e recuperação ambiental da área.

Atualmente, o processo judicial está no Supremo Tribunal Federal, onde aguarda julgamento de recurso impetrado pela Sabesp. Ao pedir a avaliação da Cetesb, a Sabesp esperava respaldo para sustentar a teoria da empresa, e assim mostrar à Justiça que o lodo contaminado pode permanecer na represa sem causar danos ao meio ambiente. No entanto, após a avaliação, essa não foi a conclusão do órgão ambiental.

O lodo que transformou e assoreou mais de três quilômetros da represa Billings é formado por substâncias como iodo e sulfato de alumínio, resultantes de rejeitos do tratamento de água usada pela Sabesp no braço Rio Grande. O trecho contaminado é delimitado pelas estradas Basílio de Lima e Martim Afonso de Souza, próximo ao km 28 da via Anchieta, em São Bernardo.

Estado não informa início das obras

O Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo informou apenas que nesta primeira etapa o projeto do Hidroanel tem como foco a navegação nos rios Tietê e Pinheiros, e não informou quando o canal artificial entre a Billings e Taiaçupeba seria construído ou quanto tempo seria necessário para conclusão da obra.

Questionada, a Secretaria Estadual de Logística e Transportes não respondeu sobre a possível contaminação das águas da represa Billings com a construção do Hidroanel e não revelou o investimento total do projeto.

De acordo com Jorge Giroldo, professor de Engenharia Civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana), o projeto encontra-se parado desde a década de 1970 e nada indica que sairá do papel em breve. “É um projeto muito caro e complexo que ficou parado por falta de verba e vontade política. Não acredito que será implementado nos próximos anos”, destacou.

Para o especialista, o Hidroanel pode trazer grandes benefícios para a Região Metropolitana na área de transportes de cargas. “Pode desafogar o Rodoanel, gerando economia. No caso do transporte de passageiros, a ideia não é muito interessante, já que o tempo de viagem seria mais longo”, explicou.

Por Angela de Paula - ABCD Maior
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