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DATA DA PUBLICAÇÃO 24/01/2012 | Política
Haddad deixa ministério com herança de equívocos para tentar a Prefeitura de SP
Haddad deixa ministério com herança de equívocos para tentar a Prefeitura de SP Haddad se despediu do MEC em evento ao lado da presidente Dilma / Roberto Stuckert Filho/PR
Haddad se despediu do MEC em evento ao lado da presidente Dilma / Roberto Stuckert Filho/PR
Aloizio Mercadante assume MEC com a responsabilidade de consertar erros do antecessor

A gestão de Fernando Haddad à frente do Ministério da Educação chega ao fim nesta terça-feira (24) com uma série de problemas que, certamente, serão explorados em sua tentativa de ocupar a Prefeitura de São Paulo. A partir das 15h, Haddad deixará oficialmente o cargo de ministro e vai passar, como herança para Aloizio Mercadante, escândalos que deixaram os estudante de todo o país indignados com o governo federal e sua política educacional.

A lista de falhas na pasta é extensa. Haddad deixa como pendências a melhoria da gestão do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que apresentou problemas nas últimas três edições; um esforço mais efetivo do MEC para que Estados e municípios cumpram a Lei Nacional do Piso Salarial dos Professores, que motivou 17 greves em redes estaduais em 2011 e novas políticas de formação de docentes, que contam com cursos de pedagogia e licenciatura deficientes.

Para driblar os problemas recentes, Haddad precisou contar com a ajuda da presidente Dilma Rousseff para dar um gás nessa etapa inicial de campanha. E, para tanto, contou com todo o auxílio da máquina pública.

Na segunda-feira (23), durante a última cerimônia oficial como ministro, Haddad contou com a presença de quase todos os integrantes do primeiro escalão do governo. Ainda que o evento fosse para comemorar a marca de 1 milhão de bolsas de estudo concedidas pelo ProUni (Programa Universidade para Todos), ficou nítido o tom eleitoral com a presença de todos os "pesos-pesados" da política nacional.

Uma semana antes, Haddad esteve na inauguração de uma creche em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, ao lado de Dilma. Também ganhou elogios da presidente durante seu programa semanal de rádio. Haddad também foi a estrela do programa semanal Bom Dia Ministro, vinculado pela NBR na quinta-feira (19).

ProUni

O próprio ProUni tem seus problemas. O programa, criado na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abriu as portas das universidades privadas a alunos pobres de todo o país. Pelo menos na teoria.

Na primeira auditoria do programa, realizada entre junho e novembro de 2008 pelo TCU (Tribunal de Contas da União), 23.100 beneficiados tinham renda familiar acima do limite permitido; 3.561 já possuíam curso superior, o que é proibido pelas regras; e 1.700 bolsistas eram donos de carros novos, sendo, pelo menos, 39 deles de luxo, com valor acima de R$ 90 mil.

No ano passado, mais uma vez repetindo os erros detectados no Enem e no Sisu, centenas de estudantes enfrentaram problemas para se inscrever no ProUni. O resultado foi uma saraivada de críticas na rede de microblogs Twitter que fizeram o Ministério da Educação adiar o prazo de inscrições.

Enem

Desde a adoção do novo modelo de avaliação, em 2009, o Enem rende dores de cabeça ao governo. A última ficou a cargo das correções da prova, que ainda afligem os mais de 4 milhões de estudantes que fizeram o teste. Elas foram colocadas em xeque depois de um erro cometido no somatório de pontos da redação de um aluno.

O estudante de São Paulo conseguiu, após entrar com um pedido na Justiça, ter a nota da redação alterada de “anulada” para 800 pontos, em uma escala que vai até mil, o que colocou em dúvida o sistema de correção do exame.

Essa foi a primeira vez que uma nota do Enem foi alterada. Depois disso, estudantes de outros Estados como Rio de Janeiro, Ceará e Minas Gerais também entraram na Justiça para pedir a revisão de suas provas.

Esta não é a primeira vez que o Enem dá dor de cabeça ao ministro. Desde 2009 o exame é alvo de críticas e responsável pelas principais crises de Haddad à frente da pasta.

O primeiro problema do Enem ocorreu logo em 2009, quando ladrões roubaram as provas de uma gráfica e tentaram vendê-las à imprensa. A descoberta da fraude levou ao cancelamento do teste. A prova foi totalmente refeita e remarcada. O caso provocou um prejuízo de R$ 46 milhões aos cofres públicos.

Na ocasião, o então presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pela elaboração das provas, Reynaldo Fernandes, deixou o cargo. A marcação da segunda prova levou os estudantes a protestarem nas ruas contra a confusão - as novas datas coincidiam com alguns vestibulares - e a abstenção chegou a 1,5 milhão de inscritos.

Em 2010, houve erros na impressão das provas, perguntas repetidas e sequências erradas. Foram encontrados também problemas nas folhas de resposta. No mesmo ano, uma professora de Remanso (BA) teve acesso ao tema da redação e avisou ao marido, que depois de uma pesquisa na internet teria orientado o filho que iria fazer a prova. Como consequência, o presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto, também deixou o cargo em janeiro de 2011.

No ano passado não foi diferente. O Enem vazou novamente, desta vez para 639 alunos do colégio Christus, em Fortaleza, que tiveram acesso a 14 questões da prova. Os itens estavam em apostila distribuída pela escola semanas antes da aplicação do Enem e vazaram da fase de pré-testes do exame, realizada na instituição de ensino em outubro de 2010.

A Justiça Federal chegou a conceder liminar anulando as questões em todas as provas, mas o governo federal conseguiu derrubar a decisão, que vale apenas para os alunos do colégio e do cursinho Christus.

A Polícia Federal indiciou um professor e um funcionário do colégio. Eles respondem pelo crime de estelionato. O MEC confirma que 14 questões que estavam na apostila foram copiadas de dois dos 32 cadernos de pré-teste do Enem aplicado no ano passado a 91 alunos da escola.

Outras crises

Haddad enfrentou outras crises além das dificuldades na realização do Enem. Recentemente, ele se envolveu em duas polêmicas. Em maio do ano passado, o Ministério da Educação planejava enviar para 6.000 escolas públicas do país um kit batizado de Escola sem Homofobia, destinado a alunos e professores do ensino médio, nível em que estão estudantes com idades entre 14 e 18 anos.

O material conteria vídeos - supostamente divulgados na internet - que tratavam de forma explícita questões como transexualidade, bissexualidade e relações entre gays e lésbicas.

O material foi duramente criticado no Congresso, no qual passou a ser denominado de kit gay, sob a alegação que estimularia a prática homossexual entre os jovens dentro das escolas. Diante da polêmica, a presidente Dilma Rousseff suspendeu a produção do material e a distribuição do kit em planejamento pelo Ministério da Educação.O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, afirmou que Dilma considerou o material inadequado e os vídeos impróprios para seus objetivos.

Ainda em maio, o ministro se viu no centro de mais uma polêmica, desta vez por causa de um livro didático distribuído pelo governo em mais de 4.000 escolas com erros intencionais de concordância, para aproximar os alunos da linguagem popular.

Entre os erros gramaticais e incorreções, havia frases como “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”. O ministro defendeu a publicação e reagiu contra seus críticos.

Por R7
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