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DATA DA PUBLICAÇÃO 07/09/2015 | Setecidades
Grande ABC tem 8,7% dos habitantes sem coleta de esgoto
Grande ABC tem 8,7% dos habitantes sem coleta de esgoto Foto: André Henriques/DGABC
Foto: André Henriques/DGABC
Sob tábuas e vegetação, uma lenta corrente de água misturada com lixo, comida e outros dejetos cumpre a função de esgoto e é despejada em fossa a céu aberto. A descrição é da entrada do barraco da desempregada Viviane Ferreira dos Santos, 24 anos, moradora do bairro Batistini, em São Bernardo. O local foge da realidade das demais residências dos centros urbanos da região. Junto com seu marido e dois filhos, a moradora faz parte dos 235.238 habitantes do Grande ABC que ainda não possuem coleta de esgoto.

Levantamento feito pelo Diário com base em dados das autarquias responsáveis pelo serviço na região aponta que 8,7% da população do Grande ABC não tem o esgoto coletado. Boa parte dessas pessoas está localizada em áreas de mananciais e núcleos habitacionais não urbanizados.

Rio Grande da Serra lidera o ranking negativo. A cidade só coleta esgoto de 60% de sua população, apesar de estar totalmente localizada em área de manancial. Logo depois está Ribeirão Pires (79% de coleta), São Bernardo (89%), Mauá e Diadema (ambas 90%) e Santo André (98%). São Caetano é o único município que oferece o serviço em 100% do seu território.

Para quem ainda vive sem saneamento na região, como é o caso de Viviane, a situação piora a cada dia. “É difícil ficar nessas condições por causa do mau cheiro e da saúde das crianças. Como a fossa fica na frente de casa, todo dia temos problemas com ratos dentro dos cômodos.”

Mãe de um bebê de 5 meses, Viviane relata o perigo com a exposição diária ao esgoto a céu aberto. “Preciso deixar a porta fechada. Como meu filho nasceu prematuro de seis meses, o cuidado é redobrado. Mesmo assim, tenho enfrentado dificuldades com a baixa imunidade dele. Já com minha filha de 5 anos preciso ficar atenta quando ela quer brincar aqui fora.”

O relato é semelhante ao de outra moradora do bairro. Para a dona de casa Maria Maroli de Souza, 57, a maior dificuldade não é o cheiro, mas sim a rotina das crianças. “Elas não têm lugar para brincar. Faz um tempo criaram um campo de futebol, mas para chegar lá o caminho passa por cima do esgoto. É necessário se apoiar em tábuas e tronco de madeira. O complicado é que no lugar já encontramos cobras e lagartos.”

Para o diretor executivo do Instituto Trata Brasil, organização da sociedade civil formada por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do País, Édison Carlos, se comparado ao restante do Brasil, o Grande ABC ainda está em um patamar aceitável. “Existem capitais que possuem um número muito superior a este. Mas, é importante ressaltar que a deficiência no saneamento não é um problema fácil. As cidades cresceram, mas pouco se investiu em esgoto e recursos hídricos. O Grande ABC parou no tempo nos últimos anos. Só se retornou investimento na área em meados de 2007.”

Responsável pelo setor em Santo André, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que toda a malha urbanizada já possui rede coletora de esgoto. Os locais que não têm tubulação são Paranapiacaba (parte baixa), Parque América, Parque Andreense (parcial), Clube Anchieta e Recreio da Borda do Campo. Entretanto, todas essas áreas têm projetos em andamento.

Em Mauá, a Odebrecht Ambiental informou que a meta contratual é atingir 95% de coleta. Para viabilizar o serviço nos demais 5%, onde não é possível implantar rede da forma convencional, a empresa utiliza tecnologia inovadora com tubulações revestidas em ferrocimento.

Já a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), responsável pelo serviço em quatro cidades da região, afirmou estar realizando obras em todas elas.

Em Diadema, estão sendo elaborados projetos executivos, além da expansão de redes de esgoto. Já em São Bernardo, está em execução o primeiro trecho da obra do coletor Couros, que vai permitir a ligação do Parque Industrial do Distrito Cooperativa,

Ribeirão Pires tem obras de expansão e exportação para ETE Suzano. Já Rio Grande da Serra realiza prolongamento de redes de esgoto.

Especialista diz que tratamento de esgoto é principal desafio das cidades

Para o diretor executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, o principal desafio dos gestores do Grande ABC é em relação ao tratamento de esgoto. Segundo ele, essa é uma dificuldade que a região vem enfrentando há anos. “A questão é que a coleta sozinha não adianta. É necessário tratar antes de devolver aos cursos d’água. Porém, o que vemos é que as setes cidades da região têm muita dificuldades com esse setor. É uma tecla que estamos batendo faz tempo”, relata Édison.

Santo André, por exemplo, informou que somente 45% do esgoto coletado é direcionado para a estação de tratamento. A expectativa do Semasa é atingir 100% do serviço somente em 2022,

As cidades que têm a Sabesp como responsável pelo serviço também têm quantidade baixa de tratamento. Em São Bernardo e Diadema, do esgoto coletado somente 29% são tratados. Em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra esse número é de 70% e 89%, respectivamente.

São Caetano realiza o serviço em 100% do seu território há dois anos. Já Mauá não forneceu os dados sobre o tratamento de esgoto.

Diretor-geral do DAE (Departamento de Água e Esgoto) de São Caetano, Osmar Silva Filho diz que a saída das cidades pode estar na união de todas as partes em busca do objetivo comum. “É importante o governo sempre atuar lado a lado com a autarquia e nunca esquecer que é a sociedade que opera o sistema e depende dele.”

Por Daniel Macário - Diário do Grande ABC
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