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DATA DA PUBLICAÇÃO 07/07/2015 | Economia
Grande ABC perde mais empregos
Grande ABC perde mais empregos Foto: Nario Barbosa/DGABC
Foto: Nario Barbosa/DGABC
O emprego com carteira assinada, considerado propagador de valores monetários e sociais, vem sofrendo novos reveses no Grande ABC. Os sete municípios representam 23% do total de carteiras assinadas do G-22, agrupamento que reúne a região e as 15 maiores economias do Estado, fora a Capital. Embora tenha apenas um quarto de participação no estoque de empregos do G-22, o Grande ABC registrou nos últimos 12 meses, entre julho do ano passado e maio deste ano, 51,53% das demissões. Ou seja: o desemprego na região é mais que o dobro quando confrontado com os 15 municípios que completam a Primeira Divisão da economia paulista. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego.

A explicação mais apropriada para a distância entre a perda de emprego na região em relação aos demais municípios do G-22 está no setor industrial. No Grande ABC, o setor representa 29% do PIB (Produto Interno Bruto) Geral, enquanto nos demais municípios é de 19%. Esse desequilíbrio tende a tornar a situação da região mais problemática nos próximos anos. As perspectivas de produção e vendas de veículos de passeio e pesados é considerada preocupante pela Anfavea, o clube das montadoras, e também pelo Sindipeças, o das autopeças.

O Grande ABC vive paradoxo dos tempos modernos: quanto mais depender da indústria de transformação, mais situações de crise econômica vão aparecer. Tudo porque a atividade que mais agrega riqueza entrou em parafuso no País, com perda permanente de participação no PIB. Particularmente no caso do Grande ABC, a dependência exagerada da indústria automotiva, em torno da qual gira grande parcela do setor produtivo, fermenta dados inquietantes. É impossível escapar à recarga da crise econômica em meio à crise nacional. Daí saltarem aos olhos a distância entre demissões com carteira assinada na região e nos municípios mais representativos do Estado.

Nos 12 últimos meses o total de carteiras assinadas que desapareceram das fábricas, dos escritórios, do comércio, dos serviços, da construção civil e de outras atividades chegou a 23.658 nos sete municípios do Grande ABC. Os demais 15 municípios do G-22 demitiram 45.906 trabalhadores. Os demitidos do G-7 (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) representam 51,23% dos demitidos do G-15 (Campinas, Sorocaba, São José dos Campos, Paulínia, Guarulhos, Osasco, Mogi das Cruzes, Ribeirão Preto, Taubaté, Sumaré, Barueri, Santos, Jundiaí, Piracicaba e São José do Rio Preto).

Em números absolutos os integrantes do G-15 apresentam volume de demissões maior que o Grande ABC. Entretanto, quando se tomam dados gerais do estoque de empregos com carteira assinada, a diferença aparece como espantalho para o Grande ABC. Afinal, o G-15 conta com 2.767.538 trabalhadores empregados, de um total de 8,5 milhões de habitantes, contra 798.484 do Grande ABC, de 2,7 milhões de habitantes. Esses números estão atualizados até maio deste ano. Quando se compara a variação do emprego nesse período, o Grande ABC registra queda de 2,87% contra 1,63% do G-15. Uma diferença de 43,2%. O Brasil apresentou variação negativa de 1,08% empregos com carteira assinada. Quase três vezes menos que a região.

Se o Grande ABC registrasse o mesmo nível de demissões do G-15, ao invés de 23.658 postos de trabalho destruídos nos últimos 12 meses seriam 13,4 mil. Ou seja: mais de 10 mil trabalhadores teriam sido mantidos. A influência do setor automotivo, predominante na indústria de transformação da região, acaba se espalhando a outros setores. Tanto que o corte de empregos com carteira assinada nos 12 meses, excluindo o setor industrial, chegou a 16.180. Já os integrantes do G-15 registraram 8.813, contando com praticamente 70% do estoque de empregos do G-22.

A cidade de São Paulo, que conta com economia levemente superior à soma de todos os municípios do G-22, registrou nos últimos 12 meses menos demissões com carteira assinada do que o Grande ABC – foram 19.191, contra 23.658. São Paulo demitiu menos entre outras razões porque não depende exageradamente de nenhum setor específico da economia. Essa é a diferença entre uma cidade-metrópole e uma região incapaz de criar opções à industrialização que perde fôlego há pelo menos duas décadas.

O sonho do então prefeito de Santo André e presidente do Clube dos Prefeitos do Grande ABC, Celso Daniel, morto em 202, de tornar a região polo efervescente do setor de serviços, com agregado de valor, praticamente desapareceu de qualquer projeto regional. A proliferação de call-centers é a síntese de empregos de baixa remuneração, porque de escassa tecnologia. Por isso, as estatísticas que glorificam o estoque de empregos no setor de serviços são um enorme risco a quem pretenda dimensionar a realidade econômica da região.

A perda de velocidade da mobilidade social é uma das consequências compulsórias da flacidez industrial: o Grande ABC não é mais capaz de produzir na proporção de antigamente o círculo virtuoso de miseráveis que viram pobres, de pobres que viram classe média e de classe média que vira classe rica. O reinado do setor industrial entrou em colapso ante a competição estadual, nacional e internacional mais aguda. Por isso o emprego de qualidade com carteira assinada, e particularmente das indústrias, sofre rigorosa dieta.

Por Daniel Lima - Especial para o Diário
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