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DATA DA PUBLICAÇÃO 13/07/2008 | Setecidades
Grande ABC multa a cada 36 segundos
Os motoristas infratores do Grande ABC correm demais, estacionam em local proibido, avançam o sinal vermelho e não usam cinto de segurança. O resultado é uma multa emitida a cada 36 segundos em seis dos sete municípios da região. Os dados são referentes ao primeiro semestre deste ano, e similares aos de 2007. A única cidade que não divulgou informação alguma sobre as infrações foi Mauá, apesar dos insistentes pedidos ao longo de uma semana.

Foram quase 420 mil infrações cometidas entre 1º de janeiro e 30 de junho deste ano, com exceção de Diadema, que mostrou dados colhidos até o fim de maio. Se os números não revelam a verdade absoluta do que acontece nas ruas, como sugerem especialistas, servem ao menos como indicativo sobre onde se concentra a fiscalização, baseada majoritariamente nos equipamentos eletrônicos.

A região tem uma frota de 1,5 milhão de veículos. Para se ter uma idéia do que esse volume de infrações significa em valores para os cofres públicos, durante todo o ano de 2007 o total arrecadado pelas prefeituras com multas foi de R$ 85,6 milhões. São aproximadamente R$ 220 milhões desde janeiro de 2005, como apontou reportagem publicada pelo Diário em 25 de maio.

A verba que recheia o orçamento dos municípios poderia ser milhares de vezes maior caso cada infração cometida pelos cidadãos fosse hipoteticamente anotada por equipamentos eletrônicos e agentes de trânsito. Estudo da Faculdade Anhembi-Morumbi aponta que para cada multa emitida outras 10 mil passam sem punição alguma.

O reflexo de tantas irregularidades está na quantidade de acidentes com vítima na região. Em 2007, foram 19 pessoas feridas por dia, em média, no trânsito do Grande ABC. O excesso de velocidade predomina entre as infrações mais comuns em quase todas as cidades da região - a exceção é Rio Grande da Serra, que não dispõe de equipamentos para aferir o quanto apontam os velocímetros dos veículos.

Já foram quase 193 mil multas aferidas nos primeiros seis meses deste ano. Não por acaso, o excesso de velocidade é também a modalidade infracional que costumeiramente mais mata no trânsito - e não somente os responsáveis por pisar fundo no acelerador, como também as vítimas colaterais, que muitas vezes nem carro têm.

Excesso de velocidade lidera infrações
A mais perigosa das infrações é também aquela mais cometida por quem dirige um veículo. Com média de 45,93% sobre o total de multas emitidas na região, o excesso de velocidade abre larga distância sobre o segundo colocado no ranking geral, o estacionamento em local proibido e suas variações (parar em horário inadequado ou por tempo de permanência indevido), com 10,33%.

A campeã em números absolutos na tabela do excesso de velocidade é São Bernardo - o topo do pódio vale também por conta das autuações em outras modalidades. Quase metade das infrações cometidas na cidade relaciona-se a trafegar com velocidade superior à permitida.

Foram 102.052 autuações no município, que tem como justificativa o fato de contar com a maior frota de veículos do Grande ABC e a terceira maior do Estado de São Paulo. Os seis dígitos equivalem a cerca de um quarto de todas as infrações registradas na região.

Mas andar acima do que indicam as placas não é privilégio da cidade, que é um dos berços do setor automobilístico nacional. Santo André, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires também mostram no alto da lista o resultado provocado por quem pisa demais no acelerador - e fatalmente causa acidentes. Rio Grande da Serra é exceção, até por não ter equipamentos necessários para mensurar a velocidade.

Santo André foi a única cidade da região que registrou aumento no número de multas por excesso de velocidade em relação ao primeiro semestre de 2007. De janeiro a junho do ano passado, o Departamento de Trânsito anotou cerca de 54 mil infrações, quase 10 mil a menos do que apontam as estatísticas de 2008 em relação aos mesmos seis meses.

E não foi somente em números absolutos que a pressa dos motoristas se viu registrada com mais intensidade neste ano. A participação no total de infrações pulou de 39,43% para 44,72%, ficando próxima da média regional. "A via é sinalizada, e a gente espera que a pessoa siga a determinação", afirma Eric Lamarca, diretor de Trânsito e Circulação do município.

Diadema se destaca como exemplo de redução mais acentuada no quesito excesso de velocidade, sem, contudo, ter alguma explicação lógica para tamanha diminuição. Passou de aproximadamente 33 mil autuações para apenas 15 mil, vendo a participação no montante cair de 69,63% para 40,84%.

São Caetano também seguiu a tendência regional e teve redução de cerca de 2.000 infrações por abuso de velocidade no período. A participação no total também caiu de 38,45% para 31,32, bem abaixo do que é registrado em média nas demais cidades.

Estacionamento irregular vem em segundo lugar
O estacionamento de forma irregular e suas diversas modalidades vêm na segunda posição do ranking de autuações no Grande ABC. Representa 10,33% de todas as multas emitidas no primeiro semestre de 2008, o equivalente a mais de 43 mil infrações contabilizadas.

A modalidade está presente na vice-liderança em quatro das seis cidades que forneceram os dados. Nos municípios de menor população, como Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, chega a atingir 21,65% e 18,24% das autuações.

Os dados não sofreram alteração significativa em relação ao ano anterior - apenas em Ribeirão Pires o aumento foi flagrante, pulando de 7,78% para 21,65% do total.

Depois de uma infração que depende da presença de um agente de trânsito para ser contabilizada, vem outra modalidade apontada por equipamento eletrônico: o avanço de sinal vermelho, com 8,31%. Entre janeiro e junho, foram quase 34 mil autuações. Em São Bernardo, responde por 9,13%.

As avenidas repletas de radares de São Caetano colaboram para que a infração seja a vice-líder no município, com 23,33% sobre o total, cerca de 7.000. Diadema conta com números bastante próximos. São pouco mais de 9.000 multas, equivalentes a 24,76%.

Entre as cidades com população mais elevada, Santo André é a única que não tem a modalidade no seu top 3. Em compensação, a falta de cinto de segurança coopera com 8,62% das autuações do município (mais de 12 mil multas por esse motivo).

O índice é próximo ao de localidades menores, como Ribeirão Pires, que tem 10,52% do montante relacionado à falta de uso do item, número parecido com o de Rio Grande da Serra, 13,41%.

A menor cidade do Grande ABC tem peculiaridade: é a única a registrar problemas com a documentação na liderança das estatísticas, com 25% do total.

Mauá se recusa a passar informações sobre multas
A Prefeitura de Mauá foi procurada por diversas vezes desde o início da semana para fornecer os dados necessários à comparação com os demais municípios.

Apesar dos esforços da reportagem no sentido de levantar as informações referentes às multas na cidade, o Departamento de Trânsito se negou a fornecer qualquer dado, causando prejuízo na avaliação final, quando somada toda a região.

A Prefeitura foi contatada, por meio da assessoria de imprensa, no início da semana e levou o pedido até o Departamento de Trânsito, sem conseguir sucesso.

O Diário tentou contato direto com os responsáveis por fornecer o número de autuações, mas encontrou as portas fechadas ao pedido. Funcionárias do departamento chegaram a informar que, como o diretor e sua assistente não estavam no local durante a semana, ninguém mais poderia passar os dados.

Mauá passou boa parte dos últimos meses sem equipamento eletrônico para aferir a velocidade dos veículos nas ruas do município.

A licitação com a empresa responsável venceu em agosto do ano passado. Desde então, não há radares fazendo o serviço.

Apenas os agentes de trânsito têm trabalhado na aplicação das multas.

Cultura automobilística leva a abusos
A coordenadora da revista Movimento, da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Cristina Baddini, acredita que boa parte das infrações cometidas no trânsito está relacionada à cultura automobilística, que dá ao motorista a sensação de que se transformou em uma ‘divindade' ao volante. Daí para os acidentes é questão de segundos.

Os dados relacionados aos municípios do Grande ABC não surpreendem a especialista, que aponta a realidade das ruas como bom termômetro do que os motoristas fazem na direção. "Se ficarmos alguns minutos na esquina de qualquer cidade, veremos uma série de infrações sendo cometidas sem que haja alguém para anotá-las", explica, citando os dados de estudo da Universidade Anhembi-Morumbi - apenas uma em cada 10 mil infrações cometidas é contabilizada.

Anualmente, 70% dos condutores são autuados por algum tipo de infração. As relacionadas ao excesso de velocidade normalmente são precedidas por outras de menor potencial ofensivo.

A quebra de limites encontra a última barreira no acelerador do veículo, reflexo do perfil agressivo dos motoristas. "Quem não cumpre esse limite dificilmente acatará outras determinações. É o tipo de pessoa que coloca em risco a vida dos outros, além da própria", diz Ailton Brasiliense Pires, presidente da ANTP.

Metade dos acidentes de trânsito acaba por vitimar os pedestres, e respeitar a sinalização é fundamental para diminuir os riscos inerentes à mobilidade.

Eric Lamarca, diretor de Trânsito e Circulação de Santo André, afirma que a população muitas vezes não compreende essa ligação direta. "Quando se coloca radar depois de um trecho de alta velocidade, a pessoa pensa que é uma armadilha, e isso é um equívoco."

Lamarca cita como exemplo a Avenida Ramiro Colleoni, onde a máxima permitida sofre redução de 60 km/h para 50 km/h em curto espaço. "Fizemos isso por conta de quatro acidentes fatais registrados naquele ponto. Muita gente não entende isso", explica.

Por William Cardoso - Diário do Grande ABC / Foto: www.cosmo.com.br
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