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DATA DA PUBLICAÇÃO 20/07/2009 | Saúde e Ciência
Genoma do esquistossomo traz pista para remédios
Desta vez a "sopa de letrinhas" do sequenciamento genético produziu resultados imediatos. A análise do genoma de dois dos parasitas que causam a esquistossomose já rendeu 66 prováveis remédios para a doença, já disponíveis nas farmácias e que agora podem ser testados contra ela.

Nada mal, considerando-se que hoje apenas uma droga, o praziquantel, é usada para tratar uma doença que atinge 210 milhões de pessoas em 76 países (até 6 milhões no Brasil).

Os genomas foram sequenciados por dois grandes consórcios. A equipe liderada por Najib El-Sayed, da Universidade de Maryland (EUA), soletrou o DNA do verme Schistosoma mansoni, disseminado principalmente na África, no Brasil e no Caribe. Pesquisadores de São Paulo e Minas Gerais participaram deste trabalho.

Já o grupo liderado por Zhu Chen, do Centro Nacional Chinês do Genoma Humano, de Xangai, decodificou o genoma do Schistosoma japonicum, mais comum na Ásia. As duas equipes publicam seus resultados hoje na revista "Nature".

"O genoma tem esse efeito catalisador. Todo mundo que trabalha com esquistossomose vai ter acesso aos dados. Ele abre o caminho para testar essas drogas", afirma Ricardo De Marco, do Instituto de Física da USP de São Carlos.

A equipe de El-Sayed determinou a sequência de 363 milhões de nucleotídeos, as "letras" que compõem o DNA. As letras formam ao menos 11.809 "palavras", os genes que regulam a vida do esquistossomo.

De Marco analisou pequenas sequências de DNA que permitem a um mesmo gene produzir diferentes proteínas. "Esse monte de proteínas pode agir como uma cortina de fumaça, escondendo o parasita do sistema imune", diz o pesquisador. "Se entendermos o mecanismo de escape, pode ser possível inibi-lo", diz De Marco.

O sequenciamento do S. mansoni foi planejado de modo a ajudar na descoberta de alvos no parasita que poderiam ser atacados com drogas.

A Organização Mundial da Saúde chama de "negligenciadas" doenças como esquistossomose, pois são males principalmente de países pobres e que despertam pouco interesse das companhias farmacêuticas. Achar uma droga já no mercado, de preferência de uso oral, é a estratégia mais factível.

Uma pesquisa em bancos de dados de química médica revelou 240 pedaços do genoma do Schistosoma mansoni que batem com alvos conhecidos de drogas já disponíveis.

Selecionar as drogas pela potência e facilidade de uso rendeu 66 remédios já encontráveis nas farmácias e usados para tratar outras doenças. Graças ao genoma, pesquisadores de todo o mundo já podem planejar testes com elas.

O genoma também dá pistas sobre como o verme consegue infectar. Uma boa quantidade de genes codifica enzimas que quebram proteínas, necessárias para o parasita "navegar" pelo corpo atravessando pele e diferentes tecidos celulares. Ele também tem bom número de genes ligados a um complexo sistema sensorial que detecta estímulos como luz, temperatura e compostos químicos.

Por Ricardo Bonalume Neto - Folha de São Paulo
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