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Neymar é aposta do Brasil contra o Uruguai
DATA DA PUBLICAÇÃO 23/06/2013 | Esportes
Fred desencanta, Brasil ''esfria'' sangue quente da Itália e garante liderança
Em jogo quente em Salvador, fair-play é 'apimentado' com raça, disposição e muitas faltas. Camisa 9 da Seleção põe fim a jejum e marca duas vezes

Competição da Fifa tem aquele ar de fair-play. Troca de abraços, de camisas, aplausos aos jogadores do país adversário... Mas um Brasil x Itália, felizmente, reserva sempre a rivalidade entre os maiores campeões mundiais. Tecnicamente, pode até não ter encantado, apesar da quantidade de gols. Mas na disposição, suor e sangue quente característicos das duas seleções, a vitória brasileira por 4 a 2 honrou a tradição do clássico dos vencedores de nove Copas do Mundo.

E a galeria de personagens do duelo que já tinha Paolo Rossi, Taffarel, Roberto Baggio, entre tantos outros, ganhou mais alguns: Neymar, Fred, Chiellini, e até um cidadão do Uzbequistão. Mas o principal foi Fred, autor de dois gols, que, enfim, "estreou" na Copa das Confederações e foi decisivo para o triunfo brasileiro.

Neymar ajudou a decidir um dos principais clássicos do futebol mundial, entre os maiores vencedores de Copas do Mundo. E com nova obra-prima em seu repertório já vasto na Seleção, uma cobrança de falta certeira, que fez o legendário Buffon ficar pregado no chão.

Ele também irritou e foi incomodado. Fez e sofreu faltas. Virou alvo preferido dos italianos, e foi duro num lance que tirou Abate da partida e da Copa das Confederações, por causa de uma lesão sofrida no ombro direito ao cair no gramado. Não foi seu melhor jogo, mas foi diferente. Cascudo, grande, histórico, como se exige quando Brasil e Itália se enfrentam. Ele também foi eleito pela terceira vez o melhor em campo e chegou a três gols na Copa das Confederações: um por jogo na primeira fase.

Tudo isso até ser substituído por Bernard, aquele por quem Felipão estava vesgo de vontade de ver em campo. E viu. Assim como viu a estrela de Dante e os primeiros gols das chuteiras laranjas de Fred. O técnico viu também a classe de Balotelli no passe para Giaccherini, o sangue fervendo na luta pelo empate, sangue que corre nas veias Scolari, e o confuso árbitro Rashvan Irmatov se perder entre dar um pênalti e confirmar um gol.

Com tantos ingredientes, o futebol e o povo de Salvador agradecem. Primeiro do grupo, com 100% de aproveitamento, nove pontos em três jogos, o Brasil vai enfrentar provavelmente o Uruguai na semifinal em Belo Horizonte. Basta que a Celeste confirme o favoritismo e vença o Taiti. Já em Fortaleza, a Itália deverá ser a rival da Espanha, que precisa apenas empatar com a Nigéria para confirmar a liderança.

Calmaria baiana x sangue quente italiano

Vinte e uma faltas, finalizações, três lesionados e um gol. Terminou assim o primeiro tempo de Brasil e Itália. Uma boa resposta para quem duvidava que nenhum clássico do futebol mundial resiste ao fair-play exacerbado. Prova também de que as aparências enganam. Em 56 segundos, a Seleção massacrou os visitantes a ponto de criar três chances, a maior delas num chute de Hulk espalmado por Buffon.

Depois, o sangue ferveu. Dos dois lados. Balotelli, mesmo adversário, foi aplaudido antes de o jogo começar. Bateu palmas para o público, bateu papo com os brasileiros... Mas com a bola rolando levou duas entradas por trás de David Luiz, que foi punico com o cartão amarelo.

A vingança teve tons de crueldade. Ao fazer falta em Candreva, o zagueiro se machucou, levando uma joelhada na coxa. Caiu e teve de ser substituído. Ao devolver a bola, o italiano tomou as dores de Balo e foi maroto. Aquele fair-play “mezzo a mezzo”. Chutou a bola fraca, mas alta, pingando, em direção ao peito de Julio César.

O pior estava por vir. Neymar x Abate foi o duelo da vez. De tanto levar bordoadas, o brasileiro resolveu dar a sua, e acabou causando uma luxação no ombro direito do italiano, que teve de ser substituído por se lesionar na queda ao chão para fugir da entrada do camisa 10 da Seleção. Cartão para o craque, e Maggio em campo. Marchisio e Luiz Gustavo também foram agraciados com o amarelo.

O melhor estava por vir. Quando David Luiz saiu, Dante entrou. Dante, o que toca cavaco, o de cabelo diferente, o sorridente. Enfim, o baiano, com todos os santos o protegendo. Até mesmo o santo do assistente Bakhadyr Kochkarov, do Quirguistão, que não viu sua posição de impedimento quando Fred completou, de cabeça, cruzamento de Neymar. Buffon espalmou, mas não segurou o rebote do zagueiro, que fez festa contagiante enquanto o legendário goleirão distribuía patadas em sua defesa. Sangue quente, e Brasil na frente.

Hora dos artilheiros

Dante, que deu mais tempero baiano ao jogo no primeiro tempo, exagerou ao chutar Balotelli por trás em lançamento logo no início da etapa complementar. Pior. Nem conseguiu ver o passe genial de calcanhar do atacante para Giacherrini, num contra-ataque que teve início com Buffon, finalizar com força e empatar a partida.

O mesmo Buffon, que assistiu ao gol de empate com sua participação, foi apenas espectador também quando Neymar colocou a bola em seu ângulo, com perfeição. O primeiro gol de falta da seleção brasileira desde outubro de 2011, quando Ronaldinho marcou no México.

E o que poderia fazer o veterano goleiro quando Fred recebeu lançamento de Marcelo? O centroavante partiu decidido a não deixar que nada atrapalhasse seu primeiro gol na Copa das Confederações. O primeiro com a nova chuteira laranja. Ele trombou com Chiellini e fuzilou de pé esquerdo.

Jogo decidido? Não. Nunca contra a Azzurra tetracampeã mundial. Havia tempo para mais reclamações, como a de Chiellini em suposta cotovelada de Dante, e mais confusão, quando o mesmo zagueiro italiano aproveitou a bola que sobrou na área e tocou no cantinho. Julio César, desesperado, saiu correndo em direção ao árbitro Ravshan Irmatov. Antes da finalização, ele teria assinalado pênalti. A televisão o mostrou levando o apito à boca quando Balotelli foi derrubado na área por Luiz Gustavo.

Foi a deixa para que Felipão, com DNA italiano até o último fio de cabelo, passasse a deixar sua área para reclamar a cada decisão duvidosa do árbitro uzbeque. Os cabelos também ficaram em pé quando Maggio cabeceou no travessão. E Balotelli, aplaudido antes do jogo, despertou até o sangue quente do público, que lhe fez homenagens não tão bonitas (confira no vídeo uma discussão do atacante com Luiz Gustavo).

Quem mereceu o carinho do público foi Fred. No fim do jogo, quando a Itália pressionava pelo empate, o artilheiro apareceu para confirmar a vitória brasileira, aproveitando rebote de Buffon num chute de Marcelo, diminuindo a tensão da partida.

Fair-play é bonito. Mas um Brasil x Itália precisa mesmo é de sangue quente.

Por Alexandre Lozetti - G1
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