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França no Brasil e na região
DATA DA PUBLICAÇÃO 16/05/2009 | Cultura
''Fora'' de namorado vira arte
Há 30 anos ela seguiu um desconhecido pelas ruas de Paris, acompanhou seus passos até Veneza e fotografou tudo o que o anônimo viajante fez durante a viagem. Batizou o trabalho de Suite Vénetienne (Suíte Veneziana, 1979) e tomou gosto pelo voyeurismo. Percebeu também que outras pessoas adoravam fuçar a vida alheia. Dois anos depois, pediu à mãe que contratasse um detetive para fazer o mesmo com ela, seguindo-a, tomando notas de suas ações e fotografando-a por 24 horas. Isso resultou no trabalho La Filature (A Perseguição, 1981), apresentado na 28ª Bienal Internacional de São Paulo.

Agora, a artista e escritora francesa Sophie Calle volta ao Brasil para mostrar a obra que há dois anos provocou polêmica na 52ª Bienal de Veneza, Prenez Soin de Vous (Cuide-se). O filme, um acerto de contas com o ex-namorado e também escritor Vouillier, que a dispensou por carta, será exibido no festival Videobrasil em julho, mesmo mês em que ela e o antigo amante, autor do livro L''Invité Mystère, participam da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). Antes do esperado reencontro, ela falou, por telefone, sobre esse cruzamento entre vida privada e pública.

Prenez Soin de Vous não é o registro de sua primeira desilusão amorosa. Em 1984, ela construiu uma instalação com 92 fotos que registravam um encontro frustrado em Nova Délhi. Pode parecer contraditório, mas é isso mesmo. Sophie marcou um encontro em um hotel e o homem não apareceu. Ela, então, registrou imagens do quarto onde os dois deveriam ter passado horas agradáveis e cruzou o próprio depoimento sobre a desilusão com o de outras pessoas. Douleur Exquise (Dor de Cotovelo, 1984) é o registro de uma ausência, intraduzível tanto em termos verbais como visuais.

Desde então, tornou-se o tema central e obsessão de Sophie. A ausência do ex-amante, em Prenez Soin de Vous, começa pelo próprio título, referência à última frase da mensagem eletrônica enviada por ele, ‘Cuide-se''. Foi o que fez. Deixou de se lamentar e enviou a carta do namorado para 107 mulheres, gravando em vídeo a reação de atrizes, cantoras, bailarinas, tarólogas, DJs, palhaças, advogadas e até sua excêntrica mãe ao ler a telegráfica dispensa amorosa.

Entre as celebridades que aparecem no vídeo estão as atrizes Jeanne Moreau, Maria de Medeiros e Victoria Abril, que dá um conselho de mulher madura para Sophie: "Esqueça isso e me deixe dormir", diz, enrolando-se nos lençóis e rindo.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

Em tempos de Big Brother, que aboliu as fronteiras entre vida privada e pública, você considera que a melhor maneira de se cuidar é atacar o outro?

Sophie Calle - Não estou interessada nos críticos de Veneza. O meu não é um diário, mas um trabalho de arte, em que tento construir não uma obra para ficar exposta na parede, mas para incentivar relações interpessoais.

Seu ex-namorado Grégoire vai dividir a mesa Entre Quatro Paredes com você na Flip, dia 4 de julho. Que reação você espera dele? Grégoire viu o vídeo Cuide-se?

Sophie Calle - O livro foi publicado na França e o vídeo, exibido em Veneza. Ele já viu a exposição que estará no Videobrasil com os textos, fotos e as performances das mulheres convidadas a interpretar a carta enviada por Grégoire. Foi difícil para ele. Não gostou do que viu, mas respeitou o projeto. Grégoire foi muito generoso ao dizer que não causaria nenhum problema. Não fez nenhuma objeção ao trabalho. Sugeri ao pessoal da Flip que o convidasse não por causa do vídeo, mas porque é um ótimo escritor (L''Invité Mystère trata também de um reencontro, numa festa, de um casal que não se vê há anos).

Qual o seu trabalho que considera o mais pessoal?

Sophie Calle - No Sex Last Night (Sem Sexo na Noite Passada), sem dúvida. Ele é dedicado a meu amigo Hervé Guibert (autor de Ao Amigo Que Não me Salvou a Vida, sobre o amante que lhe transmitiu o vírus da Aids) e foi feito com Greg Shephard em 1995, quando viajamos de Nova York a Califórnia em seu conversível e resolvemos casar numa daquelas capelas drive-thru que existem em Los Angeles. Gravamos tudo com nossas câmeras, da paisagem às tentativas para levar esse casamento adiante. É, sim, o mais pessoal de meus filmes. Chamaram-me de exibicionista, mas devo dizer que minha mãe era bem mais que eu.

Por Diário Online - AE
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