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DATA DA PUBLICAÇÃO 24/08/2008 | Turismo
Florença: no berço do renascimento
Ainda existe um lugar onde é possível se sentir respirando os ares da época do Renascimento. Florença, na Itália, conhecida por eles como Firenze, é como um museu a céu aberto. As obras de arte renascentistas estão por toda parte, seja dentro de galerias, de palácios e de igrejas, seja decorando praças.

As raízes artísticas da cidade são tão fortes que resultaram em filhos com a mesma veia. Uma das atrações do Centro de Florença é observar alguns artistas pintando, com giz, ‘telas' perfeitas no asfalto da rua. Outros interpretam verdadeiros espetáculos, prendendo a atenção de multidões. Todos vivem da arte de passar o chapéu.

Os que não nasceram com o dom, vendem nas ruas reproduções de telas famosas de eternos mestres, como Michelangelo (1475-1564) e Botticelli (1445-1510), por 10 euros (R$ 24). Se pechinchar, leva pela metade do preço. É a lembrança oficial da cidade, pois depois de conhecer Florença nomes como Michelangelo se tornarão íntimos.

O Centro Histórico é pequeno e deve ser percorrido a pé, com calma, para sentir cada paisagem. Boa parte das construções lembra castelos, e há muitas lojas de grifes famosas adaptadas em prédios antigos.

A sensação é de estar caminhando por ruas medievais, como se um cavaleiro com armadura fosse cruzar a próxima esquina.

A vida social é intensa. Mesmo em baixa temporada, a noite de segunda-feira é quase tão movimentada quanto a de sábado no Centro. Dia e noite, a Piazza della Signoria, nascida no século 13, onde está o Palácio Vecchio (prefeitura), é o principal ponto de encontro.

Os restaurantes que a rodeiam ficam cheios. É delicioso observar as belíssimas esculturas renascentistas fixadas no local. Na entrada do palácio, por exemplo, está uma cópia de Davi, de Michelangelo.

A poucas ruas de distância está o Mercado Novo, com artigos em couro. Ao lado dessa praça de compras situa-se o Porquinho, de Pietro Tacca, uma estátua de porco. É uma tradição passar a mão em seu focinho, que está até desgastado, e jogar uma moedinha para atrair prosperidade.

Por todo o Centro, inúmeras lojas, igrejas, restaurantes e docerias divertem por horas e horas.

Mais à frente está a belíssima Ponte Vecchio, sobre o Rio Arno, a mais antiga da cidade. Construída em 1345, foi a única que sobreviveu aos ataques da Segunda Guerra Mundial. A ponte é coberta por casinhas de ambos os lados, com uma rua no meio.

No passado, as construções foram utilizadas por ferreiros, açougueiros e curtidores, que jogavam o lixo no rio. Em 1593, o duque Fernando I, incomodado com a bagunça e o cheiro ruim, os expulsou. Entraram, então, joalheiros e ourives, que ocupam a ponte até hoje.

Com forte esquema de segurança, as lojas exibem peças caríssimas em suas vitrinas. Todas as tardes, as jóias são recolhidas aos cofres. À noite, policiamento. Observar e fotografar a Ponte Vecchio de todos os ângulos é incansável.

Museus são atração à parte
Por onde quer que o turista ande, está a imagem de Davi, de Michelangelo, em cartões-postais e suvenires. A obra-símbolo de Florença consagrou seu criador aos 29 anos.

A estátua, concluída em 1504, ficou exposta a intempéries na Piazza della Signoria até 1873. Atualmente, a praça tem uma cópia. O Davi original, com 4 metros de altura, é a principal atração da Galleria dell'Accademia.

Com seu Davi, o perfeccionista e anti-social Michelangelo provou para o mundo que dominava a anatomia humana, resultado das dissecações que fazia em cadáveres para estudar. As veias, a musculatura, a expressão: tudo é perfeito em Davi, símbolo da beleza, entendida na época como reflexo do mundo divino.

As estátuas dos Escravos, projeto inacabado de Michelangelo, também estão na Accademia. O museu ainda reúne tapeçarias e uma pinacoteca com obras dos séculos 14 ao 16.

Uffizi - Ao lado do Palácio Vecchio está a Galleria degli Uffizi, o museu de arte mais completo da Itália. As pinturas são apresentadas em ordem cronológica pelas 45 salas, o que facilita observar a evolução das várias escolas, principalmente a florentina, dos séculos 13 ao 17.

Na Uffizi estão obras de Leonardo da Vinci, como A Adoração dos Reis Magos, inacabada porque ele partiu para Milão para pintar A Última Ceia. Outra tela impressionante é a Tondo Doni, uma das primeiras obras pictóricas de Michelangelo, que retrata a Sagrada Família. Ele surpreendeu ao pintar jovens nus atrás dos santos.

Obras de Botticelli também têm destaque na Uffizi. A mais festejada é O Nascimento de Vênus, cuja réplica é vendida por ambulantes. A galeria ainda reserva trabalhos de Giotto, Rafael, Ticiano e muitos outros.

Filas - São gigantescas as filas para as duas galerias. A dica é visitar primeiramente a Uffizi (6,50 euros ou R$ 15,70) e chegar bem antes de 8h15 (abertura). Compre lá mesmo o ingresso para a Accademia (6,50 euros) com horário marcado. O turista paga taxa de 4 euros (R$ 4,70) pelo agendamento. Vale a pena, pois garante a entrada na Accademia e não terá de pegar fila.

A rivalidade dos palácios
Os palácios de Florença são menos citados em roteiros rápidos, que geralmente dão preferência às galerias de arte. No entanto, o turista que tiver tempo de visitar os palácios Vecchio e Pitti, ambos no Centro, descobrirá outra face da Florença do Renascimento: o poder econômico das famílias de banqueiros que dominavam a cidade, os Medici e os Pitti.

As histórias são envolventes, principalmente a do Palácio Pitti, que começou a ser construído em 1458 pela família que leva seu nome. Os banqueiros queriam mostrar sua superioridade em relação à família concorrente, os Medici.

Diz a lenda que os Pitti encomendaram um palácio "que tivesse as janelas grandes como os portais do palácio do rival e um pátio de dimensões tais que pudesse conter o Palácio Medici inteiro."

O palácio realmente tornou-se o mais imponente e belo da cidade, mas a ironia cruzou o destino dos Pitti, que foram à falência.

Na época, talvez só existisse um cliente poderoso o suficiente para pagar pela majestosa construção. Exatamente os temidos rivais: os Medici, que fizeram de lá sua residência oficial até 1743, ano no qual a dinastia extinguiu-se. Atualmente o palácio pertence ao Estado.

Ao visitar o Pitti fica óbvio o motivo da decadência da família que o criou. Seu interior é riquíssimo em detalhes. A maioria das salas é inteiramente decorada, do chão ao teto, cada centímetro. Paredes revestidas com tapeçarias trabalhadas, tetos cobertos com obras de arte e lustres gigantescos. Até os batentes das portas impressionam com trabalhos em vários tipos de mármore. O palácio ainda inclui galerias de arte e museus.

Existem vários tipos de ingressos para o Pitti, sendo que cada um dá direito a algumas áreas. A primeira opção deve ser o que inclui os apartamentos, a 12 euros (cerca de R$ 29).

Outra boa opção é o ingresso que permite visitar o Jardim de Boboli, um típico jardim à italiana, criado pelo arquiteto Tribolo, no qual os Medici ofereciam festas suntuosas. É proibido fotografar o interior do Pitti e cada cartão-postal custa 1 euro (R$ 2,40). O Pitti fecha às segundas-feiras.

Vecchio - Na Praça de Signoria, o Palácio Vecchio serve de sede para a prefeitura de Florença. Uma grande parte, no entanto, é reservada apenas ao turismo, com visita a 6 euros (cerca de R$ 15).

A construção, concluída em 1322 e que também serviu de residência para os Medici, antes de se mudarem para o Pitti, destaca-se pela imponente torre, cujo sino era utilizado para chamar os cidadãos às reuniões ou alertar sobre incêndios, enchentes e ataques inimigos. Na entrada, uma réplica de Davi, de Michelangelo.

Em seu interior, a beleza maior está nos tetos, totalmente decorados com uma espécie de mosaico envolvendo pinturas e molduras sofisticadas.

Um dos ambientes mais belos é o Salone dei Cinquecento (53 metros x 22 metros), com a estátua da Vitória, de Michelangelo, e afrescos de Vasari retratando o triunfo florentino sobre Pisa e Siena. O palácio abre diariamente.

Igrejas abrigam obras de arte
Na cidade das artes, igrejas também reúnem telas, esculturas e afrescos de grandes mestres. Algumas são verdadeiras obras-primas por conta da arquitetura sofisticada.

A Duomo de Santa Maria del Fiore (Nossa Senhora da Flor) é um exemplo da determinação florentina, que queria ser líder em tudo. A igreja está entre as quatro maiores da Europa e é o edifício mais alto de Florença até hoje. A belíssima fachada neogótica impressiona por ser totalmente trabalhada. Sobre a base branca, detalhes coloridos, esculturas e rosáceas. A entrada na igreja é gratuita.

A gigantesca cúpula, construída por Brunelleschi entre 1420 e 1434, foi um marco da arquitetura. Com 45 metros de diâmetro e 114 metros de altura, foi erguida sem andaimes. O sistema encaixava pedras e tijolos de forma que a construção sustentava-se sozinha. A obra inspirou Michelangelo a projetar a cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Michelangelo admirava tanto o trabalho florentino que pediu para ser enterrado na porta da Igreja Santa Croce (e foi). Assim, quando ‘acordasse' no Dia do Juízo, a primeira coisa que poderia ver seria a bela cúpula de Brunelleschi. O ingresso para subir ao topo custa 6 euros (R$ 14,50).

Entre as obras do museu da Duomo (6 euros) está uma das Pietàs de Michelangelo. A estátua seria o monumento funerário do artista, que, insatisfeito com a qualidade do mármore, tentou destruí-la. A obra ficou inacabada.

Em frente à Duomo está o Batistério (3 euros - R$ 7,20), que resume-se a uma sala. O teto é revestido com mosaicos coloridos do século 13. A porta mais famosa do Batistério (vista da rua) é a de Lorenzo Ghiberti. Ele levou 27 anos para concluir o trabalho, com dez passagens bíblicas em alto relevo. Pela beleza, Michelangelo a apelidou de Porta do Paraíso.

Outras igrejas - A Igreja Santa Croce (de Santa Cruz), também de fachada neogótica, emociona. Em seu interior, túmulos de ‘imortais' como Michelangelo, Nicolau Maquiavel e Galileu Galilei. Entre as obras, afrescos de Giotto, do século 14, além de capelas e um museu. A entrada custa 6 euros (R$ 14,50).

Pelo mesmo preço é possível visitar a Capela dos Medici. A suntuosa construção, com três ambientes, evidencia o poder econômico da antiga família de banqueiros.

Atrás do saguão de entrada estão túmulos de membros da família. Outro ambiente é a Cappella dei Principi (Capela dos Príncipes), totalmente decorada. O teto exibe afrescos e as paredes são revestidas com mosaicos belíssimos de mármores valiosos e pedras semipreciosas. A sacristia nova exibe esculturas de Michelangelo, sendo que algumas ficaram inacabadas.

Por Cristie Buchdid - Diário do Grande ABC
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