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DATA DA PUBLICAÇÃO 26/12/2008 | Cidade
''Fiz o que pude'', avalia Leonel Damo
Dívida municipal estimada em R$ 1,2 bilhão. Déficit nos caixas municipais para 2009. Caos na Saúde e altos índices de rejeição entre a população, com 52% entre ruim e péssimo. É assim que o prefeito de Mauá, Leonel Damo (PV), termina os três anos à frente da terceira cidade mais populosa do Grande ABC - com 405 mil habitantes - e também a mais problemática.

Apesar dos contratempos, Damo acredita que foi um bom chefe do Executivo e que "fez mais do que imaginou". " Eu sei que precisaria muita coisa. A população merece muito mais, entretanto, a cidade não tem recursos para fazer tudo aquilo que o prefeito gostaria de fazer."

As grandes vitórias, segundo ele, foram nas Pastas de Saúde e Educação. A frustração

fica por conta da infra-estrutura. O prefeito, que ensaia a retirada dos pertences de seu gabinete no segundo andar do Paço Municipal, gostaria de ter pavimentado todo o município. "Gostaria de repavimentar toda a cidade de Mauá. Porque 80% do asfaltamento do município foi feito quando eu fui prefeito há 25 anos. De lá para cá, nenhum prefeito recapeou."

Depois de 40 anos de vida pública, Leonel Damo afirma que se aposentará. Ou quase, já que todo o tempo será dedicado à campanha política da filha Vanessa Damo (PV), que disputará em 2010 a reeleição como deputada estadual. "Quero trabalhar para minha filha", afirma.

DIÁRIO - Como o senhor avalia os três anos de mandato?
LEONEL DAMO - Eu avalio que não fiz tudo o que gostaria de fazer, pelo fato de a Prefeitura não ter recursos. Mas acredito que fiz o que pude. Eu sei que precisaria muita coisa. A população merece muito mais, mas a cidade não tem recursos para fazer tudo aquilo que o prefeito gostaria de fazer.

DIÁRIO - Quais as obras e os projetos realizados neste período que o senhor avalia como importantes?
DAMO - Estamos construindo hoje perto de 800 casas populares. São casas de 70 m² para a população de baixa renda. Nós fizemos dois postos de Saúde que são dois mini-hospitais. Inauguramos um centro de emergência no Hospital Nardini que é referência no Grande ABC. Não existe nenhum além dele na região. Nós temos neste hospital o Banco de Leite que é destaque na região. Inauguramos um prédio de três andares, com especialização de saúde, que vai atender melhor a população. Então, na área de Saúde, embora a população tenha queixas, eu acho que fizemos mais do que imaginávamos que poderia ser feito.

DIÁRIO - Em sua opinião, quais áreas tiveram destaque durante sua gestão?
DAMO - A Educação em Mauá ganhou vários prêmios em 2007 e 2008. Temos 23 escolas municipais e se ganhamos prêmios de referência significa que a qualidade do serviço está muito boa. Então, nunca tive problemas nesta área e só recebi elogios.

DIÁRIO - Há alguma coisa que o senhor gostaria de ter feito e não pôde?
DAMO - Eu gostaria de repavimentar toda a cidade de Mauá. Porque 80% do asfaltamento do município foi feito quando eu fui prefeito há 25 anos. De lá para cá, nenhum prefeito recapeou. Eu só não fiz isso porque não tive recurso, mas reconheço que é uma necessidade.

DIÁRIO - Como o senhor encontrou a cidade quando assumiu a Prefeitura em 2005?
DAMO - Eu assumi em uma época até um pouco tumultuada, porque eu não era o prefeito. O prefeito era o presidente da Câmara, Diniz Lopes (sem partido). Por isso, não tinha maioria no Legislativo em 2006. Só fui conseguir em 2007. Na realidade, os dois anos do mandato foram mais livres quando tinha maioria. Tenho de agradecer a Deus por ter realizado mais do que eu imaginava.

DIÁRIO - Como o senhor vai deixar a cidade para Oswaldo Dias?
DAMO - A cidade vai ter dívidas, como ele já sabe. Eu peguei a cidade com dívidas e ele também vai pegar. O município está inadimplente. Hoje, por exemplo, Mauá pode fazer empréstimos, mas quando eu assumi, a cidade estava na lista do Cadim (Cadastro Informativo de Créditos Não-Quitados do Setor Público Federal) e nós tiramos a Prefeitura dessa lista de devedores. O que não conseguimos fazer ainda é limpar o nome com a Caixa Econômica Federal, mas tenho certeza de que o próximo prefeito vai continuar este trabalho, com o objetivo de que Mauá acabe com as dívidas com a Caixa e possa fazer empréstimos e obras para a população.

DIÁRIO - Uma das grandes reclamações do prefeito eleito, Oswaldo Dias, e também do PT, é que o senhor vai deixar, no mínimo, um déficit de R$ 150 milhões nos cofres da cidade. Qual é a sua avaliação?
DAMO - Isso não é verdade. O déficit vai ser de R$ 60 ou R$ 70 milhões, mas não R$ 150 milhões. É muito cômodo para quem entra criticar o prefeito anterior. Eu faço o contrário. Quando entrei na Prefeitura, e entrei por duas vezes, jamais fiz uma crítica ao meu antecessor. Acho que não é para isso que a população elege um prefeito. É para trabalhar e não para criticar quem estava no poder. Se já saiu é porque a população quis trocar. Então cabe ao prefeito continuar trabalhando e não jogar toda a culpa ao antecessor. Isso não produz nada para a população.

DIÁRIO - A deputada estadual e sua filha, Vanessa Damo (PV), declarou que o senhor teve alguns problemas para administrar o município. Ela ainda afirmou que alguns dos secretários, ligados ao ex-prefeiturável Chiquinho do Zaíra (PSB), estavam mais preocupados com a campanha política do que em trabalhar pela cidade e com isso desconstruíram Mauá. Isso prejudicou seu governo?
DAMO - Essa é uma avaliação da Vanessa. Muitas pessoas do meu grupo alegam que houve corpo mole do grupo que veio comigo para dar oportunidade para o Chiquinho ser candidato a prefeito. Eu não avalio assim. É lógico que quando vem um grupo novo na administração, há muitas dificuldades. É preciso fazer acertos com vereadores e com grupos de políticos, como o do Chiquinho do Zaíra. Mas eu não alego que não tive condição de trabalhar por não ter tido um bom entendimento com ele e seu grupo. Por exemplo: o Oswaldo vai ter agora secretários que não são do PT e terão dificuldades, porque essas pessoas não são do grupo dele. Você tem que fazer composição e isso, de certa maneira, atrapalha um pouco a administração.

DIÁRIO - A deputada afirmou também que o ex-prefeiturável Chiquinho do Zaíra pediu que o senhor e ela se afastassem da campanha política. Isso existiu?
DAMO - Eles fizeram uma pesquisa que dizia que a minha rejeição era alta. Se eu participasse da campanha, talvez atrapalharia. Como eu queria que ele (Chiquinho do Zaíra) vencesse, me afastei da campanha porque eles entendiam que isso era o melhor a ser feito e eu aceitei.

DIÁRIO - No último mês, o senhor encaminhou para a Câmara uma série de projetos de lei para serem aprovados. O PT acusa que isto foi feito a toque de caixa para prejudicar o governo no próximo ano. Um exemplo é o aumento de salário para algumas categorias, que só valerão a partir de 2009. Por que o senhor esperou a eleição para enviar estes projetos?
DAMO - Tudo aquilo que vier em benefício da população, eu faço. Eu fiz isso no passado, quando fui prefeito da outra vez e não seria agora que não faria. A minha obrigação é mandar para a Câmara e quem aprova é ela. E a Câmara também entendeu que os projetos eram bons para a população, pois foram aprovados.

DIÁRIO - Mas o fato de o senhor ter a maioria na Câmara não contribui para a aprovação desses projetos?
DAMO - Embora eu tenha maioria, o vereador é independente. Se ele entender que o projeto não é bom para a cidade, ele não vota.

DIÁRIO - O PSB fez aliança com o PT para eleger Rogério Moreira Santana (PT) como presidente da Câmara. Em troca ficará com a vice-presidência. Isso pode atrapalhar o trabalho da oposição?
DAMO - Isso é uma coisa dos vereadores, que eu respeito muito. Eles devem ter suas razões para fazerem este acerto com o PT. Mas eu não quero falar nada sobre este assunto. Eu tenho certeza que é para o bem de Mauá.

DIÁRIO - O PSB e o PV ficaram enfraquecidos depois da derrota nas urnas durante estas eleições municipais?
DAMO - Qualquer partido que entra numa campanha e perde as eleições fica enfraquecido. O PV está normal, conseguiu eleger dois vereadores e aquilo que imaginávamos que ocorreria ocorreu, que era eleger dois vereadores. O candidato pelo PV era eu. E eu sendo o candidato, eu paro quando achar que devo parar. Eu entendo que o PV queria que eu continuasse. Eu sei das minhas condições. Talvez se eu fosse candidato, talvez venceria, mas isso é suposição. Ninguém sabe. A realidade é que eu vou parar. Parei. Quero trabalhar para minha filha Vanessa. Para que ela seja reeleita deputada e prefeita mais para frente.

DIÁRIO - Como é terminar o mandato com uma gestão mal avaliada pela população?
DAMO - Acho que a população tem direito de fazer queixas. Mas na minha avaliação, estou com o dever cumprido.

Por Cristiane Bomfim - Diário do Grande ABC / Foto: Orlando Filho
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