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DATA DA PUBLICAÇÃO 18/02/2014 | Política
FHC aponta potencial de futuro do Grande ABC
Em palestra proferida ontem, em Santo André, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) apontou potencial de futuro do Grande ABC ao investir em polos de desenvolvimento tecnológico. O tema norteou o discurso do tucano, que retornou à região depois de oito anos, em evento organizado pelo Diário e Eletromídia ABC, com apoio da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

O ex-chefe da Nação mostrou otimismo com o crescimento regional. “O Grande ABC tem futuro desde que a gente entenda o futuro dele. E está faltando visão mais clara sobre o Brasil como um todo. Está chegando novamente o momento em que é preciso dar uma nova virada no País. Um sacolejão nacional.”

FHC projetou o futuro pela capacidade local de renovação e conhecimento tecnológico. “O resto vem como consequência”, analisou o sociólogo e professor universitário, de 83 anos. “A economia está bambeando hoje. Está na hora, e ainda dá tempo, de evitar que embarquemos em aventuras”, disse o tucano, ao destacar a implantação de universidades e indústrias na região. “Há vantagens, mas temos de criar mais polos de desenvolvimento com a presença do conhecimento.”

Resgatando a importância dos municípios na história, o ex-presidente argumentou como necessidade mudar o foco de visão ao repensar o modelo federativo para “fortalecer as cidades”. Segundo FHC, atualmente é preciso atualizar a contribuição da União concedida às prefeituras. “Antes o ensino público era tido como excelência, mas se dava para pouca gente. Agora precisaria de recursos de massa.”

O tucano exaltou o PIB (Produto Interno Bruto) das sete cidades, o quarto do País, da ordem de R$ 84,8 bilhões, conforme dados de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. “Fiquei impressionado com os números”, afirmou. Ao contabilizar os valores, FHC advertiu que faltam autoridades metropolitanas para comandar as ações interligadas dos municípios. “Não temos essa concepção. Precisamos de gente com voz. Hoje a temática urbana é a que mais aflige.”

Terra batida

O ex-presidente iniciou o discurso falando sobre suas pesquisas feitas no Grande ABC, que começaram na década de 1950, ainda na época de estudante, quando as cidades eram de terra batida. “O acesso era difícil. Mas já era uma região em que a industrialização estava se consolidando. Foi a primeira vez que andei palmilhando aqui.” FHC lembrou também quando conheceu o então sindicalista Lula, na década de 1970. “Fiz pesquisa e entrevistamos líderes do novo sindicalismo. Tomei choque porque o sindicato era estrutura poderosa.”

‘Governo passou a ser partidário’ em relação a repasses aos municípios

Quase 12 anos após deixar o Palácio do Planalto, Fernando Henrique indicou que a transferência de recursos não segue os ditames da democracia. Segundo o tucano, a “União passou a ser partidária”, abrindo mais os cofres públicos para “uns do que para outros”. “Não há critérios objetivos na escolha, colocando questões partidárias à frente (das republicanas).” O ex-chefe da Nação demonstrou inquietação com a visão hoje de Estado.

FHC assinalou que o País não pode perder a capacidade de agir, citando as manifestações populares de junho do ano passado. “Se alterou o caráter dos protestos. Antes era por melhores salários. Agora se pede Segurança, Educação, Saúde. É preciso lideranças que entendam o processo para criar novas oportunidades”, disse o ex-presidente, ao fazer alusão ao tema futebolístico. “Não adianta mostrar discussão entre Fla-Flu, dizendo: ‘Eu fiz tudo e você não fez nada, porque não é verdade’”.

Para o ex-presidente, se olhar para frente, falta discernimento parar entender qual é o rumo. “É necessário investir na construção do futuro.”

Tucano critica existência de 39 ministérios e 32 partidos

Fernando Henrique criticou a “paralisação da máquina administrativa”, ao sinalizar a dificuldade em manter trabalho diante da existência de 39 ministérios no governo federal e 32 partidos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). “É um absurdo (essa quantidade). São blocos de interesses políticos para pegar parte do Estado”, disse o tucano, frisando que o “corporativismo tomou conta” do Palácio do Planalto.

Quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou o governo, em 2010, havia 37 ministérios na Esplanada. Dilma Rousseff (PT) criou mais dois: a Secretaria de Aviação Civil e o Ministério da Micro e Pequena Empresa. Antes de Lula, a gestão FHC tinha 24 ministérios.

O tucano mencionou que a desorganização do sistema político leva o governo “a ceder aqui e ali”. De acordo com o ex-presidente, apenas reforma política pode amenizar o problema. “Falta visão objetiva: o governo também tem que cumprir metas.” O tucano sugeriu cláusula de barreira. “Quem não eleger deputados, não teria acesso à verba partidária.”

Para líder, falta consistência nos projetos do governo federal

Fernando Henrique avaliou que os projetos de infraestrutura da União possuem pouca consistência. “Sempre falamos do trem-bala e há três anos não vimos consistência no que foi apresentado. Cadê a transposição do Rio São Francisco? Cadê a Transnordestina? É preciso ter mais clareza nas ações”, explicou.

O tucano completou que a concessão do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão – Antônio Carlos Jobim custou mais do que a base do pré-sal no campo de Libra. A obra no terminal aéreo custou R$ 19 bilhões, sendo que a base petrolífera foi cedida por R$ 15 bilhões. “Tem alguma coisa errada nisso”, analisou.

A perspectiva econômica do ex-presidente é ruim, caso o Brasil não crie clima favorável para os investimentos. “É preciso passar confiança e o dinheiro vem. Economia é momento. A condição do Brasil é difícil.”

A eleição presidencial pode agravar a instabilidade brasileira. “O problema de recriar boa condição para investimento é difícil neste ano, pois tudo ganha caráter eleitoral. O ano de 2015 pode ser ainda mais complicado”, previu.

Brasil está isolado na política e na economia mundial, diz sociólogo

O ex-presidente declarou que as decisões políticas do governo estão isolando o País na política e na economia mundial. O exemplo citado foi a organização econômica dos países da América Latina.

“Estamos deixando que na América do Sul se forme duas cuias. Uma é o bolivarianismo, que pega da Argentina à Nicarágua. A outra é a Aliança do Pacífico – Chile, Peru, Colômbia e México. Ficamos isolados”, salientou. O tucano disse que o Brasil precisa firmar mais parcerias internacionais.

Politicamente, FHC apontou que a ONU (Organizações das Nações Unidas) impediu que o Brasil tivesse cadeira fixa no Conselho de Segurança da entidade e não deixou o País participar de reunião sobre a questão da Síria. “As consequências das decisões só vêm depois. A tentativa do ex-presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT) de tentar resolver a questão do projeto nuclear do Irã e levantar a mão do (ex-presidente iraniano) Mahmoud Ahmadinejad foi levantar bandeira vermelha. Como vai ter uma cadeira?”, questionou.

Por Fabio Martins e Cynthia Tavares - Diário Online
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