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Nunca fui santo, mas também não sou tudo isso que falam, diz Felipe, ao chegar ao Fla
DATA DA PUBLICAÇÃO 29/12/2010 | Esportes
Felipe Melo concorda com vermelho levado na Copa e diz que ''deve muito'' a Dunga
O volante da Juventus, que já tinha uma história de jogadas ríspidas e descontrole, foi expulso na derrota para a Holanda, pelas quartas de final, por pisar em Arjen Robben. Após o jogo, disse que não deveria ter recebido o cartão e que poderia ter "quebrado" o rival se quisesse.

Em entrevista à Folha, admitiu que a expulsão foi justa, mas reclamou da imagem de vilão que ganhou. Disse que amadureceu e que deseja voltar à seleção, apesar de saber que seu passado pesa.

Folha - O jogo contra a Holanda faz seis meses no domingo. Por que o Brasil perdeu?

Felipe Melo -
Perdemos o controle do jogo após sofrermos o gol de empate. O time todo se descontrolou.

Você saiu do jogo com o rótulo de vilão. Foi merecido?
Apenas pela imprensa. Sou muito bem tratado por torcedores por onde passo. São pedidos de fotos e autógrafos. A imprensa sempre procura um culpado. Para quem realmente entende de futebol, aquele jogo teve uma série de falhas individuais que não cabe a mim apontar. No final, o erro recai sobre os 11, mas sempre procuram alguém para culpar.

Você teme ter sua carreira inteira marcada por esse rótulo?
Claro que não. Isso é rótulo que a imprensa coloca. Já colocaram no Cerezo, no Roberto Carlos e até no Zico. Quem eliminou o Brasil na Copa foi a Holanda e não o Felipe Melo. É um absurdo dizer uma coisa dessas. No futebol, são 11 em campo, e não apenas um jogador. Poderíamos jogar mais 500 minutos aquele dia, comigo em campo ou não, que não viraríamos aquele placar.

Depois daquele jogo contra a Holanda, você disse que não merecia ter sido expulso. Ainda considera o cartão vermelho injusto?
O cartão foi justo. Injusto é querer me rotular pela eliminação. O Robben estava tentando cavar faltas desde o primeiro lance do jogo. Naquela hora, quando fiz a falta, já veio na minha cabeça a idéia de que se ele fosse tentar fazer cera e ganhar tempo, eu ia tomar a bola dele de qualquer forma. Se reparar, o Robben cai tentando abraçar a bola e, na ânsia de ganhar tempo, acabei sendo expulso.

Você ainda tem contato com Dunga e Jorginho?
Falei com o Dunga há pouco mais de um mês. Ele esteve na Itália e me ligou. Devo muito a ele. O Dunga pode ter os defeitos dele, como eu tenho e todo mundo tem, mas ele tem um coração gigante e é um excelente treinador. Dunga e Jorginho deram a cara por mim e não tenho uma vírgula para falar deles. O Dunga é um vencedor, ao contrário de muitos derrotados que o criticam.

Tudo que você viveu na África mudou sua forma de pensar e agir?
O ser humano está em constante evolução. Cresço com os filhos, com família e com os amigos. Temos que procurar tirar proveito das coisas boas e ruins. Depois da expulsão, me tornei um profissional bem mais tranquilo. Prova disso é que recebi apenas quatro cartões nesta temporada do Italiano, que é um campeonato pegado e no qual atuo como volante. Tenho recebido vários elogios da imprensa italiana, que é bem severa, e da torcida do Juventus.

Você vive grande fase no Juventus e já é visto com um novo ídolo do clube. Como é isso para você depois de uma temporada passada em que tudo deu errado (ganhou o prêmio de decepção do Italiano e viu a Juve ficar fora da Copa dos Campeões)?
É verdade, mas não deu errado apenas para mim, e sim para todo elenco do Juventus. Acredito que as cobranças e até ter sido eleito a decepção do Italiano foram maiores em cima de mim por conta do alto valor que envolveu minha transferência. A temporada foi horrível para o time, o que agravou minha situação. Esse prêmio aqui na Itália [Bidone d'Oro] é medido pelo custo benefício. Foi a primeira vez que alguém me fez a pergunta certa. É até uma boa oportunidade para explicar que esse prêmio é para a decepção, e não para o pior jogador do Italiano, como a imprensa brasileira aponta. Como o Adriano, por exemplo, que foi eleito este ano, pode ser pior que um reserva do time que vai cair? Isso é impossível.

Viver grande fase e ser tratado como ídolo é muito gratificante para alguém que até bem pouco tempo foi crucificado. Um diretor do Juventus, conversando informalmente comigo, revelou que pouquíssimos jogadores conseguiram dar a volta por cima tão rapidamente no clube de maior torcida da Itália. A proporção, para o torcedor brasileiro ter uma idéia, é maior que as torcidas de Flamengo e Corinthians juntas no Brasil. Para cada três italianos, um é torcedor da Juve.

E como você explica o fato de o Felipe Melo desta temporada ter um desempenho bem melhor do que o da temporada passada?
O fato de o time ter encaixado ajudou muito. Também ajudou o fato de eu ter aumentado meu número de desarmes e diminuído, e muito, meu número de faltas.

Pela boa fase que você vive, acha que já merece voltar a ser convocado?
Sinceramente, quem sou eu para julgar se mereço ou não? Para voltar, tenho que continuar jogando bem. Sei que muita gente é contra meu retorno porque me julga arrogante apenas porque falo o que penso. Isso incomoda muitos jornalistas e comentaristas.

O que mudou radicalmente em meu futebol foi o fato de eu estar mais tranquilo, pois continuo com o número de passes certos, alto, e isso é muito importante na Europa. A imprensa brasileira me detonou após a Copa, mas a Fifa me elegeu como o jogador mais versátil da Copa do Mundo. A Juventus, também logo após o Mundial, foi procurada por dois dos gigantes do futebol mundial.

Sei que é natural que o lance que me marcou foi o da expulsão, mas o torcedor, diferente dos treinadores, esquece que comecei a jogada do gol contra a Coreia do Norte, quando estava zero a zero. Que foi de uma ligação minha que nasceu a jogada do gol contra a Costa do Marfim. Do passe que dei para o Robinho contra a Holanda e do quanto fui guerreiro pelo Brasil. Fui o terceiro jogador mais veloz da Copa, mesmo não sendo atacante, entre centenas. Fui o jogador do Brasil que mais desarmou no chão e que mais ganhou bolas de cabeça. Fui o jogador que mais acertou passes médios e longos na Seleção, perdendo apenas para o Gilberto Silva nos passes curtos. Isso, ninguém comenta, mas os treinadores sabem o quanto esses números valem dentro de um jogo de futebol.

Joguei 22 jogos pela seleção e perdi apenas um, com dois empates. Nunca fui reserva. Fiz parte do time que quebrou tabus e fez umas das melhores campanhas da história das eliminatórias. É um retrospecto relevante.

Como você imagina que seria a recepção do seu retorno à seleção?
Tenho o objetivo de voltar. Penso que tenho capacidade para isso, e sei que esse rótulo pode me prejudicar. Mas, como disse, vou continuar trabalhando e tentando levar o Juventus aos títulos. Continuar jogando bem é a única coisa que pode me dar uma nova chance.

Por Rafael Reis - Folha Online, São Paulo
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